São Paulo é mais gay ou evangélica? A infame e desprezível comparação feita pelo jornalista e colunista Gilberto Dimenstein, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, na sexta-feira, resultou em duras críticas até mesmo de colegas de profissão.
No texto, ele afirmou que a Marcha para Jesus e os evangélicos têm um ranço um tanto raivoso e não respeita os direitos dos gays, enquanto que os gays usam a alegria para falar e se manifestar.
Para Reinaldo Azevedo (foto ao lado), analista político da revista Veja, o texto de Dimenstein é tolo, preconceituoso e estúpido. Chego a duvidar que Gilberto Dimenstein estivesse sóbrio quando escreveu essa coluna, insinuou Azevedo.
Segundo ele, o colunista da Folha resolveu dar mais uma contribuição notável ao equívoco ao comparar os dois eventos. Sem qualquer investimento voluntário na polissemia, é um texto tolo de cabo a rabo; do título à última linha. São Paulo nem é mais gay nem é mais evangélica. Dados recentes do IBGE e Datafolha mostram que os cristãos, no Brasil, ultrapassam os 90%, lembrou Azevedo.
Em seu infeliz e boçal artigo, Dimenstein disse ainda que os gays não querem tirar o direito dos evangélicos de serem respeitados. Já a marcha evangélica não respeita os direitos dos gays, ou seja, quer uma sociedade com menos direitos e menos diversidade.
Azevedo foi taxativo: nenhum evangélico reivindica o direito de desrespeitar direitos alheios. A frase é marota porque embute uma acusação, como se evangélicos reivindicassem o direito de desrespeitar os outros. Para ele, são os homossexuais que querem tirar o direito dos evangélicos. Há uma diferença que a estupidez do texto de Dimenstein não considera: são os militantes gays que querem mandar os evangélicos para a cadeia, não o contrário. São os movimentos gays que querem rasgar o artigo 5º da constituição, não os evangélicos, escreveu.
Para Azevedo o texto foi falacioso e intencionou dizer que os militantes gays são bonzinhos e os evangélicos são maus e pretendem tolher a livre manifestação do outro.
O tal PLC 122, por exemplo, pretende retirar dos evangélicos ou, mais amplamente, dos cristãos o direito de expressar o que suas respectivas denominações religiosas pensam sobre a prática homossexual. Vale dizer: são os militantes gays (e não todos os gays), no que concerne aos cristãos, que reivindicam uma sociedade com menos direitos e menos diversidade, disse o colunista da Veja.
Milhões de evangélicos se reuniram ontem nas ruas e praças, e não se viu um só incidente. A manifestação me pareceu bastante alegre, porém decorosa. Para Dimenstein, no entanto, a alegria, nessa falsa polarização que ele criou entre gays e evangélicos, é monopólio dos primeiros. Os segundos seriam os monopolistas do ranço um tanto raivoso. No fim das contas, ironizou Azevedo, para o articulista, os gays são naturalmente progressistas, e tudo o que fizerem resulta em avanço. Enquanto isso, ele aponta, os evangélicos são naturalmente reacionários, e tudo o que fizerem, resulta em atraso.
Dimenstein escreveu ainda que na Marcha para Jesus há uma relação que mistura religião com eleição, e que por trás da parada gay, não há esquemas políticos nem partidários.
Em qualquer país do mundo democrático, questões religiosas e morais se misturam ao debate eleitoral, e isso é parte do processo. Políticos também desfilam nas paradas gays, como todo mundo sabe, esclareceu o colunista da Veja.
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