Igreja evangélica na Cidade de Deus adere a "moeda social"

Igreja evangélica na Cidade de Deus adere a "moeda social"

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:17

Criados há três meses na favela da Cidade de Deus, o banco comunitário e a moeda social CDD geram os primeiros frutos, fomentando o comércio local e aumentando a autoestima dos moradores. Iniciativa criada no fim da década de 1990 no Conjunto Palmeira, em Fortaleza, no Ceará, o modelo gerado pelo Instituto Palmas contempla 60 bancos pelo País, financiando comércio, serviços e pequenos negócios locais.

A CDD é a primeira moeda social da cidade do Rio de Janeiro. No estado, há experiências semelhantes no bairro de Saracuruna, em Duque de Caxias, e no Morro Preventório, em Niterói.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário, Marcelo Henrique da Costa, explica que o banco comunitário não muda a realidade de uma localidade. Mas sugere que, associado a uma série de outras iniciativas, do poder público e do setor privado, pode transforma a realidade das pessoas. “O banco comunitário aponta a possibilidade de produção e comercialização de produtos de uma localidade, fortalecendo a economia local”, destaca o secretário.

Apesar de nova, a moeda CDD já foi encampada por cerca de 200 comerciantes, cerca de 25% dos que atuam na Cidade de Deus. Um CDD vale R$ 1, mas, ao ser usada nos estabelecimentos cadastrados, o morador ganha desconto ao comprar um produto ou consumir um serviço.

Marcelo Henrique da Costa diz que, além de fomentar a economia local, a moeda e o banco comunitário melhoram a autoestima dos moradores. “Eles percebem que o ambiente de negócios da região cresce também”, diz.

De acordo com Costa, o banco social oferece também microcrédito, para que os comerciantes invistam em seus empreendimentos. Mas reconhece que a própria prefeitura ainda precisa desburocratizar o sistema para que, quem hoje trabalha na informalidade seja motivado a formalizar o seu negócio.

Moeda mudou a forma de comprar e de vender Há quatro dias do Natal, os nove mil CDDs que circulam na Cidade de Deus, conjunto residencial da Zona Oeste, fomentam o comércio local. Eles estão na padaria, no supermercado, no cabeleireiro, no brechó, na sorveteria e até na Igreja Batista Cristã Evangélica Pentecostal. Em três meses de implementação da moeda social, o dinheiro com a cara da localidade já se tornou referência para os microempresários, que contrataram mais e tiveram mais lucros.

Com três linhas de crédito para moradores, o Banco Comunitário que gere o CDD acabou sendo um alento para quem não conseguia recursos ao iniciar um negócio. O futuro empresário da região consegue valores de R$ 150, sendo beneficiário do programa Bolsa Família, R$ 400 destinado às mulheres chefes de família e R$ 800 para pequenos empreendedores. E os juros cabem no bolso: variam de 1% a 3% ao mês.

A gerente do Banco Comunitário, Ana Lúcia Pereira, explica que a entidade serve exatamente para estimular o pequeno empresário ou aquele cidadão que quer entrar no ramo, mas não encontra benefícios em outras instituições financeiras. “Morador também consegue empréstimos de até 100 CDDs sem precisar ser microempresário”.

Mas o banco segue regras rígidas para inadimplentes. O devedor que não paga o empréstimo tem o nome incluído no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e no Serasa.

Ana Lúcia explica que, antes, há uma tentativa de acordo, através de uma conversa direta. “É tudo mais na base do diálogo. Afinal, todos vivem aqui perto da gente, circulam por aqui. Procuramos saber o que realmente acontece para evitar constragimentos”, diz a gerente.

O comerciante Marcos Teixeira, de 44 anos, já conseguiu contratar mais empregados depois que adotou a moeda social. “Tinha dois funcionários e agora tenho cinco. O bacana é que a moeda possibilita esse fomento, porque as pessoas compram mais mesmo”, afirma o microempresário, satisfeito com a CDD.

Trocas com dinheiro próprio é rotina em Caxias e Niterói Em Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a Saracura já é referência para pequenos consumos, como lanches e serviços.

O Banco Comunitário de Saracuruna tem agora fomentado a moeda social também nas escolas. Em palestras, busca-se preparar os estudantes, um trunfo para o comércio local.

Do outro lado da Baía de Guanabara, o Prevê também vai ganhando espaço na favela do Preventório, em Niterói. Implementado em setembro deste ano, o dinheiro social já é encontrado em bares, nos mercados e outras lojas das ladeiras do morro. Antes, moradores preferiam ir até o supermercado de fora para fazer as compras do mês. Mas a situação se inverteu com os descontos fornecidos pelo Prevê no mercado.

O uso da moeda social foi adotado com apoio da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da distribuidora de energia elétrica Ampla.

  Com informações do O Dia

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