Cientista lidera grupo de apoio a pessoas com tendência homossexual: "A igreja pode auxiliar"

Flávio Júnior acredita que as pessoas podem mudar seu comportamento quando trabalham questões emocionais.

Fonte: Guiame, com informações do Notícias AdventistasAtualizado: sexta-feira, 16 de março de 2018 às 14:10
Além de ter conhecimento científico, Flávio Júnior é testemunho de transformação, pois iniciou uma transição da homossexualidade para a orientação heterossexual. (Foto: Reprodução).
Além de ter conhecimento científico, Flávio Júnior é testemunho de transformação, pois iniciou uma transição da homossexualidade para a orientação heterossexual. (Foto: Reprodução).

A homossexualidade ainda não é um tema tão discutido nas igrejas. A falta de entendimento sobre o assunto pode causar receio em abordar tal comportamento. Mas, um especialista em biologia tem feito a diferença em sua comunidade. Flávio Krzyzanowski Júnior coordena um grupo chamado “Amizades Verdadeiras”. O ministério é uma iniciativa da Igreja Adventista Central Paulistana,há pouco mais de dois anos e tem gerado frutos.

Em entrevista para a Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) Flávio Júnior explicou melhor sobre o ministério. Ele possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo, mestrado em Microbiologia e doutorado em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

“O ministério Amizades Verdadeiras está interessado em pessoas que possuem a tendência homossexual porém não desejam, seja por motivos religiosos ou outros, viver o estilo de vida homossexual, como, por exemplo, relacionar-se sexualmente com pessoas do mesmo sexo. Também atendemos pais cujos filhos possuem esta tendência, dando aconselhamento”, disse.

“A ideia de trabalhar com este tema surgiu em 2012, quando eu morava na Holanda e conheci a pastora Suzanne Portela, que deu a sugestão de iniciarmos palestras com este tema. Em 2015, fui convidado pelo pastor Adriano de Villa para iniciar o ministério na Igreja Adventista Central Paulistana”, contou.

“O ministério Amizades Verdadeiras faz parte de outros ministérios que existem na Igreja Adventista Central Paulistana. Temos uma equipe formada por três pastores e outras quatro pessoas que se revezam no aconselhamento, nas reuniões mensais com os pais e com pessoas que possuem a tendência, além de participarem nas palestras que realizamos”, esclareceu.

Explicando sobre o ponto de vista sobre causas da homossexualidade, Flávio Júnior ressalta como acolhe as pessoas. “Muitos estudos já demonstraram que a tendência homossexual não é genética. Uma evidência disto é o fato de que esta tendência muda em muitas pessoas quando estas trabalham suas feridas emocionais”.

Ele ainda coloca: “Cremos que a tendência é uma resposta ao vazio de gênero que a pessoa desenvolveu por ter se distanciado de outros membros do seu mesmo sexo. Vários fatores podem levar a este afastamento, tais como abuso sexual, distanciamento emocional dos pais, bullying ocorrido na infância, etc. Ajudamos essas pessoas no processo de preenchimento deste vazio. A igreja pode auxiliar muito nesta jornada”.

“Quando Cristo esteve entre nós atendeu pessoas com dificuldades na área sexual. Também temos, como seus imitadores, que realizar o mesmo. No caso específico de homoafetivos, tanto do sexo masculino quanto feminino, o essencial é que estas pessoas se sintam acolhidas por outras do mesmo sexo. Isto ajudará a preencher o vazio de gênero que citamos acima. O ministério das mulheres já existe e por que não criar o ministério dos homens? Neste, atividades, tanto espirituais quanto físicas, poderiam ser um espaço tremendo para o acolhimento”, ressalta.

Explicações biológicas

“Muitos estudos já foram publicados tentando relacionar a tendência homossexual a algum fator biológico, e todos sem sucesso. O Dr. John H.S. Tay, cientista australiano que publicou mais de cem artigos científicos nesta área e escreveu o livro ‘Nascido Gay?’, analisou muitos deles e não encontrou, como muitos outros cientistas fazem recentemente, nenhuma evidência que corroborasse esta visão”, salientou.

“Se houver algum fator biológico ainda não descoberto, o mesmo possui pequena força quando comparado às questões emocionais. Uma forte evidência, já citada acima, é o fato de que muitas pessoas mudam a sua tendência, em diferentes graus, ao longo de suas vidas quando trabalham questões emocionais”.

Flávio é um homem que pode falar com propriedade. “Posso ainda citar a minha própria experiência. Possuo a tendência homossexual e, quando iniciei o trabalho de preencher o vazio de gênero, comecei a desenvolver a atração heterossexual. Logo, não é somente em conhecimento teórico que nos baseamos, mas em experiência prática também”.

Resultados

“Temos palestrado em muitas igrejas e os membros dizem após as palestras: ‘Por que demorou tanto para este tema ser abordado em nossa igreja? É maravilhoso que isto esteja acontecendo!’ Muitos pais que estavam sem respostas, encontram-nas em nossas reuniões mensais. Além disso, muitos que possuem a tendência em nossas igrejas passam a compreender as causas da mesma e como trabalhar para o crescimento tanto espiritual quanto emocional”, diz.

“Também temos presenciado várias igrejas querendo formar ministérios nesta área. É algo que realmente estava faltando! Temos um grupo presencial de apoio a pais e outro de aconselhamento para pessoas homoafetivas. Os encontros ocorrem mensalmente na Igreja Adventista Central Paulistana. Também temos os dois grupos no Whatsapp para atender as pessoas que não moram em São Paulo”, explanou.

Para finalizar, Flávio ressalta: “Sentimos Deus fortemente guiando este ministério. Um grande desafio é torná-lo conhecido em nossas igrejas. Muitos não sabem que existe este apoio na Igreja Adventista. Temos a intenção de formar multiplicadores para que possam atuar em suas regiões. A capacitação de pastores e a formação de conselheiros que desejem trabalhar com este tema é uma necessidade imediata. O nosso grande objetivo é que todas as nossas igrejas conheçam este tema tão importante nos dias atuais e estejam capacitadas para apoiar as pessoas que buscam orientação”.

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