Como os cristãos devem lidar com a morte?

Como os cristãos devem lidar com a morte?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:46

De vez em quando reflito de uma perspectiva saudável sobre a natureza temporal da vida. Estou lendo um livro no qual o autor com mais de 80 anos afirma na introdução que as primeiras oito décadas passam rapidamente. Suas palavras exatas são: “Oitenta anos soam como um longo tempo até que já tenham ficado para trás”.

Tenho uma relação de amor e ódio com a morte. Gosto da vida. Gosto de levantar todas as manhãs. Gosto do meu trabalho, dos meus amigos e da cidade onde vivo. Tenho dias ruins, mas não muitos. Gosto de construir coisas na vida. Gosto de escrever livros e ajudar outros em suas carreiras. No entanto, de vez em quando percebo que todas essas coisas terão um fim. É o bastante para honestamente me fazer desistir. É o suficiente para me fazer pensar se não seria melhor casar, ter uma pequena loja e passar mais tempo andando com meu cachorro ao longo do rio. Afinal, qual é o objetivo de construir algo quando você sabe que mais cedo ou mais tarde deixará de existir?

Recentemente, estava com meu amigo Jim Chaffee em um dia mais quente do inverno e ficamos o dia inteiro brincando sob o sol. Alugamos jet-skis e circulamos a baía em St. Marteen. Entre a baía e o oceano estava atracado o maior iate privado do mundo, propriedade de um empresário russo cujo nome esqueci. Foi muito divertido dirigir minha moto aquática alugada ao redor daquela coisa. Era tão grande quanto um navio.

Mais tarde, me peguei pensando como seria difícil se eu fosse aquele cara, sabendo que tudo que construí e acumulei um dia seria deixado para trás. Gostaria de saber se, mesmo que acreditasse que vai para o céu, ele gostaria de poder ficar, já que no céu ele provavelmente não terá nada disso. Gostaria de saber se ele odeia a ideia da morte, odeia pensar nisso e, assim como os antigos governantes egípcios, alimenta grandes planos para manter sua memória e poder vivos. Eu me perguntava se ele achava que poderia vencer a morte.

A parte de mim que se sente desconfortável com a morte é a mesma que gosta de controlar. E nenhum de nós tem o controle sobre a morte. Quero dizer, se quiséssemos, poderíamos decidir quando gostaríamos de morrer, mas não temos controle sobre o que acontece depois disso. E não ter o controle pode ser algo aterrorizante.

Todo esse negócio de seguir Jesus trata-se, em grande parte, de entregar o controle para ele. E mais, perceber que não temos o controle, na verdade nunca tivemos. Uma boa maneira de medir se demos ou não a ele nossa vida é perguntar se daríamos a ele nossa morte. Nos sentimos bem em saber que algum dia vamos partir com tudo o que fizemos, tudo o que temos feito e não teremos mais um pingo de controle sobre o que acontece na terra?

Vou ser muito sincero. Se não fosse a realidade da morte, teria muito mais dificuldade para seguir a Cristo. A morte significa que algum dia tenho que confiar nele, e a vida é como uma “escola preparatória” para aquele momento. Se posso confiar nele com a minha morte, posso confiar nele com a minha vida, e isso significa meu próximo livro, minha confusão romântica, minha raiva, desejo de vingança, meu dinheiro e tudo mais. A morte não me dá uma escolha. Por isso eu sou grato.

Se você tem medo de morrer, saiba que não está sozinho. E por “não está sozinho”, quero dizer que não é o único que tem medo. Ou seja, você não é o único que precisa morrer. Estamos todos saindo dessa linha de montagem em breve. E nada que nós construímos vai junto com a gente.

Esse pensamento assustador ou reconfortante. Se você já acumulou uma grande quantidade de energia e outras coisas, a morte pode ser um pouco decepcionante. A morte pode ser reconfortante, no entanto, quando percebe que as coisas com as quais está preocupado simplesmente não importarão depois de você morrer.

Em João, no capítulo 11, Jesus mostra uma visão peculiar da morte. Seu amigo Lázaro morreu e as irmãs dele mandam avisá-lo sobre o que aconteceu. Jesus ouve a notícia e diz: “Esta doença não leva à morte. É para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”. Jesus está mais provavelmente falando sobre o fato de que vai ressuscitar Lázaro dentre os mortos e mostrar que ele e Deus Pai são de fato um, de modo que os outros vão confiar nele. Independentemente disso, a morte não é um conceito do qual Jesus tenha qualquer medo.

Eu sou perguntado frequentemente por que Deus permite que coisas terríveis aconteçam neste mundo, principalmente coisas que envolvem a morte imparcial e injusta. É uma boa pergunta, e uma das coisas das quais me lembro quando eu mesmo sou confrontado por ela é que Deus sabe o que acontece do outro lado da vida e nós não. Claro, temos ideias vagas, mas a maioria dos estudiosos acha que sabe muito mais do que a Bíblia permite.

Mas Deus não nos diz tudo sobre a vida após a morte. Se a morte é uma porta por onde entramos, Deus está do outro lado e, aparentemente, não está tão preocupado com o que está acontecendo no outro quarto. Sob nossa perspectiva, o que parece atroz e aterrador é perfeitamente normal para ele. Talvez o terror seja todo nosso por não confiar nele. Ele não pode ser responsável por medos irracionais criados em nossa imaginação. Ainda assim, Jesus tem compaixão. Ele vê seus amigos chorando a morte de Lázaro e fica comovido, a Bíblia diz. Até chora com eles. Alguns dizem que Jesus chora porque está prestes a trazer Lázaro de volta do paraíso, mas nada no texto confirma isso. Acho que ele estava chorando porque esses eram os seus amigos e eles estavam devastados.

Jesus dá um grande conforto para Marta, dizendo: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu nisso?”. E Marta lhe disse: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”.

Jesus pede a Marta, e a todos nós, que confiemos nele com nossa vida e até com nossa morte. Mas isso é uma coisa difícil, não é? Para confiar em Jesus com nossa vida e nossa morte temos que desistir de exercer qualquer controle. Então Jesus mostra para eles, e para aqueles de nós que acreditam, o poder que tem sobre a morte. Ele vai até o túmulo, e faz com que tirem a pedra. Ele grita para Lázaro sair, e Lázaro, ainda amarrado em lençóis do funeral, tropeça para fora, com panos envolvendo suas mãos e pés e até mesmo o rosto. As pessoas correm para ele e desamarram os lençóis para que ele possa respirar.

Portanto, a questão para nós é muito clara: confiamos em Jesus com a nossa morte? Confiamos nele com nossa vida? Alguns confiam, outros não. Eu confio. Creio que ele é digno de confiança. Talvez porque ele chora quando estamos devastados. Seja o que for que ele tenha em curso no outro lado da porta, é onde eu quero estar. Enquanto ele estiver lá.

Publicado originalmente por Donald Miller em seu blog.

Tradução autorizada pelo autor por Agência Pavanews

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