A casa que somos

Um ao outro, temos o poder de ajudar o Eu Regente a assumir sua função em nossa casa existencial, para promover equilíbrio no lar, através de um processo infindável de autoconhecimento e reacomodação emocional

Fonte: Guiame, Alexandre RoblesAtualizado: quarta-feira, 20 de maio de 2015 às 14:45
Casa
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Rabiscos de autopercepção

Nós nunca deixamos de ser o que já fomos. Cada experiência de nossa existência fica registrada em nós em forma de persona psicologicamente desenvolvida. O inconsciente é a morada dessas personas, é uma casa com janelas abertas, que são as projeções que lançamos para fora com as quais enxergamos o mundo que nos cerca. As portas deixam entrar as impressões que temos do olhar dos outros sobre nós, conforme as recebemos e permitimos tornarem-se hóspedes, passam a habitar conosco como se fossem nós mesmos.

E nessa casa, cheia de elementos subjetivos, cada fase de nossa vida se tornou uma persona através da marca do trauma ou da euforia. São as experiências extremas de dor e alegria que criam as personas que nos habitam. E nenhuma delas vai embora da casa, ficam todas.

Mas a casa é dirigida pelo que somos no momento, para quem as personas olham esperando serem guiadas, o “Eu Regente”. Ele é a expressão vigente, a persona comandante, a parte consciente de quem somos, o primeiro que aparece e reage ao mundo externo, quem geralmente pensamos ser exclusivamente, mas é apenas o Regente e nem sempre exerce sua função adequadamente.

Sua tarefa principal é alojar todas as personas, cada qual em seu cômodo adequado, mas quando não a cumpre, permite com que as personas pensem poder assumir sua função, através da sabotagem emocional.

Assim, personas da infância se impõe na tentativa de comandar a casa e aparecer na janela para se mostrarem ao mundo. Abrem a porta descuidadamente e deixam entrar perigos ameaçadores ao bom funcionalmente do lar.

O lar funciona adequadamente quando o Eu Regente consegue domesticar cada persona da casa, quando dirige cada uma ao seu cômodo, acalmando-as e tratando-as a partir de suas marcas de surgimento. É quando o consciente visita o inconsciente, através de processos terapêuticos, espirituais e existenciais, e compreende que por trás de cada pensamento, ação e reação em nós há realidades que nos habitam e que precisam ser conhecidas e tratadas.

Cada pessoa que já fomos um dia é parte do que somos agora. E isso se expressa em um relacionamento, como um intercâmbio de lares. Dois seres humanos trocando quem são. Seus traumas, impressões, projeções; “Eus Regentes” nem sempre comandantes de fato, personas muitas vezes indisciplinadas.

Quando comprometidos um com o outro, temos o poder de ajuda mútua de reconhecimento do Eu Regente e adequação das personas agitadas. Podemos nos olhar e dizer: “ei, eu sei quem você é (o Eu Regente), volte, o que você está sentindo ou fazendo não é você, é uma parte sua que já não precisa comandar sua vida”.

Um ao outro, temos o poder de ajudar o Eu Regente a assumir sua função em nossa casa existencial, para promover equilíbrio no lar, através de um processo infindável de autoconhecimento e reacomodação emocional.

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