O Pr. Robert Beamish já era um ministro da igreja durante a maior parte de sua vida adulta quando um psicólogo o diagnosticou com autismo e sugeriu uma mudança de carreira.
“Sempre tive uma relação de amor e ódio com os rótulos, uma preocupação real de que eles possam se tornar algo que nos molda, até nos determina”, disse o pastor, que temeu por receber o diagnóstico, que poderia fazer com quer sua situação pudesse trazer “mais um obstáculo do que uma ajuda”.
As preocupações de Robert à criação de barreiras que impedem as pessoas de ver e realizar seu verdadeiro potencial. “Isso era o que eu mais temia quando fui diagnosticado com autismo (ASC) na casa dos 40 anos”, revelou.
Mas o pastor também comemora o fato de hoje o autismo ser mais bem compreendido do que nunca. “Já estamos muito longe dos dias em que, como uma criança desajeitada e muitas vezes zangada, minha mãe me levava aos médicos para obter ajuda, mas não havia caminho de apoio, então nada resultava da visita”, lembra.
“Felizmente, muitas áreas da sociedade estão entendendo que adaptações simples, como horários de silêncio em supermercados, podem ser de benefícios infinitos para aqueles que às vezes acham o mundo opressor”, diz.
Hoje com 44 anos, o Pr. Robert teve seu diagnóstico de autismo bastante tardio. “Isso significa que tenho bastante vida para olhar para trás com novas lentes. Isso é algo que ainda estou fazendo, mas posso dizer que há muitos momentos que agora fazem muito mais sentido para mim pelos olhos do autismo”, diz.
Juventude dedicada ao ministério
Robert iniciou seu treinamento de ordenação batista aos 22 anos e, além dos dois anos em que treinou e ensinou como professor de escola primária, estive em funções ministeriais formais em igrejas. “Fiquei muito chocado quando o psicólogo afirmou que, dado o meu diagnóstico e o que ele tinha visto, talvez fosse melhor para o meu bem-estar geral procurar outra carreira”, diz.
“Tenho sido ministro de uma igreja durante a maior parte da minha vida adulta, então seria uma coisa e tanto mudar de função, e isso sem considerar a experiência muito real para mim do chamado e provisão de Deus, através de todas as alegrias e tristezas de servindo a sua Igreja”, explica.
Por essa razão, Robert decidiu permanecer como ministro. “Mas minha avaliação clínica destacou uma série de questões em torno da minha saúde mental que acredito ter me ajudado a estabelecer limites melhores, o que acabou me levando a ser mais eficaz no serviço aos outros”, diz.
O pastor diz que “embora o ministério tenha sido a alegria da minha vida, ele parece exaustivo e opressor na maior parte do tempo”.
Mas sua nova condição, trouxe novos comportamentos, inclusive, daqueles com quem ele se relaciona. “Agora eu tenho um ‘passaporte de comunicação’, que posso dar aos outros para mostrar como eles podem se relacionar comigo. Isso inclui, notavelmente, orientação para que as pessoas sempre digam claramente o que querem dizer e tentem garantir que minha vida tenha um padrão estabelecido - coisas que não experimentei com frequência no ministério”, informa.
Lutar contra a falta de clareza na comunicação e as provações de um horário de trabalho em constante mudança não é exclusivo de ser autista, mas pesquisas mostram que as lutas podem ser intensificadas para aqueles que têm autismo.
“Ao longo da minha vida, Deus tem sido fiel e, vez após vez, tenho visto sua mão em ação de maneiras belas e redentoras. É a experiência com a fidelidade de Deus durante todo o tempo antes do meu diagnóstico de autismo que me mostra que posso confiar nele para os dias que virão”, testemunha.
“Saber que sou autista me motiva a lutar por uma Igreja onde seja um bom lugar para ser autista, onde falemos claramente uns com os outros e onde sabemos que muitas palavras podem ser usadas para nos descrever, mas em última análise é o trabalho de Cristo que nos define e nos une como a bela noiva”, declarou o pastor.
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