Circuncisão: b´rit milah

Circuncisão: b´rit milah

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:59

B’rit milah significa literalmente “aliança ou pacto da circuncisão”, um rito judaico no qual o prepúcio do menino é cortado no oitavo dia após o nascimento. Segundo a tradição judaica, este rito representa o pacto entre Deus e Abraão. Para o judeu, a circuncisão é tão séria que mesmo que o oitavo dia caia em um Sábado (Shabat) ou no Yom Kipur (Dia do Perdão), ela é praticada.

Abraão foi o primeiro circunciso da história humana. Ele tinha 99 anos quando se auto-circuncidou. Em Abraão, sua circuncisão representou a sua obediência espiritual sobre a compulsão primitiva ou carnal. (Gn 17:1-14) E é por isso que este mitzvá (mandamento) tornou-se o mais importante da Torá, pois ele antecede a própria lei mosaica.

Do ponto de vista científico, além de ser uma medida sanitária, a circuncisão tornou-se um símbolo exterior que liga o menino judeu a sua fé. É o maior símbolo da identidade religiosa do povo judeu, e em toda história judaica este é o mandamento mais respeitado e observado. Toda a família se reúne em volta deste ato que simboliza a marca da Lei na carne do recém nascido. Como revela a oração da circuncisão: “Bendito sejas tu Senhor, que hás consagrado teu bem amado desde seu nascimento. Gravando a lei em sua própria carne e imprimindo nos seus descendentes o selo de sua aliança” (Torá e as Haftarot). Feita por um mohel, que é o rabino treinado para este procedimento. Já o sandak, é o responsável por segurar a criança enquanto a circuncisão é realizada, que, geralmente, cabe ao avô materno ou paterno.

”Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.” (Gálatas 6:15)

Esta foi a primeira controvérsia teológica entre os apóstolos da igreja. (At 15:6-21). Haviam dois blocos de cristãos; os apegados à exigência incondicional da circuncisão, e os que a consideravam dispensável à conversão ao Cristianismo. Essa polêmica passou a atingir principalmente os gentios (povos pagãos, ou não judeus), que não eram circuncidados, e isso tornou-se um problema sério para que estes povos abraçassem a nova doutrina, já que simpatizavam com ela, mas não aceitavam o rito da circuncisão.

Paulo não teve dúvidas quanto a ineficácia da circuncisão como uma prioridade espiritual. Apesar de ter até circuncidado Timóteo (o que fez para não escandalizar judeus-gregos, segundo ele mesmo afirma). Para Paulo, a circuncisão era simplesmente uma mudança exterior, física. Ela não podia garantir uma mudança interior, nem uma nova realidade espiritual.

É por isso que no Cristianismo, o rito da circuncisão não é observado, pois esta é uma marca clara do povo israelita e da religião judaica. Mas o princípio espiritual é observado. O Espírito da Lei está presente no Cristianismo, pois a obediência é uma marca interna e não externa. Assim como a circuncisão revela uma marca física que estará no judeu desde seu nascimento, e o lembrará todas as vezes que ele urinar (isto é, todos os dias), assim o ser uma nova criatura para Deus é uma marca do verdadeiro cristão desde o seu nascimento espiritual, e um trabalhar diário do Espírito Santo nele tornando-o cada dia mais parecido com Jesus Cristo. Ser um novo homem e nutrir uma nova vida que agrada ao Eterno, é a real circuncisão que fazemos diante de Deus e dos homens.

Bruno dos Santos   é Diretor do VidaSat Comunicações, Coordenador Geral da CIA (Coalizão das Igrejas Apostólicas) e pastor da Igreja Vida Nova em São Paulo. Escritor e Conferencista, é formado em Teologia com especializações em Novo Testamento e Liderança. Casado com Silvia Regina, é pai do Lucas, da Laís e da Ana Luiza.  

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