Evangélico, goleiro Marcelo, da Cabense, pode ter sido demitido por religião

Evangélico, goleiro Marcelo, da Cabense, pode ter sido demitido por religião

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:26

No title A dispensa do goleiro Marcelo da Cabense na última quarta-feira pegou de surpresa quem tem acompanhado o Campeonato Pernambucano. Titular da equipe desde o incício da competição e capitão durante as primeiras rodadas, o jogador era um dos líderes do elenco do Azulão, que está nas primeiras colocações do Estadual há várias rodadas.

Surgiram rumores de que a demissão do jogador esteve relacionada a problemas particulares com o treinador Rogério Zimmerman que envolveriam religião. Marcelo é evangélico e externa a sua fé constantemente, e Zimmerman, que, segundo boatos, seria ateu, teria exigido que todos os atletas parassem de manifestar a sua fé nas atividades do grupo. A dispensa do goleiro aconteceu no dia em que ele foi à sala de Carlos Kila, diretor de futebol do clube, cobrar o pagamento do salário que estava atrasado havia cinco dias - o que, convenhamos, é pouco para externar insatisfação.

O Blog do Torcedor entrevistou Carlos Kila, que deu a versão da Cabense dos fatos. Confirmou que a demissão aconteceu no momento em que Marcelo foi cobrar o salário atrasado, mas afirmou que os motivos foram tão-somente disciplinares, e de forma alguma relacionados com religião.

Segundo Kila, Marcelo não estava seguindo a conduta profissional que a Cabense espera. Pequenas atitudes do goleiro, levado à equipe pelo ex-técnico Adelmo Soares (que trocou o time para treinar o Central, por volta da quinta rodada), demonstavam isso.

"Depois da saída do Adelmo ele começou a ter alguns problemas no regulamento interno. Não queria utilizar o uniforme do time nos treinos e no aquecimento dos jogos; em vez disso, usava camisas falando sobre Deus. Não tem problema nenhum de colocar a camisa por baixo, os jogadores fazem isso, mas nós temos que respeitar a questão de publicidade. Além disso, ele dava entrevista sem material do clube. Ia nas refeições de chinelo de dedo, e a gente pedia para todos os jogadores irem de tênis", relatou Carlos Kila.

Uma atitude específica, no entanto, chamou a atenção. Marcelo faltou com respeito à pessoa do treinador. "Rogério deu uma palestra, num dia de jogo, falando num tom mais ríspido, e ele falou perguntando se o treinador estava em tensão pré-menstrual (TPM). Aí, ele perdeu o posto de capitão", revelou o dirigente, reforçando que os problemas eram de ordem disciplinar, e não de religião.

"Não tem ninguém aqui que não acredita em Deus, todos nós fazemos a nossas orações, cada um com a sua religião. Todo mundo, antes de entrar em campo, em todos os jogos, faz aquela roda de oração, com pai-nosso, ave maria, e se reza pedindo proteção", disse. "O Rogério também é católico. Ele só acha que a religião não pode estar à frente do trabalho. É preciso seguir o regulamento", completou.

Kila enfatizou que Marcelo é um ótimo goleiro, mas que não pode se considerar maior que o clube. "A condição de goleiro dele é excepcional, eu acho que poderia jogar em qualquer dos clubes grandes daqui do Recife, mas a gente da Cabense não precisa se sujeitar a isso. A gente luta com tanta dificuldade, e pouco patrocínio. Não é fácil fazer um trabalho como estamos fazendo e jogar tudo por água abaixo. E ele não tinha esse entendimento, achava que poderia estar jogando no Real Madrid, no Barcelona", declarou Kila.

Por fim, o dirigente elogiou o goleiro que assumiu a titularidade. Delone, de 23 anos, já atuou na partida contra o Araripina.

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