Carlos Alberto Bezerra se despede da Câmara com discurso emocionado

Carlos Alberto Bezerra se despede da Câmara com discurso emocionado

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:53

Na sessão plenária desta quarta-feira feira, 2, Carlos Albero Bezerra fez seu discurso de despedida da Câmara Municipal de São Paulo. Após 10 anos como vereador da capital paulista, o parlamentar foi eleito deputado estadual e no próximo dia 15 será empossado na Assembleia Legislativa - SP. O tucano foi apontado como o melhor vereador da cidade no ano passado, foi o político que mais liderou a bancada do PSDB na última década, apresentou cerca de 150 projetos e é autor de mais de 50 leis. "Tenho o sentimento de ter combatido o bom combate e guardado os valores inegociáveis que norteiam minha fé", disse.

Abaixo, leia a íntegra do discurso feito por Carlos Alberto Bezerra.

Sonho e Utopia

CARLOS BEZERRA JR.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, jornalistas, assessores e cidadãos paulistanos, boa tarde. A boa política é movida por sonhos e utopia. Foi com essa frase que abri meu primeiro discurso nesta Casa, quando ainda era o mais jovem parlamentar eleito, em fevereiro de 2001. Hoje, me despeço desta Câmara Municipal. Sou deputado estadual eleito e, no próximo dia 15, serei empossado para um novo mandato na Assembleia Legislativa. Encontrei esta frase ao revisitar esses dez anos de história escritas aqui, entre discursos antigos, fotos, recortes de jornal. Será que aquele jovem deixou de acreditar no que acreditava, será que foi vencido pela rotina de negociações, pelas estratégias ou pelas votações? – eram algumas das perguntas que me fazia. “Agora que vocês viram no que deu, lembrem-se de como tudo começou”, escreveu Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão. E, ao chegar ao encerramento de meu terceiro mandato no maior legislativo municipal da América Latina, gastei algum tempo me lembrando do caminho que trilhei na vida pública. E a resposta é não, não deixei de acreditar. Na verdade, hoje, penso que só a utopia e os sonhos é que me fizeram persistir. E são eles me fazem acreditar que a política é ainda a única forma de transformar a nossa sociedade, de melhorar a vida da população de uma cidade tão complexa e desafiadora como São Paulo. Mas há outras ideias colecionadas ao longo desse caminho. A rua é o lugar do vereador. Desde a minha primeira campanha eleitoral até hoje, estive assim: na rua. Visitei hospitais, subprefeituras, favelas, comunidades, presídios, igrejas. Vi de tudo. Aprendi com a realidade que não existe milagre em administração pública. Existe trabalho, ética, trabalho, planejamento, trabalho, persistência, justiça e mais trabalho. Acredito que um projeto de país e, claro, de cidade, se constrói, primeiro, com retidão de princípios, porque o que se faz dentro de uma sala refrigerada, pode demorar o tempo que for, mas um dia vai ganhar as ruas. Cheguei a esta Casa numa época em que a cidade ansiava por mudanças. Numa legislatura pelo escândalo da Máfia dos Fiscais, com as ruas do centro, tomadas de camelôs ilegais. Na época, o Largo da Concórdia, mal se podia ver. Naquele tempo, São Paulo era uma espécie de reedição da Chicago dos anos 20. E essa Câmara respondeu à altura, inovando ao se tornar o primeiro legislativo do país a acabar com o voto secreto para todo e qualquer tipo de votação. Não foi fácil: foi preciso não apenas uma CPI para identificar e punir os culpados, mas toda uma mudança de mentalidade da população, que ainda hoje está em transformação, para se compreender que o espaço público não pode ser privatizado, que não é justo terceirizar para alguns, a troco de nada, o espaço que é de todos. E Do mesmo, posso dizer da propaganda ilegal, dos painéis que escondiam a nossa arquitetura, a nossa história. Hoje, me orgulho de poder andar pelas ruas do centro, de viver numa cidade limpa, após participar da votação da lei que nos fez exemplo no mundo – méritos, aqui, a essa Casa e ao prefeito Kassab. Mas as boas lembranças, graças a Deus, são muitas! Médico ginecologista e obstetra com mais de 10 anos em hospitais públicos da periferia, atendendo voluntariamente mulheres em condições de vulnerabilidade social extrema, tomei posse como vereador em 2001 com a missão de fazer de São Paulo um lugar mais digno para se nascer, uma