Cronologia poética das últimas semanas de Jesus Cristo na Terra

Cronologia poética das últimas semanas de Jesus Cristo na Terra

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:46

Eis os eventos relacionados aos dias finais de Jesus de Nazaré. Cada evento é acompanhado de alguns dos textos bíblicos em que são narrados os acontecimentos e também de um poemeto alusivo ao fato.

Esta cronologia contém revisões e acréscimos sobre as condições físicas de Jesus. Usei, para tanto, principalmente o livro “A crucificação de Jesus”, do médico legista Frederick T. Zugibe. Usei também, e também com ressalvas, o livro “A última semana; um relato detalhado dos dias finais de Jesus”, dos teólogos Marcus J. Borg e John Dominic Crossan.

Datas prováveis

Ano provável: 30. Mês provável: Abril.

Domingo Jesus viaja de Betânia (a 3 km) a Jerusalém. Ao final da tarde volta para Betânia (Mateus 21.1-11, Marcos 11.1-10, Lucas 19.29-44 e João 12.12-19). Como um peregrino, Jesus toma a decisão:

vai a Jerusalém, para a Sua lamentação.

Montado num jumento, pode escutar

crianças e mulheres em Sua saudação,

que, embora não saibam, hosanam um rei

que vai morrer por causa da Lei

logo Ele que veio cumpri-la amorosamente.

O justo caminha, como um cordeiro silente,

para morrer como um pecador impenitente.

Segunda-feira De Betânia, Jesus volta a Jerusalém. No caminho, amaldiçoa uma figueira. Em Jerusalém, protesta contra o comércio no templo. Ao final da tarde, retorna a Betânia (Mateus 21.12-13 e Marcos 11.15-18). O indignado levanta a sua voz

O indignado levanta o seu chicote

O indignado leva a sério a religião:

nascida no céu, vivida na terra

é, entre Deus e homem, sagrada relação.

O indignado expulsa do templo

quem faz dele espaço para a enganação.

O que fez permanece como um exemplo. Jesus ensina no templo em Jerusalém (Mateus 21.28-23.29, Marcos 12.1-44 e Lucas 20.9-21.4). O indignado levanta a sua voz para falar.

quando escuta os que duvidam por maldade.

Querem saber de onde vem Sua autoridade,

mas pérolas aos porcos não entregará.

Terça-feira Jesus retorna a Jerusalém e prediz a data de Sua execução e debate com líderes religiosos. Jesus vai ao monte das Oliveiras e fala do tempo do fim (Marcos 13.1-4).

Quarta-feira Judas é contratado para trair Jesus. Jesus é ungido em Betânia (Mateus 26.6-13, Marcos 14.1-9 e João 12.2-11). Judas é contratado para trair.

Uma mulher sem nome e sem fama

se aproxima para o Mestre ungir.

Judas termina seus dias esquecido na lama;

a anônima entra na história para não mais sair. Jesus chora, no Monte das Oliveiras. Ele lamenta ser rejeitado por Jerusalém e se entristece pela destruição iminente da cidade (Lucas 19.41-44). No monte das Oliveiras, onde canta e ora,

antes de alcançar do Calvário a elevação,

Jesus, que se fez homem total, chora

por Jerusalém de próxima destruição. Quinta-feira (18h às 23h30) Jesus toma a última Páscoa (primeira Ceia) com os discípulos em Betânia e lava os seus pés (Mateus 26.17-29, Marcos 14.12-25, Lucas 22.7-20 e João 13.1-38). Jesus convida para um jantar

os discípulos que o acompanham;

é assim que se despede dos que o amam.

Suas palavras todos vão guardar,

até hoje que Sua volta estamos esperar

para a festa que a eternidade vai durar.

Quinta-feira (23h30 à sexta-feira 1h) Jesus ora no Jardim do Getsêmani (Mateus 26.36-46, Marcos 14.32-42 e Lucas 22.40-46). O suor de Jesus, conforme o relato de um médico (Lucas 22.44), transformou-se em gotas de sangue, que caíram no chão. A partir da literatura médica, este fenômeno, conhecido tecnicamente como hematidrose, pode ser tomado como real e não apenas metafórico. A hematidrose acontece em casos de profunda ansiedade, como foi o caso. Finda o dia, começa a vigília

dos membros da sua família

que em três anos conseguiu formar.

