Centro de Memória Metodista é inaugurado

Centro de Memória Metodista é inaugurado

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:13

O Edifício Alfa da Universidade Metodista de São Paulo, no campus Rudge Ramos, primeira edificação a abrigar um curso de ensino superior no município de São Bernardo do Campo, viveu mais um momento histórico no dia 2 de setembro de 2010. O prédio, já tombado pelo Patrimônio Histórico, agora é também a localização do Centro de Memória Metodista, com um rico acervo destinado à preservação e divulgação da memória documental metodista e protestante no Brasil. Ao Centro de Memória cabe, agora, a gestão do Arquivo Geral da Igreja Metodista, Arquivo Histórico da Faculdade de Teologia e do IMS (Instituto Metodista de Ensino Superior), Museu Guaracy Silveira e Projeto Digital (Biblioteca e Documentação Digital do Protestantismo Brasileiro). É, portanto, um espaço de preservação e de estudo que estará disponível a visitantes e pesquisadores.

No ato de inauguração do Centro de Memória Metodista, a Universidade recebeu convidados de todo o país. Além de várias lideranças da Igreja Metodista, estavam presentes o bispo da Igreja Metodista Livre, Rev. Ildo Mello; a representante da Secretaria de Cultura do Município de São Bernardo do Campo, Grace Luciana Pereira; o Secretário de Comunicação da Sociedade Bíblica do Brasil, Rev. Erni Seibert, e integrantes da família do Reverendo Guaracy Silveira, personalidade que batiza o museu. Guaracy Silveira foi o primeiro pastor protestante da história do parlamento brasileiro. Eleito em 1933, participou das Assembléias Constituintes de 1934 e também de 1946. Teve, também, papel fundamental no processo de autonomia da Igreja Metodista do Brasil, que ocorreu em 1930.

  A inauguração do Centro de Memória começou com uma palavra de saudação do bispo João Carlos Lopes em nome do Colégio Episcopal da Igreja Metodista. Ele elogiou a eficiência no cumprimento do cronograma, que tornou possível a inauguração do Centro de Memória exatamente na data em que a Igreja Metodista no Brasil comemora 80 anos de sua autonomia dos Estados Unidos, da qual se origina. O bispo metodista falou sobre memória e futuro. Lembrou que, há 20 anos, numa visita aos Estados Unidos, viu um computador jogado no lixo e ficou indignado. Hoje o mesmo ocorre no Brasil. “Vivemos numa era de descartáveis. Corremos o risco de descartar também a história”.

Mas “o que o coração ama a memória não esquece”, como escreve o teólogo Rubem Alves, inspirado pela poesia de Adélia Prado. O bispo João Carlos guarda um relógio que o pai lhe deu há muitos anos. “Aquele relógio guardado com carinho traz boas lembranças, ânimo, faz pensar no que é fundamental para a vida. Não me prende ao passado, mas me lembra que eu tenho família, tenho história, faço parte de uma comunidade”, disse o bispo, destacando que o Centro de Memória também cumprirá este papel.

Para concluir, o bispo João Carlos Lopes destacou a passagem bíblica de Josué 4.1-7: “Deus não deseja que eu fique preso ao passado, mas me inspira, assim como inspirou Josué a tirar doze pedras do meio do Jordão e levantar um altar em Gilgal para que futuras gerações perguntassem: ´O que significam estas pedras?´. Com a resposta saberiam que a mão do Senhor é forte e o temeriam todos os dias. Este Centro de Memória existe para que as futuras gerações de metodistas, protestantes, povo de Deus possam, por meio dele, reconhecerem a mão do Senhor”. O bispo metodista concluiu com uma palavra de bênção: “Que o Senhor da história nos abençoe. O Senhor, que por intermédio de filho disse um dia: Fazei isto em memória de mim.”

Horizontes abertos para a pesquisa O reitor da Universidade Metodista de São Paulo, professor Márcio de Moraes, impedido de estar pessoalmente na celebração, enviou mensagem de cumprimentos por meio do diretor de Comunicação Paulo Salles. Márcio de Moraes congratulou a Faculdade de Teologia pela iniciativa que representa um verdadeiro presente à comunidade acadêmica, no momento em que se comemoram os 40 anos do Instituto Metodista de Ensino Superior. Ele enfatizou, sobretudo, a abertura de horizontes para a pesquisa proporcionada pelo Projeto Digital, que avança célere na digitalização de documentos e publicações históricas. O projeto de digitalização não apenas aumenta os recursos da pesquisa acadêmica como promove a redução do uso de papel, contribuindo com o projeto de sustentabilidade ambiental que a Rede Metodista de Educação tem abraçado.

