Especialistas analisam as origens da idolatria de Israel: ‘Influência de outros povos’

O documentário Nações em Conflito ilustra como os hebreus se envolveram com os egípcios, filisteus e cananeus.

Fonte: Guiame, com informações da Record TVAtualizado: segunda-feira, 10 de julho de 2023 às 17:53
Arqueóloga Christie Chadwik e hebraísta Luiz Sayão. (Foto: Captura de tela/YouTube Record TV)
Arqueóloga Christie Chadwik e hebraísta Luiz Sayão. (Foto: Captura de tela/YouTube Record TV)

O documentário “Nações em conflito”, exibido no último sábado (08) pela Record, falou sobre como Deus usou a pequena nação de Israel para “fazer algo grande nas nações do mundo”, conforme observou o pastor e hebraísta Luiz Sayão.

Participaram da entrevista a arqueóloga Christie Chadwick, o historiador Luiz Gustavo Assis, o professor da Universidade da Califórnia, William Schniedewind, o desembargador federal William Douglas, os especialistas em história do Oriente Médio, Yoel Belmont e Tomer Fucs Bar, o arqueólogo israelense Yosef Garfinkel, entre outros. 

Segundo Sayão, não existe uma ideia na Bíblia que seja étnica ou racial. “A questão é outra. O problema dos outros povos está nas crenças e nas propostas”, disse ao observar o motivo pelo qual Deus escolheu uma nação para ensinar ao mundo sobre seus preceitos e valores. 

Israel acaba sendo influenciado

Mas, conforme os especialistas, no lugar de influenciar as outras nações, Israel acabou sendo influenciado pelo politeísmo e culturas pagãs, conforme relata o seriado “Reis”

Christie Chadwick, que é doutora em Arqueologia Bíblica, disse que enxerga sua profissão como uma oportunidade de fazer uma ponte entre o passado e o presente para entender que a essência dos problemas daquela época são os mesmos de hoje — a idolatria. 

“A idolatria é a representação em forma física de um deus e a adoração a ele”, disse ao apresentar vários achados arqueológicos com formatos de animais. Ela explica que é difícil ao ser humano adorar algo que não se pode ver ou tocar, por isso a prática do politeísmo era extremamente comum em todo o Oriente. 

A má influência do Egito

O Egito era a superpotência da época e mantinha o povo de Israel como escravo. Os faraós eram os governantes e também considerados “reis divinos”, ou seja, endeusavam a si mesmos. 

A civilização complexa e agrícola também mantinha milhares de outros escravos provenientes de outros povos dominados pelo Egito, conforme lembra Sayão.

Apresentando-se como deuses, portanto, os líderes egípcios também faziam prevalecer a sua cultura, onde se destacava o incesto, a imoralidade sexual, o culto ao corpo e o sacrifício de crianças.

Filisteus também corromperam a fé dos israelitas

De acordo com observações do pastor e da arqueóloga, os filisteus também influenciaram muito na fé dos israelitas, inclusive na liderança. 

O rei Saul chegou a consultar uma pitonisa na tentativa de falar com o profeta Samuel que já estava morto, para saber o que aconteceria no futuro, na ocasião em que Israel estava para ser atacado. 

Saul acabou morto pelos filisteus enquanto esteve em batalha e sua cabeça foi levada para o Templo de Dagom, o deus venerado por aquele povo. 

O pecado dos cananeus 

Entre os cananeus, os israelitas foram influenciados por uma cultura politeísta e que venerava a “rainha do céu” — uma divindade ligada à fertilidade e sexualidade.

O historiador Tomer observa que os israelitas prestavam culto a Aserah, deusa dos cananeus, que era representada por uma pedra, uma forma que eles encontraram de não chamar a atenção para suas práticas pagãs e que ofendiam ao verdadeiro Deus. 

Sayão explica que os cananeus influenciaram os israelitas dizendo que eles precisavam “fazer as honras da terra”, caso contrário não teriam uma boa colheita. “Daí entendemos a dinâmica do israelita e o porquê ele se sentia confuso e dividido”, disse.  

Entre os cananeus havia também a tribo dos moabitas que faziam sacrifício infantil  ao deus Moloque. A Bíblia conta que um rei moabita chegou a sacrificar o próprio primogênito recém-nascido.

Livre do jugo da idolatria

Conforme a Dra. Christie, foi somente na época de Davi que Israel conseguiu se libertar do jugo da idolatria. E foi quando Israel passou a ser mais forte no sentido de influenciar as nações e não ser influenciado. 

Mas, depois de Davi, veio Salomão que se envolveu com nações estrangeiras novamente, ao ponto de se casar com muitas mulheres e seguir os deuses delas. 

“Não importa quanta sabedoria você tem, se não for humilde para continuar em sintonia com Deus, você não está imune”, observou Sayão sobre a prática da idolatria que continua a trazer consequências terríveis à humanidade. 

“Todos esses povos antigos estão no museu, viraram ruínas e o povo de Israel permanece até hoje. Nada é mais impressionante na influência da história humana do que os desdobramentos desse monoteísmo em todo o planeta”, disse ao concluir que todos os povos são convidados a entrar para a família de Israel. 

“Deus não é uma tribo exclusiva, Ele age por meio de um povo pequeno para fazer uma coisa grande que atinge todas as nações”, finalizou. 

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