Pode com eles o Mestre contar?

Não, que seu sono é bem mais forte.

É sozinho que espera a morte;

é sozinho que seu suor verte.

Sexta-feira (1h às 1h30) Jesus espera por Sua prisão (Mateus 26.36-46, Marcos 14.32-42 e Lucas 22.39-46). Quando beija, Jesus abençoa.

Quando beija, Judas atraiçoa.

Sexta-feira (1h30 às 3h) Jesus é julgado. Jesus, já cansado da noite em oração e da caminhada, amarrado pelas costas, passa por um julgamento preliminar diante de Anás (ex-sumo-sacerdote e sogro do então sumo-sacerdote José Caifás), levado por um grupo de funcionários do templo e de soldados romanos.

Jesus é torturado fisicamente. Jesus passa pelo segundo julgamento diante de José Caifás (genro de Anás) e da Corte do Sinédrio, a mais alta dos judeus, formada por sacerdotes, líderes, fariseus e escribas.

Jesus sangra, em função dos flagelos recebidos (Mateus 26.47-56, Marcos 14.53 e Lucas 22.47-54). Começa o interrogatório que não busca a verdade.

Começa a tortura, esta forma covarde de crueldade.

Para que defesa, se estava tudo combinado?

Para que palavras, se já estava condenado?

Por que não O ouviram quando pregou na colina?

Por que não quiseram receber Seu amor que ilumina?

Sexta-feira (3h às 5h) Jesus é preso no palácio de (José) Caifás (Mateus 26.57 e João 18.24). A conspiração, que se escondia no silêncio,

torna-se agora clara na luz do palácio.

Não se pode esperar justiça:

onde há ódio não há justiça.

Sexta-feira (5h às 6h) Jesus passa pelo terceiro julgamento. Sai a decisão para pedir ao governo romano para matar Jesus (Mateus 27.1, Lucas 23.1 e João 18.28). Diante do aterrorizado julgador

cresce o corpo do calador.

Jerusalém era cidade sem valor;

Roma não que lhe caberia melhor?

Sexta-feira (6h às 7h) Jesus passa pelo quarto julgamento. Seu juiz, Pilatos, afirma não ter encontrado pecado nEle (Mateus 27.11-14, Marcos 15.2-5, Lucas 23.1-5 e João 18.28-37). Pilatos é inteligente

e não vê pecado onde pecado não há.

Pilatos não é sábio

para um inocente libertar.

Ele lava sua mão,

mas não livra seu coração.

Sexta-feira (7h às 7h30) Jesus passa pelo quinto julgamento. Este julgamento se dá por meio de Herodes Antipas, filho de Herodes o Grande, que tinha jurisdição sobre a Galiléia. Jesus se recusa a responder a qualquer questão e é devolvido rapidamente a Pilatos (Lucas 23.7-11). Para que falar, se já estava condenado?

Para que defesa, se seus juízes queriam brincar?

Joguem-no, como bola, de um para outro lado,

que Seu lábio continuará plenamente fechado.

Sexta-feira (7h30 às 8h30) Jesus passa pelo sexto julgamento. Pilatos, não vendo crime digno de morte, tenta repetidamente libertar o acusado, mas os líderes judeus não aceitam. Pilatos, então, manda que Jesus seja açoitado, talvez para aplacar a fúria dos que pediam pela crucificação.

O açoitamento era executado com um chicote chamado flagelo, feito de couro de várias dobras, nas pontas das quais eram afixados bolinhas de metal, ossos de carneiro e outros objetos pendurados nas pontas. Os soldados, que se revezavam, ficavam em pé. O prisioneiro era curvado e preso a um objeto fixo, com as costas nuas voltadas para os soldados com o açoite na mão. Cada golpe atingia as costas, os braços, os ombros, as pernas e as panturrilhas. "Os pedaços de metal penetravam na carne, rasgando vasos sanguíneos, nervos, músculos e a pele". A flagelação causou em Jesus "sérios danos aos pulmões, costelas e à estrutura do corpo, levando-o a um estado de choque prematuro, manifesto por meio de extrema fraqueza, tremores, provável colapso do pulmão, ataques e desmaios", relato de Frederick T. Zugibe em “A crucificação de Jesus” (Mateus 27.26, Marcos 15.15, Lucas 23.23-24 e João 19.16). Sobre quem o sangue do inocente recairá?

