"Jesus é o caminho, não a religião" diz pastor que queimou Alcorão

"Jesus é o caminho, não a religião" diz pastor que queimou Alcorão

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:48

Na esperança de transmitir os verdadeiros pensamentos e motivos por trás da controversa queima do Alcorão pelo pastor Terry Jones, da Flórida, que provocou vários protestos e mortes no Afeganistão como retaliação, a DoersTV.com publicou a matéria inédita em seu site sobre as motivações do pastor.

"Mesmo esta entrevista tendo acontecido antes da queima do Alcorão, eu pensei que seria do maior interesse mundial saber como pensa e que motivos alega o pastor Terry Jones", expressou David Wright, quem publicou a matéria.

"Eu realmente acredito que uma vez que esta entrevista for ao ar, ela irá mostrar a todos os povos, muçulmanos e cristãos, o verdadeiro motivo por trás das ações do pastor e as pessoas vão ter a sua própria opinião para julgar suas ações e palavras.

Esperamos que este material bruto, de alguma forma, possa ajudar a pôr fim à violência devido as ações do pastor", explica. A entrevista abordou diversos aspectos fundamentalistas, incluindo a sua suposta versão sobre os muçulmanos, visão de outros pastores, e o desejo de libertar os cristãos perseguidos.

Para clarificar a sua opinião sobre os muçulmanos, Jones explicou que ele e seus fiéis companheiros tentaram em todas as entrevistas enfatizar o fato de que a sua mensagem era dirigida aos muçulmanos radicais.

"Acreditamos que os muçulmanos na América precisam estar dispostos a obedecerem, se submeterem e respeitarem a Constituição dos Estados Unidos... A nossa mensagem não é contra os muçulmanos ou contra o muçulmano moderno. Nossa mensagem é claramente contra esse elemento radical que tenta substituir ou adicionar à nossa Constituição, a Lei Sharia. "

Reconhecendo que, embora os muçulmanos também tenham o direito de praticar sua própria religião, assim como ele, não tinham o direito de praticar a sua própria América. Jones ainda queria “alertar a sociedade, o governo, os cristãos, e talvez ainda incrédulos com a "natureza real e verdadeira dessa religião."

O que começou como um sinal para chamar a atenção para a religião, se transformou no Dia Internacional da Queima do Alcorão e recentemente na gravação do livro sendo queimado depois que foi encontrado "culpado" de incitar assassinatos, estupros e atividades terroristas em um julgamento simulado em sua igreja, em Gainesville.

Quando questionado sobre o que vê no Alcorão que acha tão perigoso para os cristãos para queimá-lo, o Jones disse: "Não importa o quão bom você o julgue, nós como cristãos acreditamos que há apenas um caminho... Só existe uma religião verdadeira [e] só há uma verdadeira palavra de Deus. Jesus disse claramente que ele é o caminho, a verdade e a vida... Nesse aspecto, devemos partilhar com os muçulmanos que o Islã é o caminho errado. Qualquer religião que leva você para o inferno em vez de para Jesus Cristo é do diabo."

Chamando os outros cristãos e pastores de "covardes" por não se juntarem a ele, confessou: "Eu posso entender se alguém disser que a queima do Alcorão é demais... Eu não teria problema com isso. Mas os cristãos deveriam ter dito: ‘ok, ele errou em queimá-lo, mas também está dizendo que o Islã é mal, a lei Sharia é errada, o Islã radical é errado...’ Eles deveriam ter ficado conosco nisso, mas simplesmente não têm qualquer coragem", afirma.

Bongoyok Moussa, professor assistente de Estudos Interculturais na Universidade de Biola, disse ao Christian Post, que apesar de concordar que Jesus é o único caminho para a salvação, Jesus não enviou os cristãos a odiarem outras pessoas ou atacá-las.

"Ao contrário, ele está enviando-nos em paz com a mensagem de paz, com a boa notícia, com uma mensagem de amor, e é por isso que ainda podemos proclamar que Jesus é o único caminho, sem usar uma linguagem que envia sinais diferentes para os muçulmanos ao redor do mundo", observou Bongoyok.

Quando instado a comentar se o Islã era mau como o Pastor Jones alegou que era, Bongoyok disse: "Eu não olho a religião, porque quando olhamos para as religiões... todas as religiões estão realmente longe de servir a humanidade, incluindo o cristianismo. É por isso que Jesus é o caminho, não a religião.”

"Nós não estamos salvos, por meio do cristianismo, mas através da pessoa do Senhor Jesus Cristo. Dito isto, todos os seres humanos são pecadores. Não importa a religião que pratica, eles, nós - todos somos pecadores. É por isso que nós precisamos de Jesus", acrescentou o professor.

Jones, se defendeu: "Estamos fazendo isso porque Deus nos disse para fazermos". "Eu não sei se um monte de pastores prega o que Deus disse-lhes. Eu acho que eles pregam mensagens para sua congregação que eles sabem a congregação vai gostar", afirmou.

A primeira tentativa de queimar o Alcorão foi, segundo ele, para homenagear os que morreram no atentado de 11 de setembro. "Nós realmente sentimos na oração que Deus nos disse para não fazê-lo mais. Sentimo-nos como no exemplo de Abraão. O que os cristãos se esquecem é que Deus também faz coisas radicais. Deus disse a Abraão para sacrificar seu filho. O que é muito mais radical do que queimar um livro", explica o pastor, afirmando que sua desistência de queimar o livro, no último minuto, foi o mesmo que aconteceu quando Abraão ia sacrificar Isaque.

Porém, o professor Bongoyok explicou que os cristãos não precisam fazer oração extra para saber a vontade de Deus que já está revelada na Bíblia. “Quando lemos claros ensinamentos da Bíblia sobre orar pelos que nos perseguem, amar nossos inimigos, abençoá-los e deixar a vingança para Deus, eu acho que já está bastante clara a direção do Senhor", afirma.

Em desacordo com a recente decisão do pastor da Flórida de prosseguir com a queima, Bongoyok declarou: "Queimando o Alcorão ele só estará enviando uma mensagem de ódio, já que sabe o quanto este livro é respeitado no Islã”.

Jones, que levou a queima mais como um ato simbólico, justificou-se, ao considerar seus métodos de extremistas como mais uma "advertência profética do Antigo Testamento."

Bongoyok admitiu que os crentes não devem ignorar o que está acontecendo no mundo. Mas ele enfatizou que havia maneiras melhores de fazer isso que queimar o Alcorão.

Embora as ações de Jones pareçam continuamente afirmar ao mundo que ele é contra os muçulmanos, na entrevista ele deixou claro que não os odeia. “Assim como outros assuntos, a homossexualidade, e o aborto, por exemplo, não odeio as pessoas que escolhem o aborto. Nós acreditamos que isso é claramente errado... Temos de falar contra isso, mas quanto as pessoas, temos que apontá-las a direção certa", disse ele.

E confessa: "Queremos levar todos a Jesus. Esta não é a maneira cristã normal de fazer as coisas...mas é um caminho." Embora Jones tenha realmente desejado trazer liberdade de religião e de expressão aos seus irmãos perseguidos, a partir de agora, as repercussões de suas ações parecem estar fazendo exatamente o oposto.

Desde a última sexta-feira, pelo menos 21 pessoas morreram em protestos violentos no Afeganistão. Manifestantes raivosos ainda exigiram que Jones seja levado a julgamento por queimar o livro sagrado do Islã.

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