  O pastor e professor Rui de Souza Josgrilberg, reitor da FaTeo, lembrou as presentes que a escolha do prédio Alfa para a instalação do Centro de Memória não foi por acaso. Patrimônio histórico de São Bernardo do Campo, o prédio Alfa foi a “célula mater” da Universidade Metodista de São Paulo. O edifício que abrigou alunos e professores da Fateo por tantos anos, segue, agora, sua missão educacional como um centro de pesquisa, disse Rui. Além a riqueza do acervo do Museu Guaracy Silveira, e, especialmente, a utilização dos recursos digitais permitirá abrigar projetos de pesquisa relacionados com a história do protestantismo e com a história da região do Grande ABC. “Temos um retrovisor no passado, mas olhamos para a frente”.

  O coordenador do Centro de Memória, professor e bispo metodista Paulo Ayres, falou da emoção de ver concretizado o sonho de três anos de planejamento e trabalho. Agradeceu, nome por nome, todas as pessoas que colaboraram para sua realização, desde os integrantes de sua equipe (Glaucia Regina Dias e Vandison da Silva), dedicados à catalogação e digitação do material, até funcionários da Universidade responsáveis pela infraestrutura e arrumação do espaço. E antes mesmo que a placa fosse descerrada e os visitantes pudessem conhecer a riqueza do acervo, apresentou uma das primeiras conquistas do Projeto Digital: o CD com a digitalização dos primeiros números do jornal Expositor Cristão, abrangendo o período de 1886 até 1909. O mais antigo jornal evangélico ainda em circulação, o Expositor Cristão poderá ser acessado de qualquer lugar do mundo e pesquisado por assunto, graças a um sistema de busca que está sendo desenvolvido por Vandison. Também deverão ser digitalizadas outras publicações históricas do metodismo brasileiro, como a revista Voz Missionária, Cruz de Malta, Flâmula Juvenil e Homens em Marcha. “É um longo processo pelo frente. Ainda há muito que fazer”, disse o bispo. “Mas podemos dizer, sem sombra de dúvida: ´Até aqui nos ajudou o Senhor´”.

Lembranças de vida Após o descerramento da placa, momento no qual participaram o reitor Rui Josgrilberg, o bispo João Carlos Lopes e o pastor Paulo Nogueira, representando o Conselho Diretor da FaTeo, o Centro de Memória foi aberto à visitação. Para muitos visitantes, os objetos e documentos expostos trouxeram a oportunidade de lembrar de fatos da própria história de vida. Odete Fillietaz, ex-aluna do Instituto Metodista, que formava diaconisas antes da abertura à participação feminina no ministério pastoral, emocionou-se ao ver peças trazidas da saudosa “Chácara Flora”, onde eram formadas as diaconisas.

  Uma escrivaninha com documentos de Guaracy Silveira, doados por sua família; a galeria de reitores da FaTeo e uma bela coleção de flâmulas com as quais eram festejadas datas comemorativas, dentre outras peças do acervo, também traziam lembranças valiosas ao metodismo brasileiro. Na sala de equipamentos, muitos deles vindos do CAVE, Centro Audiovisual Evangélico, os/as visitantes puderam matar a saudade da velha máquina de escrever, do projetor de slides ou do mimeógrafo que serviram por muitos anos à educação cristã de suas igrejas. Mas as salas mais visitadas do museu foram as que abrigavam as obras raras, como a Bíblia de Lutero, as Institutas de Calvino, e uma obra ainda mais antiga: um livro de Cícero, de 1518, o mais antigo do acervo da FaTeo, numa bela edição em letras góticas. A “Bíblia Poliglota” em oito idiomas (grego, inglês, hebraico, latim, italiano, alemão e francês e espanhol) e a Bíblia em Braile datada de 1900, também estão entre as “estrelas” do acervo.

  Toda essa riqueza já está à disposição de pesquisadores e de todas as pessoas que buscam, na memória do passado, uma visão mais clara do presente e uma perspectiva de futuro. As visitas podem ser agendadas pelo telefone (11) 4366-5017.  

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