Sobre aqueles que o hosanaram quando chegou?

Sobre aqueles que levaram a multidão por sua morte rogar?

Sexta-feira (8h30 às 9h) Jesus comparece ao Pretório. Soldados de Pilatos pegam Jesus no tribunal - Pretório - e se divertem com Ele, torturando-o e colocando uma coroa de espinhos na Sua cabeça. Os soldados, como uma forma de diversão, puseram nas mãos de Jesus um falso cetro de graveto, passaram por Ele, ajoelhando-se debochadamente, cuspiram nele, tiraram o cetro de Suas mãos e bateram com Ele em Sua coroa de espinhos e em Seu rosto, que ficou machucado.

Os golpes "na cabeça de Jesus ou nos espinhos irritaram os nervos e ativaram zonas nos lábios, do lado do nariz, ou no rosto, causando dor intensa, similar a uma queimadura ou choque elétrico. A dor era lancinante, atingindo as laterais do rosto e penetrando nos ouvidos. O sangramento decorria da penetração dos espinhos nos vasos sanguíneos", relato de Frederick T. Zugibe em “A crucificação de Jesus” (Mateus 27.27-31). Sobre quem o sangue do justo recairá?

Sobre aqueles que o fazem sangrar?

Sobre os que com espinhos o fazem coroar?

Sexta-feira (9h às 12h) Jesus leva Sua cruz. Jesus é forçado a carregar Sua própria cruz para a crucificação no Calvário. O centurião e o quaternio (quadro soldados) colocam a cruz sobre os ombros do condenado.

Como era costume para os condenados, Jesus carrega sozinho ladeira acima, e depois com a ajuda de um transeunte (Simão de Cirene), a barra horizontal da cruz, que pesava entre 22 e 27 quilos. A barra vertical já o esperava, como também era costume, no local da execução. As duas barras pesavam 80 quilos.

Jesus chega (já em choque traumático e hipovolêmico, na linguagem médica) ao lugar de Sua execução: o Calvário, ou Gólgota, ou Caveira (Mateus 27.32-34, Marcos 15.21-24, Lucas 23.26-31 e João 19.16-17). Um homem a tiros vai morrer,

mas tem que levar a arma e a munição

que em minutos o liquidarão.

Um homem vai morrer enforcado,

mas tem que preparar a corda

em que Seu pescoço ficará pendurado.

Um homem vai morrer crucificado;

não precisa comprar os próprios cravos,

mas tem que levar sobre o ombro sangrado

a própria cruz onde ficará dependurado.

Por que, se era justo? Por causa do meu pecado!

Sexta-feira (12h) Jesus é pregado na cruz (Mateus 27.35-36, Marcos 25.22-24 e Lucas 23.33). Quantas foram as marteladas?

Quantos foram os litros de sangue?

Quantas foram as bofetadas?

Quanto se divertiu a gangue?

Quantos foram os cravos usados?

Quantos socos foram dados?

Quantos panos foram rasgados?

Quantos insultos foram lançados?

Por que Seus lábios ficaram calados?

Sexta-feira (13h) Jesus clama pelo Pai: "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?" (Mateus 27.46, Marcos 15.34 e João 19.28-29). A agonia chega ao fim, um batismo de fogo,

a morte anunciada.

A Voz do Pai se ouviu no batismo anterior:

"Eis o meu Filho por quem tenho muito amor".

Agora, a palavra é negada.

"Por que, meu Senhor?"

Sexta-feira (14h) Jesus declara que tudo está consumado (João 19.30a e Lucas 23.46). A sétima palavra é o sétimo selo.

O selo revela o segredo.

A palavra guarda o mistério.

Este foi o Seu ministério:

combater sem medo,

amando com todo desvelo.

Sexta-feira (15h) Jesus morre. Acontece um terremoto (Mateus 27.51-52 e Marcos 15.37). O corpo não cai

por causa dos pregos e dos cravos

que o prendem à cruz.

Os músculos esmorecem,

os olhos se escurecem,

a vida se vai no pus. Soldados quebram as pernas dos outros crucificados, mas não as de Jesus (João 19.31-33).

