O expediente começa com uma oração. Um momento que os comerciantes têm para falar com Deus. Só depois é a hora de iniciar as vendas de livros, óculos e CDs. A rotina diferenciada já virou costume em muitas lojas na galeria Pedro Jorge, no Centro de Fortaleza. É lá onde a maioria de comerciantes evangélicos se concentra. Livrarias, óticas e lojas de eletrônicos fazem questão de divulgar em grandes fachadas seus valores cristãos e sentem um retorno positivo nas vendas diante dessa atitude.
A ótica dos Evangélicos Gospel é uma delas. A proprietária é evangélica e decidiu criar uma loja que atendesse preferencialmente aos fiéis das igrejas. "No início, estávamos voltados apenas para os evangélicos. Hoje tentamos não rotular mais", explica a diretora de operações da rede de óticas, Hailane Flanklin. Mesmo com a mudança no foco, quase 90% dos clientes permanecem sendo de evangélicos. Em 10 anos, a ótica cresceu e se multiplicou. São 11 lojas e com previsão de inaugurar mais duas até o fim do ano.
O crescimento dos evangélicos no Estado tem gerado uma concorrência acirrada por esse público. "Muitos já perceberam que o mercado evangélico é um bom negócio. A concorrência é grande e precisamos mostrar muito profissionalismo", completa.
A ótica conta com mais de 70 funcionários, a maioria também evangélica. Entretanto, Hailane explica que a religião do funcionário não é requisito para a contratação. "Estamos interessados em profissionais competentes e esforçados. Ser da igreja é o que menos importa", diz. Foi o que ocorreu com a gerente Sara Melo, 35. Ela tornou-se evangélica só depois da contratação. "Conheci mais sobre Deus aqui na loja e decidi me converter".
Na livraria Casa da Bíblia, os proprietários e a maioria dos funcionários e clientes também são evangélicos. "Muitas vezes os funcionários dão um conselho espiritual e mostram qual título é o mais indicado para o problema do cliente", comenta a empresária Lucia Lira.
Há 20 anos no mercado, a loja matriz da Casa da Bíblia, também localizada na galeria Pedro Jorge, já passou por três reformas. São mais de 300 mil bíblias vendidas por ano. "A clientela está maior porque a cada dia aumenta a necessidade das pessoas conhecerem a Deus", garante Lira.
O aposentado Napoleão França, 74, é cliente da loja há muitos anos. Ele é evangélico e tem preferência por estabelecimentos comerciais cristãos. "É uma forma de abençoar nossos irmãos em Cristo", acredita.
De acordo com o Ministério de Apoio com Informação (MAI), a partir de dados do IBGE, o número de evangélicos chega a 1,4 milhão no Estado. A proporção saltou de 8,2% para 16,2%. O novo perfil religioso pode ser percebido com o acréscimo de templos religiosos. A Federação das Igrejas Evangélicas do Estado do Ceará estima em 3,5 mil templos evangélicos apenas na capital.
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