Como lidar com as críticas? Pastora e psicóloga explica

Como lidar com as críticas? Pastora e psicóloga explica

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:35

Críticas são inerentes a vida do ser humano. Somos críticos e criticados o tempo todo. Quando criticamos o fazemos sob um olhar de análise e julgamentos de valor. Quando recebemos uma crítica nem sempre sabemos lidar com as palavras, muitas vezes, elas são contra aquilo que gostaríamos de ouvir.

Como lidar com as críticas? Como saber ouvir e reter aquilo que é necessário, esquecendo-se do restante? Como criticar construtivamente para ajudar o outro? Como utilizar as palavras certas na hora certa?

Para falar sobre este tema entrevistamos a   pastora e psicóloga Maria Helena Faleiros.Graduada em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana e em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina, com especialização em Educação Especial/Deficiência Mental e Psicopedagogia e mestrado em Educação Especial. Atuou nas áreas de louvor, educação cristã e missões. Foi a primeira presbítera eleita (em 1999) pela Igreja Presbiteriana Independente de Londrina-PR. Atualmente é pastora da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de Londrina e coordenadora do Conselho de Educação Cristã da Igreja.

Quais as reações que devemos ter ao receber uma crítica?

Maria Helena -   Receber crítica é uma realidade em nossa vida e acontece tanto no ambiente familiar até nas relações de trabalho, portanto, é algo inevitável. Creio ser esse um primeiro passo, estarmos conscientes de que o que fazemos, como agimos e reagimos, é observado e interpretado por outras pessoas.  É comum lidarmos bem com o elogio e mal com a crítica, mas podemos lidar de maneira positiva ao entender que é uma oportunidade de aprendizado e crescimento na situação. Devemos receber o que é falado com empatia e atitude de respeito, não levando para o lado pessoal e evitar a primeira reação, pois a resposta pode ser movida mais pela nossa emoção  do que pela razão.

Como não se abater com as críticas injustas?

Maria Helena -   Crítica é definida como a arte de julgar, critério, mas também, maledicência, ou seja, falar mal. A melhor maneira de não se abater com as críticas injustas é manter o foco no que é central e verdadeiro. Quando desenvolvemos um trabalho temos clara a visão, os passos a serem seguidos e os resultados pretendidos. Isso envolve a nossa motivação, expectativa e percepção. Quando a crítica é injusta devemos compreender que a pessoa não compartilha da mesma visão, em consequência será diferente sua motivação, expectativa e percepção. A confiança no que fazemos é um bom antídoto para não nos abatermos com as críticas injustas, se o que é falado trata apenas de ofensa ou avaliação sem critério algum deve ser descartado, pois nada acrescenta.

Criticar é a única coisa que muitos fazem e muitos se realizam criticando. Como lidar com essas pessoas?

Maria Helena -   Penso em duas situações distintas: a primeira, quando a pessoa que critica o faz diretamente à pessoa criticada. A maneira de lidar envolve o que abordamos nas perguntas anteriores - ouvir; responder posicionando-se no que é essencial; pedir que a observação feita seja detalhada e focada para facilitar a autoavaliação e descartar comentários depreciativos pessoais que em nada contribuem para o crescimento e aprendizado. A segunda, quando  a pessoa que critica o faz a uma terceira pessoa e não a quem está criticando, a maneira de lidar envolve a habilidade de ser diretivo - evitar a participação, comentários ou qualquer observação que indique concordância com o que está sendo dito, assim não se entra no círculo vicioso de falar de outra pessoa; confrontar o comportamento da pessoa que está criticando, de maneira que possa refletir sobre o que faz; estimular a pessoa que critica a centrar em ações produtivas para sua própria vida. Em geral, pessoas que se realizam criticando foram submetidas à ambientes de muitas críticas, aprenderam assim, podemos contribuir para que sejam reeducadas em sua maneira de agir.

    O que devemos avaliar quando recebemos uma crítica? (Quem fala? O que fala? De quem fala? Como fala? Por que fala?)

