ao deserto, para ser tentado pelo diabo
(Mt 4:1)
Começamos com o Rito da Quarta-feira de Cinzas, simbolizando quebrantamento e consciência de pecado, o importante período do Calendário Cristão denominado de Quaresma. Nesses Quarenta Dias a Igreja nos insta a uma viagem interior, a uma introspecção, ao silêncio da alma, para que, nesse sincero autoconhecimento, possamos crescer espiritualmente. Por outro lado, a Igreja nos insta a olhar para a pessoa e a obra de Jesus de Nazaré, o Cristo, Nosso Senhor e Salvador, suas palavras e seus gestos, que respondem à nossa alma. Olhar para dentro e olhar para o alto nos permite ver melhor o resto, que não é tão resto assim, mas, sim, o campo da nossa missão.
Na Palavra de Deus, esse tempo começa com Jesus no deserto sendo tentando por satanás, o resistindo, e sendo servido pelos anjos. Nossa tendência natural é sempre de pensar esse deserto e essa presença satânica lá fora, no mundo. Mas, quando olhamos de perto para as cascas de banana e as maquinações dos fariseus, o papelão do Sinédrio, e a tentação de Judas (sem falar na expulsão dos vendilhões do Templo), percebemos que desertos e demônios se encontram, também e muito, no interior da instituição religiosa e a comunidade, e dentre aqueles domésticos da fé bem próximo de nós.
Essa é uma consciência chocante, desnorteante, mas necessária para a compreensão do ministério do mal e das lutas espirituais que somos demandados a travar. No interior do espaço religioso se multiplicam a tentação do poder e dos feitos espetaculares, do servir aos homens como ídolos, falsos deuses, que dividem e ministram o erro e o engano, e que muitos dos anjos que parecem nos ministrar, são, no fundo, anjos do mal.
Não devemos nos descuidar dos desertos e dos demônios que continuam lá fora, particularmente, nas falsas religiões e no secularismo, mas, com dor na alma, e muita decepção, abramos os olhos para os desertos e os demônios que passeiam pela Igreja, às vezes mais fortes e nos atingindo mais do que as suas expressões do mundo.
Essa tem sido a mais sofrida experiência espiritual de toda a minha vida, notadamente no Episcopado, e que gostaria de compartilhar e advertir nessa Quaresma, com os votos de crescimento espiritual para todo o Clero e Povo da Diocese do Recife, e para todos os que são vitoriosos nEle.
Das Cinzas, levantemo-nos como novas criaturas! Por Robinson Cavalcanti Via Pavablog
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