Os familiares das vítimas do "Domingo Sangrento" reuniram-se na última quarta-feira, 16, com os líderes da Igreja Protestante da Irlanda do Norte, num gesto de reconciliação entre as comunidades historicamente divergentes da província britânica.
O encontro ocorre um dia depois de ter sido divulgada a investigação do juiz Lorde Saville, que inocenta as 14 pessoas mortas por disparos do Exército britânico na cidade de Londonderry a 30 de janeiro de 1972, durante uma manifestação pelos direitos civis dos católicos no bairro de Bogside.
A iniciativa, proposta pelos religiosos protestantes, pretendeu também calar as críticas de alguns políticos unionistas, que questionam o custo económico de 12 anos de investigação de Saville, que foi superior a 200 milhões de euros.
Num comunicado conjunto, o bispo protestante de Derry e Raphoe, Ken Good, o moderador da Igreja Presbiteriana, Norman Hamilton, e o presidente da Igreja Metodista, Paul Kingston, declararam que "as grandes nuvens que escureceram Derry durante décadas comecem a deslocar-se".
Os líderes protestantes leram a nota no simbólico monumento erigido no coração do bairro de Bogside com as famílias, às quais ofereceram uma estatueta para marcar este encontro.
"Acreditamos, afirma a nota, que o relatório Saville representa um desafio e uma oportunidade para forjar novas e mais estreitas relações na nossa comunidade".
Alguns representantes das famílias das vítimas deslocam-se hoje a Dublin para se reunirem com o primeiro ministro irlandês, Brian Cowen.
Depois de conhecer o relatório, Cowen declarou que acredita que as conclusões do texto sirvam para "sarar feridas" da "injustiça" cometida na cidade da Irlanda do Norte a 30 de janeiro de 1972.
Entretanto, famílias das vítimas, advogados e militares opunham-se hoje à hipótese de levar a julgamento os soldados que dispararam naquele domingo de janeiro de 1972 contra a multidão de católicos.
'Trinta e oito anos depois, foi feita finalmente justiça' era o título da primeira página do Guardian (esquerda) que em uníssono com uma grande parte da imprensa britânica considerou hoje que o assunto ficou encerrado com a publicação do inquérito.
O relatório omite qualquer recomendação sobre a criação de processos judiciais e o ministério público de Belfast assegurou na terça-feira que iria estudar "o mais rapidamente possível as conclusões" do inquérito.
As famílias das vítimas exultaram com a publicação do relatório, principalmente depois do pedido de desculpa do primeiro ministro britânico, David Cameron, que declarou estar "profundamente desolado".
Mas alguns familiares querem ir mais longe e põem a hipótese de levar os militares à justiça.
A hipótese de serem levados à justiça deve ser "seriamente examinada", afirmou Michael Mansfield, um dos principais advogados das vítimas.
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