O Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho (EPJFC), em Campo Grande (MS), foi palco de uma cerimônia de casamento coletivo de detentos na manhã desta quinta-feira (25). A iniciativa foi solicitada pela Igreja Batista e organizada pela equipe psicossocial do presídio, objetivando o fortalecimento dos laços familiares.
Ao som da marcha nupcial, quatro reeducandos e suas companheiras pisaram no tapete vermelho rumo ao altar, improvisado no auditório da unidade penal, para a oficialização de seus relacionamentos iniciados fora dos muros do presídio.
Apesar do cenário nada convencional, os casamentos foram celebrados tanto no civil quanto no religioso. A cerimônia religiosa foi celebrada pelo pastor Marcos Ricci, da Igreja Batista. Para o casamento civil, todos procedimentos legais foram encaminhados anteriormente, e a união foi oficializada com a assinatura dos noivos.
Ao serem questionados sobre o significado do casamento, a resposta foi praticamente unânime entre os quatros casais: é o começo de uma nova vida. Para E.M.F, 35 anos, o casamento é uma grande satisfação, porque fortalece a união. Segundo ela, apesar dos oito anos de relacionamento e uma filha dessa relação, agora se sente mais segura. Penso que agora nossa vida juntos vai ser melhor, comentou.
Com uma união de quatro anos com o reeducando P.O.A , do qual nasceu uma menina hoje com três anos, E.P.P, 28 anos, acredita que a oficialização da família trará mais dignidade à relação: É diferente quando você é casada, até para os filhos melhora, quando podem falar que o pai e a mãe são casados. Já seu esposo afirmou que com o casamento as responsabilidades são maiores e que é necessário um nova postura. Agora muda tudo, quero sair daqui e assumir minha família, não posso mais errar, garantiu.
Nova Criatura Durante a cerimônia de casamento coletivo, que foi acompanhada por internos das celas evangélicas, o pastor Marcos Ricci falou do trabalho da religião na unidade penal e do projeto Casa de Apoio Nova Criatura, que dá abrigo a egressos do sistema prisional e encaminha para o mecardo de trabalho. Como o próprio nome já diz, para participar da iniciativa é preciso se transformar, pois não é permitido o uso de drogas e é necessário que os egressos abandonem totalmente o mundo do crime.
Na opinião do diretor do EPJFC, João Bosco Correa, a religião tem exercido uma importante ajuda na recuperação dos internos. Segundo ele, reeducandos que passam a participar de denominações religiosas, apresentam bom comportamento. Tenho casos até de internos que eram problemáticos, envolvidos em tentativas de fuga, e que depois que conheceram a religião se transformam e têm um ótimo comportamento, garantiu. Nas celas evangélicas, por exemplo, dificilmente registramos casos de indisciplina, garantiu.
Para o diretor de Assistência Penitenciária da Agepen, Leonardo Arévalo Dias, que participou da cerimônia de casamento realizada no presídio, para o processo de ressocialização de detentos, o sistema prisional precisa ter enfoque em um tripé de ações: trabalho, educação e religião. E o fortalecimento dos laços afetivos e a valorização familiar contribuem para que esse processo de reinserção social seja completo, enfatizou.
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