As escolas devem ensinar que, de acordo com a Constituição, o Estado é laico, o que significa, entre outras coisas, a separação entre igrejas e repartições públicas. Mas as próprias escolas são exemplos de que essa laicidade brasileira é mais um faz de conta porque uma parte significativa delas tem nomes religiosos.
Nossa Senhora, Jesus Cristo, São Francisco e Santo Antônio são os nomes mais comuns na lista de 160 mil estabelecimentos de ensino público do MEC.
No batismo de escolas, esses nomes superam até mesmo os de políticos, como José Sarney, no Maranhão, e ACM (Antônio Carlos Magalhães), na Bahia, conforme levantamento feito pela Folha de S.Paulo.
Muitas escolas têm o nome do mesmo santo ou de uma mesma denominação religiosa. Quinze delas se chamam Assembleia de Deus, em um caso de homenagem a uma religião evangélica, mas as referências católicas predominam.
Alguns nomes sugerem proselitismo, como o da Escola Municipal Só Jesus Salva, em Monte Santo (BA), e Jesus é o Caminho, em Igarapé-Miri (PA).
Como as escolas ensinam sobre a origem de seu nome, os alunos acabam sendo influenciados indiretamente por pregação religiosa, disse Luiz Antônio Cunha, que é coordenador do Observatório da Laicidade do Estado e professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Para ele, a fachada das escolas funciona como outdoor. É o uso privado do espaço público, afirmou.
Os estudantes mais atentos ao menos poderão aprender que algumas coisas da Constituição brasileira é para valer e outras não.
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