Maria Helena -   O ponto que considero ser significativo para avaliação quando recebemos uma crítica é: o que é falado. Quando se atenta ao que se fala podemos diferenciar aquilo que se refere a critérios aplicados ao trabalho ou ação realizada que poderá contribuir para um bom desenvolvimento e continuidade das ações, de posicionamentos pessoais que apenas ferem a autoestima. O que se fala é pontual e expressa o pensamento do outro, não há suposição. Quem e por que nos fala leva à subjetividade, depende de como estou no momento em que recebo a crítica e das razões que levaram a pessoa a emitir a crítica. Tenho certeza que em alguns momentos ouvimos críticas de pessoas próximas, de especialistas e até de opositores que nos falaram através de suas opiniões, fomos capazes de analisar o que foi dito, no entanto, em outros momentos  não reagimos bem as críticas recebidas.  O como se fala, não leva a avaliar a crítica recebida e sim a habilidade da pessoa que criticou em fazê-la. Como se fala gera a reação à crítica, que quando feita de maneira inadequada produz o comportamento de defesa.

Como fazer uma crítica construtiva ao liderado? Em sua opinião a tática "sanduíche" (elogio, crítica, elogio) funciona?

Maria Helena -   O liderado é a pessoa que está envolvida com sua visão e trabalho. Manter os alvos e critérios de avaliação claros é fundamental. A pessoa não pode ter dúvidas sobre o que se quer, como fazer e quais resultados são esperados, dessa forma evitamos o perigo da insegurança. Partindo dessa base, ao fazer uma crítica é preciso: identificar o momento adequado; argumentar sobre fatos observados no trabalho realizado; evitar a exposição do liderado ao descrever os erros cometidos; apontar alternativas para realizar a tarefa de maneira que atinja os resultados desejados. Tanto a crítica quanto o elogio são atitudes importantes. A crítica favorece o crescimento nos pontos fracos do trabalho da pessoa, o elogio mantém seus pontos fortes, essas atitudes em equilíbrio tornam muito bom o ambiente de trabalho e a motivação pessoal passa a ser efetiva, isso é funcional, não há necessidade de se usar como tática.

Quais os conselhos para pastores e líderes que  devido à sua posição de liderança, tanto recebem como fazem críticas?

Maria Helena -   A liderança está ligada à visão, que é a base para a missão. Um líder não faz isso sozinho, naturalmente está envolvido numa rede de relacionamento com seus liderados. Por isso mantenha uma boa comunicação, saiba ouvir aos que contribuem com honestidade e agregam valor ao desenvolvimento da missão, saiba falar com clareza para que a visão seja compreendida por todos; mantenha a paciência e perseverança focalizando a atenção no que deseja alcançar; aprenda com os erros, não se deixe abater pelas falhas, siga o exemplo de Moisés que ouviu a crítica de seu sogro Jetro sobre pontos frágeis no cuidado com o povo; ame ao próximo, ao ouvir uma crítica ame a pessoa e avalie o que ela fala, ao dirigir uma crítica ame a pessoa, avalie seu desempenho; diga com freqüência palavras de apreciação, estímulo e elogio, essas palavras edificam o amor próprio das pessoas; cultive um coração ensinável e humilde; peça sabedoria (Tiago1.5).

Palavras finais sobre o assunto

Maria Helena -   Crítica significa uma apreciação minuciosa, é um exame, uma avaliação que nos faz notar a perfeição ou o defeito de um trabalho e não da pessoa. O problema se encontra nesse fato, em geral avalia-se a pessoa, razão porque muitas têm dificuldade para receber uma crítica, o momento torna-se angustiante, persecutório e em algumas situações depreciativo e humilhante. Como conseqüência, fazer uma crítica torna-se uma tarefa difícil, pois na maioria das vezes papéis aprendidos são reproduzidos, nesse aspecto investir no ensino é válido: reeducar a pessoa e desenvolver a habilidade de fazer e receber críticas é possível e produz resultados benéficos, cabe a orientação da psicóloga Cristina Orrico; "É necessário sensibilidade para perceber quando é possível fazer críticas, lembrando ainda que se deve estar preparado para recebê-las".   

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