Fui ofendido pela capa do jornal Charlie Hebdo que, em 2012, ironizou grosseiramente a Trindade para falar de casamento gay. Sim, fui e sou frontalmente contrário a ela. Agora, discordar daquilo me faz apoiar os assassinatos ocorridos no mesmo jornal semana passada? Não.
Por fé e por ideologia, respeito a liberdade de expressão. Faço isso a tal ponto que defendo que todo aquele que se sinta lesado acione juridicamente qualquer periódico. Quem for desrespeitado, reclame seus diretos. Parece lógico, né? Pois é, não pra todo mundo. E (pasmem!) nem pra alguns de nós, evangélicos.
Os contorcionismos teológicos para justificar intolerância e morte que muitos “irmãos” têm tentado me assustam. Veja, quem mata em nome da fé tira a vida do outro porque ele não crê em seu profeta, e, se não crê, não merece viver. Simples assim. Dá pra encontrar base bíblia pra isso? Francamente...
Há alguns anos, escrevi um artigo chamado “Cartum-bomba e pavio curto”, sobre uma publicação parecida que também terminou com morte e protesto. Em comum, aquela e a de agora têm mais do que a personagem da charge: ambas provam o quanto nosso mundo está em seu limite.
Tenho visto cristãos que dizem das vítimas desse brutal assassinato: tiveram o que mereciam. Sinceramente, não posso aceitar. Tudo o que não precisamos agora é de uma Igreja pronta a estimular o ódio. Isso é anticristianismo. Como seguidor do Mestre, solidarizo-me às vítimas do atentado na França. Há definitivamente algo de muito errado com uma fé em Jesus que diante do choro do próximo nos faz dizer “bem feito” ou invés de chorar com ele.
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