John Huss: conheça o pregador que profetizou a Reforma Protestante enquanto era queimado

Morrendo na fogueira como “herege”, o pré-reformador profetizou: “Hoje vocês queimam um ganso, mas daqui a 100 anos surgirá um cisne que não poderão assar”.

Fonte: Guiame, com informações de Voltemos ao EvangelhoAtualizado: sexta-feira, 31 de outubro de 2025 às 16:12
John Huss. (Foto: Wikimedia Commons/Iglesia Husita en Colombia).
John Huss. (Foto: Wikimedia Commons/Iglesia Husita en Colombia).

Hoje, 31 de outubro, cristãos protestantes de todo o mundo celebram a Reforma Protestante. Há 508 anos, Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta da capela de Wittemberg, na Alemanha.

O movimento que reivindicou a autoridade da Palavra de Deus e a salvação pela fé e iniciou em 1517, foi profetizado cerca de 100 anos antes por um filho de camponeses pobres da Boêmia (hoje República Tcheca).

John Huss, considerado um dos principais pré-reformadores, profetizou que Deus levantaria um homem para iniciar a Reforma Protestante.

Segundo Orlando Boyer, escritor do livro “Heróis da Fé”, a história oral relata que durante sua execução na fogueira em 1415, Huss declarou: “Hoje vocês queimam um ganso, mas daqui a cem anos um surgirá cisne que vocês serão incapazes de assar”.

O pré-reformador se referiu como “ganso” devido ao seu sobrenome Huss, que significa “ganso” em tcheco.

Acusado de herege por defender a Bíblia para o povo e criticar as indulgências, Huss foi despido de suas vestes clericais e enfeitado com um chapéu de burro com desenhos de demônios em sua cabeça.

Ele foi amarrado em uma estaca e queimado até a morte em uma fogueira. As Bíblias manuscritas de John Wycliffe foram usadas como material para o fogo.

De acordo com o relato de testemunhas oculares, Huss entregou sua alma a Deus e cantou um hino, enquanto era morto: “Senhor Jesus, é por ti que suportei pacientemente esta morte cruel. Rogo-te que tenha misericórdia de meus inimigos”.

John Foxe, em sua obra “Livro dos Mártires” do século XVI, também comenta sobre a história da profecia, que surgiu anos depois do martírio de Huss.

“Se ele foi profético, deve ter se referido a Martinho Lutero, que surgiu cerca de cem anos depois”, afirmou Foxe.

O próprio Lutero afirmou que acreditava que a profecia se referia a ele, em escritos da década de 1530.

A veracidade da história da profecia tem sido questionada por alguns estudiosos e defendida por outros. O fato é que John Huss antecipou o movimento de reforma através de seu ministério, pregações e obras escritas.

Quem foi John Huss

O pré-reformador nasceu por volta de 1370, em Husinec, na Boêmia, em uma família de camponeses humildes.

Para ter um futuro longe da pobreza, Huss decidiu estudar na Universidade de Praga com o objetivo de entrar no sacerdócio. "Pensei em me tornar sacerdote rapidamente, a fim de garantir um bom sustento e roupas e ser tido na estima dos homens”, disse ele, segundo biógrafos.

Logo, John se destacou nos estudos e obteve bacharelado, mestrado e doutorado. Em 1401, ele foi ordenado e se tornou o pregador da Capela Belém de Praga, a igreja mais importante em uma das maiores cidades da Europa.

Despertar espiritual

Durante essa época, Huss passou por uma transformação espiritual radical, resultando em um compromisso mais profundo com Cristo.

A mudança do pregador pode ter sido provocada pelo pré-reformador John Wycliffe, cujas ideias haviam chegado em Praga e causado impacto. John Huss concordava com a maior parte dos princípios pregados por Wycliffe, como o acesso da Bíblia na língua do povo.

Huss começou a denunciar a corrupção dentro da Igreja Católica em seus sermões na Capela Belém de Praga. Suas pregações logo se tornaram populares, atraindo multidões. 

Para tornar a Palavra de Deus acessível, ele pregou em tcheco e também traduziu partes da liturgia e dos hinos em latim para a língua do povo.

Além disso, ele aproveitou um espaço vazio em sua capela para promover a mensagem reformista de Wycliffe, colocando murais com imagens que mostravam a diferença da humildade e simplicidade de Cristo com a vaidade e a ganância dos sacerdotes católicos.

Perseguido pelo papado


Pintura que retrata John Huss no Concílio de Constança. (Foto: Wikimedia Commons/Antonín Matějček e Zdeněk Wirth).

A crescente fama dos ensinamentos de John Huss preocuparam o papado, que proibiu qualquer pregação na Capela de Belém. Porém, o pregador se recusou a sair de seu púlpito.

Mesmo sendo excomungado da Igreja pelo Arcebispo de Praga por heresia, Huss continuou ministrando em sua capela.

Quando ele passou a criticar também a venda das indulgências, a perseguição dos líderes da Igreja Católica se intensificou e John decidiu sair de Praga em 1412.

Ele se refugiou no sul da Bohemia durante dois anos, onde escreveu obras que aprofundaram suas ideias reformistas. 

Até que, em 1411, o papado convocou sua presença no Concílio de Constança, para responder às acusações de heresia. O imperador Sigismundo, irmão do rei Wenceslaus da Bohemia, prometeu a Huss que ele voltaria para casa em segurança.

Queimado em fogueira

Porém, o pregador sabia que não retornaria com vida, mesmo assim viajou à Alemanha, onde aconteceria o Concílio, para promover suas ideias de reforma da igreja. Lá, ele conseguiu defender sua doutrina, mas foi condenado à morte por sua pregação e por falsas acusações.

Em 6 de julho de 1415, John Huss foi executado. Seus algozes pegaram suas cinzas e as jogaram em um lago para que nada restasse do "herege", mas alguns tchecos coletaram pedaços de solo de onde Huss havia morrido e os levaram de volta para a Boêmia como um memorial.

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