Caíque Oliveira fala sobre não usar o termo 'ex-homossexual' como isca

Caíque Oliveira fala sobre não usar o termo 'ex-homossexual' como isca

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:00

O ministério Jeová Nissi lançou recentemente o DVD do testemunho de Caíque Oliveira, líder do ministério.

Caíque tem trinta e dois anos, foi abusado quando criança e viveu uma vida de prostituição e homossexualidade.

O Jeová Nissi já lançou outros DVDs impactantes, mas em relação ao de seu testemunho, Caíque nunca escondeu o receio e o quanto relutou até produzi-lo.

Em entrevista ao GUIA-ME , Caíque Oliveira revelou o porquê desse receio e fez alguns alertas a líderes sobre a polêmica questão da homossexualidade.

"O meu receio é o seguinte: primeiro que por muitos anos as pessoas usaram seu ministério &ex-traficante, ex-prostituta, ex-gay& como uma isca para atrair as pessoas, por isso eu relutei, e outra pelo peso, porque a Bíblia diz: &aquele que está de pé, cuida para que não caia&, então, quanto mais coisa Deus dá para a gente fazer, mais medo eu tenho, no bom sentido", afirma.

"Estou lançando um DVD, vários homossexuais vão ver. E se eu não vigiar e cair algum dia? É o nome de Jesus que a gente acaba envergonhando. A Bíblia fala que Aquele que começou a boa obra em nossa vida é fiel para ir até o fim, quer dizer que eu estou no processo e estou renunciando à minha carne todos os dias", relata Caíque.

Atentos a possíveis manifestações, o ministério inseriu, no verso da capa do DVD, uma mensagem avisando que ele não é um ato discriminatório.

"As retaliações virão e em um momento como esse, em que se discute tanto sobre homossexualidade no país, igrejas homossexuais e discriminação, eu tentei tomar o máximo de cuidado, porque eu não sou contra homossexuais, tenho amigos que são homossexuais. A gente é contra o pecado e tive que tomar o máximo de cuidado para não ferir ninguém, mas eu falo que estou contando minha história e o que Deus fez na minha vida", afirma Caíque.

O líder do ministério relatou que tem muito carinho por alguns homossexuais cheios de qualidade que conhece. "Eu tento passar no DVD, que o lance é que você não tem que ir pra Jesus para deixar de ser gay, você tem que ir para Jesus, porque quer amá-lo acima de todas as coisas. Deus não está preocupado com a sexualidade, Ele está preocupado com a santidade. Se o cara entrar por esse caminho, pela vida de santidade, o resto Deus convence", lembra.

A peça mais conhecida do Jeová Nissi é "O Jardim do Inimigo", e o sucesso do enredo originou uma versão para as crianças, "O Jardim do Inimigo Infantil". Um dos temas abordados no DVD é a sexualidade. O GUIA-ME perguntou ao Caíque se ele considera o tema um tabu na Igreja. A resposta? "Tabú total".

"Se alguém falasse pra mim, quando eu tinha oito anos, &isso não é de Deus, isso não é bom para você&, eu acredito que muita coisa seria diferente na minha vida... Eu tinha doze anos e estava em dúvida, porque eu não tinha o amor do meu pai em casa. Como ninguém nunca chegou para mim e falou nada, então pensava &isso é bom porque os homens me dão carinho, o mundo me dá carinho e eu vou pra lá”, relata.

Segundo Caíque, a Igreja precisa entender que é necessário agir com mais clareza em determinadas situações porque o problema pode estar lá dentro também.

"Eu chego em igreja e vejo menino de quatro anos cheio de trejeito, aí os irmãos ficam falando pelas costas &ih, o filho de fulano é meio estranho& e isso não adianta. Eu chego, agacho com a criança e falo &zoam com você, falam que você é mariquinha, não é?& e eles começam a chorar, aí eu conto a minha história, de igual pra igual – mesmo ele tendo quatro ou cinco anos e eu trinta e dois, e percebo que isso era tudo que eles precisavam. Eu fui abusado com essa idade e ninguém falou que não podia, então quando eu chego e falo pra eles &não deixa nenhum homem te tocar&, eles ficam espertos", explica.

Ao citar o posicionamento de pastores e líderes, Caíque afirma que é necessário um despertar, assim como é necessário entender a diferença de acusar e dialogar.

"Já ouvi um monte de pastores dizendo assim: &Caíque, eu sei que tem jovem na minha igreja passando por isso, mas eu tenho vergonha de falar&. O jovem só está esperando alguém vir e falar &e aí, você está bem?& para desabafar... É pecado e luta do mesmo jeito, você não precisa entender da homossexualidade para falar sobre isso, você só precisa entender do amor de Deus, que é o que o &cara& precisa", completa.

Por Juliana Simioni

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