Soldados furam o corpo de Jesus (João 19.34). Os soldados não conhecem o Roteiro

que diz que Seus ossos não serão quebrados,

como acontecia com todos os crucificados.

Os soldados se aproximam do madeiro

mas se contentam com o sangue que escorre

pela ponta da lança quando o Justo morre.

Sexta-feira (18h) Jesus é enterrado no túmulo de José de Arimatéia (Mateus 27.57-66, Marcos 15.42-47, Lucas 23.50-56 e João 19.31-42). Viva José de Arimatéia, rico duplamente.

de bens muitos e de amplo coração,

para doar um túmulo para guardar o corpo

de Quem, vivo, não teve dinheiro para o Seu,

embora Senhor dos bens e da hora,

Ele foi humilhado mais uma vez,

depositado num túmulo que não era Seu Mulheres veem o sepulcro (Marcos 15.47 e Lucas 23.55). Em raro silêncio, as mulheres não temeram a madrugada.

Nenhuma delas temeu ser assaltada.

Nenhuma delas aceitou a morte do filho de Maria.

Nenhum delas Seu corpo abandonaria.

Em raro silêncio, sem trocar uma palavra sequer,

foram ao sepulcro fazer o que lhes era mister:

cuidar do corpo dAquele que lhes ensinara viver.

Sábado Nada acontece Nada acontece

porque tudo acontece.

Em algum momento fora da história,

Deus profere sua palavra de glória.

Ninguém percebe,

o Espírito a rocha recebe

com a ordem que transcende.

De testemunhas Deus não depende

quando a morte fende.

Domingo Jesus aparece a Maria Madalena (Marcos 16.2-13 e João 20.11-18). Jesus não escolhe, para se dar a conhecer,

os grandes da terra, mas exalta uma pequena,

a há tanto tempo discípula Maria Madalena.

E na madrugada clara foi encontrar esta mulher. Jesus aparece a dois seguidores no caminho para Emaús (Marcos 16.12-13 e Lucas 24.13-35). Os discípulos de Emaús como o Jacó antigo são:

diante de Jesus e sob as chamas de sua presença,

não reconhecem a razão de tamanha ardência

e precisam esperar mais para ver a ressurreição. Jesus aparece a dez discípulos (Marcos 16.14, Lucas 24.36-43 e João 20.19-25). Ele aparece ao anônimo e ao pequeno,

até encontrar o querido grupo dianteiro:

até na ressurreição, atua a lógica do Reino:

é primeiro quem é ultimo; é ultimo o primeiro. Uma semana após a ressurreição Jesus aparece aos 11 discípulos (João 20.26-29). Diga-me, se puder,

meu querido Tomé:

você colocou mesmo o dedo

na ferida de Jesus de Nazaré

ou vai guardar isto como segredo? Duas semanas após a ressurreição Jesus aparece no Mar da Galiléia e conversa com alguns discípulos (João 21.1-25 e João 21.1-25). Ei-nos novamente e sozinhos no mar

lançando nossas redes para pescar.

Não temos mais o Mestre a nos ensinar;

mesmo na fome, não há peixes a pegar. Ei-nos novamente com Jesus no mar

lançando nossas redes para pescar.

Agora temos o Mestre a nos ensinar.

É tanto peixe que a rede pode se rasgar. Algumas semanas após a ressurreição Jesus aparece a 500 seguidores (1 Coríntios 15.6). Esperamos, reunidos, reunidos ficamos esperando.

cultuando, Ceando, adorando, jejuando

até que nosso Mestre apareceu.

Ele veio, nossas perguntas respondeu. 40 dias após a ressurreição Jesus aparece no Monte das Oliveiras e ascende aos céus (Mateus 28.16-20, Marcos 16.19-20, Lucas 24.44-53 e Atos 1.4-11). Jesus vivo. Uma vida com sentido.

Jesus morto. Um itinerário todo fosco.

Vivo, Ele vem para ir ao céu, sua morada.

De nós se despede, mas nos deixa abastecido

com a missão de sua graça anunciar

e os discípulos do mundo batizar

por nós mesmos a começar.

Nossa tarefa é missionária:

construir a ponte necessária

que permite ao céu a chegada.

Tarefa difícil, mas Jesus está conosco

até nossa história terminar.   Por ISRAEL BELO DE AZEVEDO - Pastor da IB Itacuruçá (RJ)  Via CBB

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