Conflitos interreligiosos entre cristãos e muçulmanos têm caráter econômico- diz embaixador do Mali

Conflitos interreligiosos entre cristãos e muçulmanos têm caráter econômico- diz embaixador do Mali

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:24

"Os conflitos interreligiosos entre cristãos e muçulmanos na África são provocados , sobretudo, por questões econômicas e a pobreza das populações. O que descarta haver outro fundamento", disse na última terça-feira, 18, à Angop, em Luanda, o embaixador do Mali em Angola, Farouk Camara.

Falando à Angop, por ocasião dos 50 anos das independências de países africanos, iniciadas nos anos 60 do século XX, Camara realçou que "os conflitos são de carácter econômico quer sejam por causa da escassez de terras, quer os que ocorrem por tentativas de ocupação de campos pelos pastores nómadas e alguns deles motivados pela pobreza".

Esclareceu que o Mali é oficialmente um Estado laico, embora 85% da sua população seja muçulmana, há a tolerância e coabitação entre cristãos, islâmicos e animistas.

Frisou que no seu país há casamentos entre cidadãos de outras confissões religiosas, sem a obrigatoriedade do cônjuges trocar de religião, acrescentando que outra prova de tolerância é a participação de muçulmanos no natal e de cristãos nas festas islâmicas, sem qualquer  constrangimentos da ordem moral ou pública.

O diplomata não vê, na sua opinião, motivos para divisão porque alguns profetas de cristãos são os mesmos para os muçulmanos, no caso de Abraão, pai de Ismael, ascendente do Mohamed, profeta do Islão, "assim como Jesus Cristo, conhecido pelos islâmicos por profeta Issa".

Disse que leu recentemente numa francesa que muçulmanos revoltaram-se por se insultar Jesus Cristo, porque o consideram também seu profeta.Acrescentando não compreender,  "porque as pessoas se agridem ou se matam por serem cristãos ou muçulmanos, já que ambas religiões têm os mesmos anciãos e profetas".  

"A livre participação de comunidades em festas de outras religiosas, principalmente, o natal,  e vice-versa no Mali, admira os observadores, porque o país tem um povo maioritariamente muçulmano. É isso que se considera coabitação", sustentou.

Justificou não haver necessidade de conflitos entre muçulmanos e cristãos como ocorre  noutros lugares, porque além da pertença a uma religião, todos são irmãos e filhos da mesma  nação.

Frisou que para evitar guerras, conflitos inter-confessional funciona no Mali um Alto Conselho Religioso, no qual participam cristãos, muçulmanos e animistas, cujo objectivo é o de regular  os problemas tendentes a provocar fricções.

Informou que as recomendações do Alto Conselho são encaminhadas ao Governo para a  decisão final.

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