cidade que valorizasse a vida e desse prova disso com as políticas públicas que oferecesse aos seus moradores. As grávidas de São Paulo viviam uma realidade indigna: o acompanhamento da gestação era precário e o momento do parto, então, pior impossível. Prestes a dar à luz, perambulavam de hospital em hospital buscando por vaga, por um leito em que pudessem ser acolhidas para ter seu bebê. Eu vi esse problema de perto e vivi essa triste realidade em que mulheres não faziam o pré-natal pelo simples fato de não ter o dinheiro para pagar a passagem de ônibus e ir à unidade de saúde. Diante dessa realidade, ainda inexperiente e sem conhecer o funcionamento desta Casa, mas com o sonho e a utopia de que aquela realidade injusta poderia mudar, apresentei meu primeiro projeto de lei, registrado nesta Câmara sob o número 80/2001. A proposta instituía passagens gratuitas para que as grávidas não deixassem de ir às consultas de pré-natal por falta de recursos. Previa medicamentos durante a gestação, garantia o leito hospitalar para a hora do parto e previa uma série de outros direitos. Era uma idéia simples, como as muitas sugestões de projetos que ainda me chegariam, por vezes enviadas por cidadãos que, como eu, enfrentavam aquele problema diariamente e conheciam as dificuldades da cidade de um ponto de vista que o Poder Público não podia enxergar. Na minha ingenuidade, imaginei que seria apenas o projeto ter o apoio dos vereadores, enfim, ser aprovado, para que a prefeitura o transformasse em lei, atendendo à posição do Legislativo. Engano. Como escreveu Ernesto Sabato, em seu “A Resistência”: “Os homens encontram nas próprias crises a força para sua superação”. E eu encontrei na obstinação da então prefeita Marta Suplicy em engavetar meu primeiro projeto, as primeiras palavras que somaria ao meu então ingênuo e idealista dicionário político de freqüentador dos Fóruns Sociais Mundiais e de ouvinte apaixonado dos discursos de Mário Covas. Persistência, negociação, resiliência e enfrentamento. Sancionada, a lei não era cumprida. Mas eu não desisti. Bati na porta do Executivo inúmeras vezes. Busquei um caminho para pôr a proposta em prática. Conversei com meus pares... Sem sucesso. Membro de uma combativa bancada tucana de oposição, que marcou época por sua atuação decisiva – como devem se lembrar os vereadores Dalton Silvano, Gilberto Natalini, Gilson Barreto e Roberto Tripoli que estavam comigo naquele tempo – entrei com representação no Ministério Público Estadual, e, aí sim, a lei entrou em vigor. Pouco mais tarde, já mais calejado, não pensei duas vezes antes de decidir mobilizar quinhentos surdos, dar-lhes apitos e paralisar a Câmara num protesto barulhento contra um novo veto de Marta a uma lei de minha autoria que oficializava a Língua Brasileira de Sinais em São Paulo. Mais uma vez – e, diga-se, em uma atitude sensível desta Casa –, o veto foi derrubado e a cidade avançou na garantia de direitos dos mais frágeis, das minorias, neste caso, representadas pelos portadores de necessidades especiais. Quando integrei a Comissão Parlamentar de Inquérito do Plano de Atendimento à Saúde, o PAS, aprendi que nenhum acordo feito nesta Casa pode quebrar os princípios de ética e justiça que sempre nortearam minha vida. Em uma investigação difícil e técnica, houve uma desagradável surpresa de última hora no desfecho dos trabalhos e os principais responsáveis pelos desmandos no sistema não foram responsabilizados. E aqui há mais uma lição que é preciso se aprender na política. E que aprendi nesta Casa: quando não se pode vencer o mal é preciso ao menos ser limite para ele; impedir que ele avance. Junto com o então vereador Carlos Neder, do PT, votei em separado; nós não compactuamos com um relatório final aguado e duvidoso. Ao olhar para meu tempo aqui, recordar os debates, os momentos de votações, os projetos aprovados, enfim, o dia-a-dia deste parlamento, me lembro de quão complexa é esta Câmara para os vereadores calouros. Me lembro da sensação de subir a esta tribuna pela primeira vez, do formigamento nas mãos e da dificuldade em tentar transmitir uma mensagem quando, muitas vezes, não havia ninguém prestando atenção. Me lembro daquele desconhecimento do regimento desta casa, difícil para quem acabou de chegar. Veio a segunda campanha e a segunda vitória. Costumo parafrasear Mario Covas ao dizer