Uma congregação batista de Indiana (EUA), filiada à CBF (Cooperative Baptist Fellowship) e também à Aliança Batista Mundial, ordenou o primeiro “pastor transgênero” confirmado na história da denominação.
Vale lembrar que, em 1999, a igreja deixou a Convenção Batista do Sul, que é conservadora e considerada a maior denominação nos Estados Unidos.
Laura Bethany Buchleiter, que se identifica como mulher, foi ordenada na Igreja Batista da Universidade de Bloomington, em uma cerimônia realizada no mês passado.
Em entrevista ao Christian Post, na terça-feira (15), Buchleiter lembrou da falecida escritora cristã progressista, Rachel Held Evans, por ter ajudado a reacender o seu interesse no ministério pastoral, que era um desejo desde a infância.
Incompatibilidade com o cristianismo
Muitos teólogos como Robert Jeffress, que é pastor de uma mega igreja batista no Texas, argumentaram que a ideologia transgênero é inerentemente incompatível com o cristianismo.
“Não é tão confuso”, disse Jeffress em um sermão de 2016. “Em Mateus 19.4, as palavras de Deus são aplicáveis. A Bíblia diz: 'Deus os fez desde o princípio homem e mulher', não homem, mulher e ponto de interrogação. Deus determinou quantos sexos existem, e são apenas dois, não três”, argumentou.
Mas Buchleiter se apoia em pessoas com pensamentos totalmente contrários a esses, fazendo questão de citar a escritora Rachel Held Evans como grande incentivadora de seu desejo antigo.
“Ela me apresentou a comunidades compatíveis com pessoas LGBTQ”, lembrou. Depois contou que participou de várias conferências, estudou e passou a fazer parte da Igreja Batista Wilshire, em Dallas, no Texas, onde encontrou uma “igreja aberta”.
“Foi lá que o chamado para servir a Igreja foi reavivado em mim”, afirmou. Agora Buchleiter assumirá o papel de “pastor interino” por quatro meses na congregação da United Church of Christ em Green River, Wyoming.
“Rebelião contra o plano de Deus”
Para o teólogo Robert Jeffress, a confusão de identidade de gênero é um distúrbio emocional que deve ser tratado com profissionalismo e compaixão.
“A confusão de identidade de gênero não deve ser explorada por ativistas sociais”, disse ao se referir àqueles que negam a distinção dada por Deus entre os sexos. “Esta é uma rebelião contra o plano de Deus”, enfatizou.
Em resposta, Buchleiter disse: “Acredito que aceitar as complexas expressões de gênero que temos visto ao longo da história humana não é uma afronta à soberania de Deus, mas um testemunho da imensa criatividade de Deus”.
“No meu caso, isso ficou ainda mais demonstrado quando fui diagnosticado com uma condição intersexual, tendo nascido com os dois órgãos, tanto masculino quanto feminino”, continuou.
“Eu teria que entender meu corpo como um erro ou admitir o fato de que Deus é realmente o Criador e me fez fora dos limites binários de gênero”, argumentou. Buchleiter também traçou um paralelo falando da aceitação dos eunucos por Jesus, citando um texto bíblico.
“Alguns são eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens; outros ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem puder aceitar isso, aceite”. (Mateus 19.12)
Buchleiter também disse que reconhece que “a identidade LGBTQ não está diretamente ligada ao status de 'eunuco' dos tempos bíblicos”.
“Meu chamado para o ministério ordenado não se destina a servir ao conforto de todos e nem requer a afirmação de todos”, insistiu.
Sobre a formação de Laura Bethany Buchleiter
A pastora Annette Hill Briggs, da Igreja Batista da Universidade, explicou ao Christian Post que a ordenação de Buchleiter aconteceu depois de dois anos de estágio de ministério supervisionado e que a graduação foi acompanhada de um mestrado em divindade.
“Buchleiter é membro da Igreja Batista da Universidade há quatro anos”, disse ao defender sua ordenação após a averiguação de sua experiência. Ela reforçou dizendo que confirma o “óbvio chamado de Deus para o ministério pastoral” de Buchleiter.
Briggs explicou que a ordenação foi uma decisão popular, pois foi aprovada por unanimidade pela igreja e que ninguém havia deixado a congregação como forma de protesto.
“Noventa e nove por cento das respostas que recebemos, presenciais e online, têm sido de grande apoio, enquanto somente um punhado de estranhos têm se manifestado contra nós”, informou.
“Ninguém aceitou meu convite para conversar sobre nossas diferenças, para que pudéssemos testemunhar sobre nossa unidade em Cristo”, concluiu.
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