Computador "cristão" vence Game Show e prêmio vai para missão evangélica

Computador "cristão" vence Game Show e prêmio vai para missão evangélica

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:55

A categoria é “cidades dos Estados Unidos”. A pergunta: “Seu maior aeroporto foi batizado em homenagem a um herói da Segunda Guerra Mundial; seu segundo aeroporto, em homenagem a uma batalha da Segunda Guerra Mundial”. Quem responderia Toronto? Watson – um computador da IBM que desafiou os dois maiores vencedores do jogo de perguntas e respostas do Jeopardy! – respondeu. A julgar por essa questão, é difícil acreditar que a máquina ganhou dos humanos. Mas foi o que aconteceu no programa que foi ar na TV americana na semana passada.

Watson derrotou Brad Rutter e Ken Jennings (cada um já levou mais de US$ 3 milhões no quiz show). Com perguntas divididas em categorias e baseadas em jogos de palavras, trocadilhos e outras sutilezas da linguagem, o Jeopardy! era um desafio para a IBM mostrar a capacidade de seu computador. Além de entender que tipo de informação deveria buscar, Watson tinha de avaliar a probabilidade de sua resposta estar correta.

Com base nessa análise, nas rodadas em que os competidores precisavam apertar um botão para ter direito a responder, Watson decidia quando valia arriscar o palpite. O cientista-chefe da IBM Brasil, Fábio Gandour, diz que essa é uma característica do que é desenvolvido na computação semântica: os resultados são apresentados como prováveis, não como certos, determinados.

O Watson vem sendo desenvolvido há quatro anos por uma equipe fixa de cerca de 30 cientistas. Colaboradores da IBM em todo o mundo também se envolvem no projeto em diferentes encontros. Para a apresentação no Jeopardy!, foi criado um avatar do computador que era mostrado no palco. A máquina estava em outro ambiente, já que é composta por duas grandes unidades, divididas cada uma em cinco torres, com 10 servidores IBM Power750. Tudo isso equivale a 2.800 computadores juntos!

A memória é de 15 trilhões de bytes. Para pensar, Watson precisa estar de cabeça fria. Para isso, dois grandes refrigeradores acompanham o computador. Ele não está interligado à internet. Busca todos os dados no que tem armazenado. Foi programado para conseguir achar respostas em três segundos, investigando um milhão de livros, ou aproximadamente 200 milhões de páginas de dados. “Capacidade computacional sempre foi um gargalo. Outro grande gargalo foi o ‘multitarefa’ – um computador que realiza várias tarefas ao mesmo tempo”, diz Gandour.

Por ser capaz de fazer essas complexas relações, mais surpreendente do que a resposta errada de Watson para a questão da cidade americana e os dois aeroportos, foi o valor da aposta nela. Liderando a disputa com US$ 36.681 – mais de US$ 25 mil à frente do segundo colocado naquele momento, o computador jogou apenas US$ 947. A plateia vibrou. O grau de confiança de Watson era de cerca de 30%. David Ferrucci, o diretor do projeto Watson no IBM Research, diz, no blog da companhia, que a máquina havia aprendido que, muitas vezes, os nomes das categorias no Jeopardy! são pegadinhas. Por isso, deu peso pequeno à informação “cidade dos Estados Unidos”. Além disso, outros dados devem ter levado à resposta equivocada: há cidades americanas chamadas Toronto e a Toronto canadense tem um time que disputa a liga de beisebol dos EUA.

Apesar da esperteza de Watson na hora de não jogar alto no palpite incerto, Gandour diz que a bola fora rendeu muita discussão entre os pesquisadores da IBM. “Ficou parecendo na hora que o computador emburreceu.” O brasileiro foi ao Estados Unidos para acompanhar a exibição da competição (ela foi gravada e seu resultado estava guardado a sete chaves, afirma a companhia).

Watson se confundiu em outras categorias como a que exigia que a resposta também fosse uma tecla do computador. Na “atores que dirigem”, ele sabia as respostas, mas não conseguiu ser mais rápido que Rutter e Jennings para apertar o botão e responder.

O erro “Toronto” de Watson encerrou o segundo dos três dias do desafio no Jeopardy!. No último dia, o computador deixou plateia e competidores de queixo caído (mais uma vez). Desta feita por uma resposta certeira. Ao conseguir um “Daily Double” (espécie de pergunta prêmio em que a aposta pode ser mais alta). A questão, na categoria “Legal Es”’ (“’Es’ legais”) era: “Esta expressão de duas palavras significa o poder de desapropriar propriedades particulares para o uso público: está ok, se houver uma compensação justa”. Watson respondeu: “What is eminent domain”, uma expressão usada nos Estados Unidos para “expropriação”.

No resultado final, Watson levou o prêmio de US$ 1 milhão, juntando ao longo dos três dias US$ 77.147, contra US$ 24 mil de Jennings e US$ 21,6 mil de Rutter. A IBM vai doar o valor arrecadado para duas ONGs: a Visão Mundial (missão evangélica humanitária) e a World Community Grid (que visa usar a informática em prol da saúde).

A escolha da ONG evangélica foi do apresentador do game show, Alex Trebek, que está envolvido com a missão desde 2002, quando visitou os trabalho da Visão Mundial na África. Embora a ONG seja formada apenas de evangélicos, eles atuam no combate da fome e da violência contra crianças de todas as opções religiosas.

Caroline Riseboro, diretora da Visão Mundial no Canadá, comemora: “É uma honra e um privilégio fazer parte desse momento tão importante da história da IBM. Esperamos que possamos continuar trabalhando juntos para fazer uma diferença real na vida de crianças em diferentes partes do mundo. Torcemos pela vitória de Watson”

  Watson passou no teste. Após a competição, foram os pesquisadores da IBM é que tiveram de responder perguntas. A mais comum: “Então, Watson pensa?”. Ferruci, o chefe do projeto, devolveu a questão: “Como você define ‘pensar’? Um submarino nada?”. Para ele, Watson não pensa como os humanos, mas está pensando, sim.

Gandour, da IBM Brasil, diz que não é possível saber para onde a computação semântica caminhará agora. Alguns afirmam que poderá ser bastante útil para diagnósticos médicos. Por exemplo, um paciente relata que sente dores, indicando que esse seria um sintoma principal de uma doença. Ao passar esses dados para o computador, a máquina poderia relativizar essa descrição e alertar o médico de que há outros fatores que devem pesar mais no diagnóstico. “Mas alguém já perguntou aos médicos se eles querem ser ajudados assim?”, questiona Gandour. Áreas como transporte/logística e finanças são citadas como promissoras para o desenvolvimento de tecnologias com computação semântica. “O Watson sempre será uma ferramenta.

Assim como uma chave de fenda é uma ferramenta para abrir ou fechar um parafuso, o Watson será uma ferramenta para abrir ou fechar o conhecimento humano”, diz Gandour.

Atualmente a computação semântica já está presente na internet, principalmente, nos mecanismos de busca. Então, se você não deduziu a resposta para a pergunta que pegou o Watson, usando a internet rapidamente poderá descobrir que se trata de Chicago.

fonte: Época e Houston Belief

Via: Pavablog

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