que a experiência de passar pelas urnas é algo que todo cidadão deveria viver. Fiquei com essa impressão na primeira vez que fui eleito e, na segunda, a sensação ficou mais ainda clara. Segundo mandato, nova mudança: pela primeira vez, eu era “governo”, como se diz no jargão político. De oposição aguerrida para situação, de um ano para outro, precisei reencontrar meu espaço. Outros desafios surgiram. Na base do então prefeito José Serra, as possibilidades de uma ação parlamentar de amplo impacto eram muitas. E as cobranças da população aumentaram na mesma proporção. Quanto maior a votação, quanto mais repercussão têm suas iniciativas nesta Casa, maior a exigência dos paulistanos. Mas é desse contato que surgem os melhores e mais construtivos debates. É ouvindo a população e conhecendo suas demandas que se torna possível propor respostas aos gargalos típicos de uma cidade com as dimensões da nossa. Dediquei-me às questões da infância e adolescência, temática em que milito desde antes de ingressar na vida pública. No plenário, aprovei o projeto que criou um programa para treinar servidores públicos municipais a perceberem sinais físicos e psicológicos de violência em crianças. Sancionado e transformado em lei, ele trouxe uma novidade às políticas públicas infanto-juvenis na capital paulista: agora, o foco do enfrentamento ao abuso sexual de meninos e meninas era na prevenção. E, novamente, a sensibilização do olhar do agente público aos mais frágeis estava posta no topo da agenda. Em seguida, trabalhei a questão do alcoolismo entre adolescentes. Com um projeto, São Paulo elevou em cerca de 1000% a multa para os bares, padarias, lojas de conveniência, casas noturnas ou de show que vendessem bebida com qualquer teor alcoólico para menores de 18 anos. A iniciativa atacou um problema fundamental – quanto mais cedo se começa a consumir álcool, maiores as chances do desenvolvimento do alcoolismo e mais difícil a superação do vício. Por falar em vício, o combate ao vício no jogo também foi bandeira que levantei. Antes mesmo da proibição total das casas de bingo que alcançou primeiro São Paulo e depois todo o país, aprovamos neste plenário uma proposta criada por mim que restringia a atividade, alertava para os perigos do jogo compulsivo e abria as portas para o banimento da atividade. Foi também nesse período que tive pela primeira vez a desafiante experiência de liderar a bancada de vereadores do PSDB, em 2007. Quem já foi líder sabe das agruras e das alegrias de estar à frente dos parlamentares de seu partido. Em meu caso, felizmente, a vivência foi muito mais gratificante do que cansativa. Em poucas oportunidades aprendi tanto sobre respeito mútuo e sobre lidar com aspirações das mais variadas. À frente dos tucanos, entendi que, como definiu o teólogo e líder político Desmond Tutu, “quando se recusa a partilhar alguma coisa, corre-se o risco de perder tudo”. E, nesse caso, quando se perde tudo, é a cidade que o escolheu para representá-la quem deixa de ganhar, é a cidade que tem suas maiores urgências esquecidas. E aí, é preciso pôr interesses individuais de lado e trabalhar com afinco pelo bem público. Faço aqui um agradecimento a atual bancada tucana, comprometida com os principais temas da cidade e com um trabalho voltado ao bem público. Ser vereador de São Paulo é das experiências mais incríveis que a vida pública brasileira pode oferecer. Não há metrópole de proporções semelhantes no país, nem como o mesmo dinamismo, com o mesmo potencial criativo ou com força de trabalho equivalentes. Da erudição da Sala São Paulo aos chorinhos da Benedito Calixto, dos grafites de "OsGêmeos" ao MASP, dos arranha-céus da Avenida Paulista aos casarões do centro velho, São Paulo é uma cidade inspiradora. Eu tenho muito orgulho de ter nascido aqui, de viver aqui, de ser paulistano. Mas desejo mais ainda que, como definiu o ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln, o lugar em que nasci sinta orgulho de mim e dos meus mandatos. Esse pensamento traz ao meu coração um sentimento de gratidão a esta cidade, pelas oportunidades que me deu, pelas chances, pelas possibilidades de desenvolvimento e de lidar com a diversidade de culturas, crenças e ideologias típica de uma cidade global. Sou grato também aos paulistanos que há quatro eleições consecutivas avaliam e legitimam o trabalho