Filme egípcio fala do amor entre Romeu muçulmano e Julieta cristã

Filme egípcio fala do amor entre Romeu muçulmano e Julieta cristã

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:24

O amor entre um "Romeu" muçulmano e uma "Julieta" cristã e seu impossível sonho de se casar, relatado no filme egípcio Cairo Exit ("A Saída do Cairo", na tradução livre do inglês), se choca com a rejeição dos coptas, cuja religião veta este tipo de relação.

- A projeção do filme vai aumentar ainda mais a tensão, porque a Igreja egípcia não permite o casamento de uma pessoa cristã com alguém de outra religião - disse à Agência Efe o advogado copta Naguib Gibrael.

A Saída do Cairo, cuja estreia está prevista para o fim do ano, narra as dificuldades enfrentadas por uma cristã e um muçulmano para se casar, além de viverem em meio a uma situação econômica complicada.

No início, o filme mostraria a relação entre uma muçulmana e um cristão - um tipo de casamento proibido pelo islã -, mas, ao ser rejeitado pela censura, os roteiristas tiveram que mudar o roteiro, como conta o produtor do filme, Sherif Mandur.

- Assistir no cinema a uma relação entre um cristão e uma muçulmana seria um choque para os espectadores árabes. Por isso, decidimos suavizar o efeito - disse Mandur.

No entanto, o casamento de um homem muçulmano com uma mulher cristã é aceitável no islã. O próprio profeta Maomé se uniu com uma copta, com são conhecidos os cristãos jacobitas do Egito.

Para o produtor cinematográfico, "o cinema é um espelho que reflete a sociedade e, como há muitas histórias reais de meninas cristãs que se apaixonam por homens muçulmanos e se casam, é interessante mostrar isso na ficção".

O filme de Mandur, que, segundo ele, é uma "simples história de amor entre Romeu e Julieta", aborda vários tabus da conservadora sociedade egípcia, como o aborto e as tentativas de recuperar a virgindade.

No entanto, para os coptas, a projeção de um "amor proibido" é o pior de todos os tabus, especialmente agora, em um momento em que a Igreja está envolvida em uma polêmica com a Justiça civil, que declarou lícito o casamento religioso de uma pessoa divorciada, mesmo sem a separação ser reconhecida pela Igreja.

A minoria cristã, que representa 10% dos quase 80 milhões de egípcios, diz frequentemente que sofre discriminação da maioria muçulmana.

- A aprovação deste filme pela censura é um insulto ao cristianismo - disse o advogado Gibrael, que se perguntou: - Por que a censura não aprovou um filme que mostrava a relação entre um cristão e uma muçulmana e não diz nada quando se trata do contrário?.

Gibrael demonstrou à Agência Efe sua disposição a, junto com outros advogados coptas, pedir a proibição do filme no Egito e organizar manifestações de protesto.

Um advogado que defende os direitos dos coptas já denunciou toda a equipe do filme perante a Justiça e pediu que a gravação não continue por considerá-la um insulto ao cristianismo.

No entanto, para o produtor Mandur, estas denúncias servem para fazer publicidade em favor do seu longa-metragem, antes mesmo de sua estreia.

- Já sei que o filme é polêmico, mas levei tempo buscando um roteiro sobre as tensas relações entre os cristãos e os muçulmanos no Egito, até que finalmente o encontrei - disse Mandur. - Tenho certeza de que os cristãos não radicais vão gostar - concluiu.

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