“Hoje a Igreja não é sustentada pelo amor, mas pela performance”, diz pastor

O pastor Ed Rocha afirma que, em algumas igrejas, as pessoas não podem ser quem foram chamadas para ser, e acabam se formatando dentro de um molde predeterminado.

Fonte: GuiameAtualizado: terça-feira, 11 de julho de 2017 às 19:24
O pastor Ed Rocha é líder do Pier49, um movimento de discipulado orgânico no Rio. (Foto: Pier49Movement)
O pastor Ed Rocha é líder do Pier49, um movimento de discipulado orgânico no Rio. (Foto: Pier49Movement)

Você faz parte de uma igreja ou senzala? As reflexões feitas pelo pastor Ed Rocha, líder do Pier49, um movimento de discipulado orgânico no Rio de Janeiro, têm sido expostas em uma websérie que foi concluída na última quarta-feira (5).

Falando sobre a diferença entre os sistemas de igrejas centralizadas e descentralizadas, Rocha observa que há muitas igrejas onde as pessoas não têm liberdade para confrontar o seu líder.

“Existem igrejas que querem formatar você”, afirmou o pastor. “Numa igreja com o sistema senzala, as pessoas são atraídas pela presença de Deus, mas são estimuladas — muitas vezes de forma sutil e subliminar — a serem formatadas”.

Rocha acredita que pastores de grandes congregações, compostas por centenas ou milhares de membros, não conseguem influenciar seus fiéis a nível pessoal. “A psicologia diz que você consegue influenciar até 100 ou 150 pessoas no máximo. Passando disso, o relacionamento passa a ser plástico”, ele observa.

“Em um modelo de liderança centralizada, as pessoas não podem ser quem são, dizer o que pensam e se expressar como gostariam. Elas acabam se formatando dentro de um molde predeterminado que, muitas vezes, é contrário à sua própria natureza. As pessoas acabam abraçando os hábitos, os jargões, a linguagem, o comportamento e a cultura daquela igreja para se sentirem parte do grupo”, avalia Rocha.

Discipulado que gera avivamento

Como se comporta uma igreja que irá gerar um verdadeiro avivamento e influenciar a sociedade? Para Rocha, a resposta está no sistema de liderança de Jesus Cristo.

“Jesus liderava através da humildade e do serviço. O sistema de liderança de Jesus não é centralizador, não depende tudo dele. Pelo contrário, ele empodera as pessoas e compartilha a autoridade que ele tem”, o pastor observa.

Rocha destaca que o discipulado de Jesus era baseado na afetividade. “Jesus chamou para serem discípulos quem ele queria. Na igreja você acaba tendo que discipular pessoas que não escolheria. Mas o sistema te força a isso, porque é um sistema de discipulado geográfico. A afetividade não é levada em conta a afetividade e você acaba recebendo pessoas que você não deveria confiar a intimidade do seu lar”.

Quando é aplicado o modelo de discipulado por afetividade e a igreja possui um sistema descentralizado, Rocha explica que o relacionamento é baseado na familiaridade. “Quando há um relacionamento baseado em amor, é possível olhar nos olhos e dizer o que se pensa, porque não há medo de perder o relacionamento. Quando o relacionamento é baseado em comportamento, a pessoa fica sempre preocupada em ofender, fazer algo errado e perder a conexão”.

“Nesse tipo de relacionamento comportamental, nós somos peças na máquina”, o pastor ilustra. “A partir do momento em que a peça está defeituosa, ela é trocada e esquecida. É colocada uma peça nova que faz a máquina continuar funcionando. Muitas igrejas têm essa mentalidade de máquina, onde quando você não começa a funcionar de acordo com o padrão, é trocado por outro que funcione”.

Embora o pastor defenda que todos devem ter uma função no Corpo de Cristo, ele acredita que o comportamento não pode ser exigência para que uma pessoa seja parte disso.

“O problema é que hoje, em nosso sistema eclesiástico, o que sustenta a igreja não é o amor, mas sim a performance. Só quando nós abraçarmos o modelo de discipulado por afetividade e de igreja descentralizada que Jesus deixou para nós, iremos viver a plenitude do nosso chamado como igreja, que é ser uma família”, Rocha conclui.

Confira os episódios anteriores aqui. Abaixo, veja os vídeos dos episódios 3 e 4:

 

 

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