que, com a colaboração deles, desenvolvo aqui. Daqui saio convocado por mais de 100 mil eleitores para uma nova tarefa na Assembléia Legislativa de São Paulo. Junto deles, agradeço também aos meus colegas, vereadores deste parlamento. Obrigado aos amigos que fiz aqui. Aos que já deixaram a Câmara e aos que eu deixarei nesta Casa. Agradeço pela tolerância, por lutarem ao meu lado, por estarem comigo nos momentos difíceis e nas vitórias. Vocês me tornaram uma pessoa melhor. Sou grato aos meus adversários políticos, com quem por vezes disputei o mesmo espaço, o mesmo tema, a aprovação ou não de um projeto. Agradeço porque foram adversários honrados, que reservaram ao embate apenas o espaço deste prédio, e nele fizeram valer as dissonâncias imprescindíveis à democracia. Agradeço aos jornalistas; repórteres setoristas que respondem pela cobertura de nossa atividade. Em meus dez anos aqui, vi vocês trabalharem com seriedade, em busca da verdade dos fatos, conduzindo uma cobertura aguerrida em um contexto de difícil apuração como é o do legislativo paulistano. Continuem fazendo o seu trabalho com liberdade, dando visibilidade aos erros e acertos desta Câmara e de seus integrantes. Vocês fortalecem a transparência e traduzem boa parte dos temas por vezes burocráticos que tratamos aqui ao cidadão, dando a ele a chance de formar sua própria opinião sobre os assuntos principais do lugar onde vive. Também sou grato aos funcionários desta Casa, à equipe de apoio ao plenário, aos assessores da liderança do PSDB e à minha equipe de mandato, gente que esteve muito próxima de mim e que com seu bom trabalho subsidiou minha ação política. Obrigado pela competência, pela compreensão e pela disposição em trabalhar e produzir. Foi uma honra dividir com vocês minhas vitórias e contar com o apoio nas crises. É igual a gratidão que sinto pelos meus dois últimos anos nessa casa. Quando me preparava, em 2008, para a minha terceira campanha, para a terceira eleição ao cargo de vereador não podia imaginar quais boas surpresas meu terceiro mandato me reservaria. A começar pela votação que tive, que me colocou pela primeira vez entre os dez parlamentares com mais eleitores na cidade, viveria ainda experiências que não havia sequer cogitado. Em 2009, fui escolhido como relator da CPI “da Pedofilia” e do Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-juvenil. Tema dos mais difíceis com que já trabalhei em toda minha vida. Foram nove meses de um volume de trabalho que quase impedia a dedicação a outros assuntos parlamentares. Junto com outros seis vereadores desenvolvemos um trabalho inédito e pioneiro. Quando se multiplicavam CPIs sobre o assunto Brasil afora, preocupadas em fazer do abuso sexual o trampolim de seus integrantes, nós inovamos ao conduzir uma investigação profunda sobre a rede pública paulistana de assistência à criança e ao adolescente e ao propormos soluções para desatar os nós do atendimento e da proteção da criança e do adolescente. Ao final dos inquéritos, produzi um relatório propositivo, aprovado por unanimidade, elogiado pela imprensa, apontado por especialistas como referência no país e reconhecido na exterior. Novamente fui chamado a liderar a bancada peessedebista. Agora, sob a gestão do atual prefeito Gilberto Kassab, novos problemas se impuseram. Dificuldades históricas como a urgência da atualização do plano diretor estratégico –documento original que ajudei a aprovar aqui e do qual me orgulho também—, o imperativo de se fazer investimentos estruturais em transportes, a urgência de um conjunto de medidas que faça frente, à um tempo, à ocupação irregular, à impermeabilização do solo, ao assoreamento dos córregos, entre tantas demandas. Problemas que exigem dedicação, competência e coragem para ser resolvidos. Mas que também exigem uma boa dose de sonho e de utopia. E, mais uma vez, me lancei com meus colegas aos debates, às audiências públicas, aos projetos. Foi nesse período que eu e a imensa maioria desta Câmara assistiu a um dos episódios mais injustos e descabidos de sua história recente. Um processo repleto de incongruências terminou por tentar cassar em primeira instância o meu mandato e o de outros tantos vereadores paulistanos. Sofri com a difamação infundada. Vi vereadores honestos irem às lágrimas pelo absurdo que estávamos vivendo. Graças a Deus, tivemos serenidade. No mesmo dia em que surgiu aquela notícia, emiti uma nota à imprensa e a todos os eleitores. Em nome da transparência, expus as falhas do processo e reafirmei minha disposição em seguir com o trabalho que sempre desenvolvi e minha confiança de que a verdade dos fatos, muitas vezes escondida por interesses duvidosos, viria à tona. Não foi um período simples. Só eu sei quanto tive de lidar intimamente, e muitas vezes em silêncio, com aquela injustiça. Porém, é como diz o educador Rubem Alves: “Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”. E eu saí mais forte daquela crise. Saí mais preparado, mais próximo de meu eleitorado e mais humano. Menos de um ano depois, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo pôs fim à injustiça e derrubou, por unanimidade e em definitivo, o processo que tentavam mover contra mim e contra os outros vereadores. Foi uma resposta à altura para um dos maiores absurdos que vi ocorrer nesta Câmara. A recompensa pelo empenho viria meses depois. Em agosto de 2010, a organização Voto Consciente, que fiscaliza os trabalhos dos parlamentares, apontou meu mandato como o mais bem avaliado entre o dos candidatos paulistanos de 2010. Foi um momento especial e marcou o final de um ciclo de amadurecimento da minha vida pública. Agora, chega ao fim a minha caminhada neste parlamento. Aqui dediquei uma década – a primeira década – de minha vida pública. Lembro com carinho de cada um de meus mandatos, de cada um dos anos aqui. Foram 150 projetos, cerca de 40 leis, muitos amigos. É verdade, a boa política é mesmo cheia de sonho e de utopia. Hoje, aquela primeira lei que apresentei nesta Casa, em 2001, cheio de sonho e de utopia, se transformou na principal política para saúde da mulher em São Paulo: o Programa Mãe Paulistana. Graças a ele, os índices de mortalidade infantil e materna caíram como nunca haviam caído na última década. O programa é responsável por meio milhão de nascimentos, em quatro anos de atividade. A freqüência nos exames de pré-natal, hoje cresceu significativamente. 94% das usuárias aprovam o Mãe Paulistana, segundo pesquisa do Ibope. E aqui, fica meu reconhecimento ao prefeito José Serra, que concretizou esse sonho. Por causa disso, São Paulo é hoje um lugar melhor para se nascer e melhor também para se viver. É um lugar que valoriza a vida, que percebe o momento do nascimento como o primeiro direito a ser garantido aos seus mais novos cidadãos. Da mesma forma, sonhar que profissionais pudessem enxergar nas crianças indicadores, inclusive psicológicos, de abuso sexual, era uma utopia. Mas, hoje, a partir de debates que tive neste plenário, se tornou realidade – fruto daquele projeto de lei que apresentei aqui, ainda em meu segundo mandato. Como resultado, temos 700 educadores treinados e 150 mil crianças protegidas contra a violência. Essas são vitórias que levarei comigo. São conquistas que alcancei junto dos paulistanos que tive oportunidade de representar nesta cidade pelos últimos 10 anos. São conquistas que faço questão de dividir com meus pais, Carlos Alberto e Suely, que me ensinaram o valor do serviço ao próximo; com minha esposa, Patrícia, companheira de sonhos e utopias, que esteve ao meu lado em todo esse tempo e me assistiu; e com minhas filhas, Giovanna e Giulianna, que são minha alegria e um estímulo fundamental para seguir com esta vocação. Por todas essas conquistas, agradeço principalmente a Deus, que foi bom e fiel para comigo, e que guiou cada uma de minhas escolhas. Tenho o sentimento de ter combatido o bom combate e guardado os valores inegociáveis que norteiam minha fé. Gostaria de encerrar esta fala citando um versículo bíblico do livro de Provérbios, que inspira meu mandato desde o início e que continuará servindo de bússola à caminhada que vou trilhar a partir daqui. Mas gostaria que hoje ele deixasse de ser a motivação apenas do meu trabalho, mas que fosse também lembrado nesta Casa, por cada um de seus 55 vereadores, na hora de legislar, de decidir, de conduzir seus passos neste legislativo ao qual sou grato: “Fale a favor daqueles que não podem se defender. Proteja os direitos de todos os desamparados. Abra a tua boca; julga retamente, e faze justiça aos pobres e aos necessitados”. Muito obrigado a todos. Câmara Municipal de São Paulo; março de 2011.

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