Estar na região serrana do Rio de Janeiro é entrar em estado de choque. A cada esquina, um suspiro de susto vai fazendo a gente perder o fôlego e quase não dá para expressar uma emoção a não ser respirar forte e aguardar a próxima cena.
Foi assim que passei o sábado (15) em Teresópolis e o domingo (16) em Nova Friburgo, duas das cidades mais devastadas pelas chuvas naquela região. O que mais chama a atenção é o cheiro da cidade, um misto de lama, com árvore, com lixo, com comida podre, entulho, carniça de animal e gente morta. E esse cheiro ficou ainda mais intenso e insuportável ao visitar o Instituto Médico Legal (IML) de Teresópolis. Ali em frente, as pessoas usam máscaras o tempo todo, pois senão o enjoo bate no estômago e a dor de cabeça começa. Eu fiquei cerca de 15 minutos ali, sem máscara, e fiquei com o estômago embrulhado o resto do dia.
O depoimento dos voluntários do IML é impressionante. Nem mesmo eles, acostumados a ver gente morta, conseguem ingerir o que veem. Os corpos chegam já em estado de decomposição e totalmente deformados, inchados e quase irreconhecíveis. Eu entrevistei um casal de namorados, voluntários, que são de Nova Friburgo, mas preferiram trabalhar em Teresópolis para evitar ver gente conhecida.
O número de mortos já passa de 700. Mas é provável que muitos continuem embaixo da terra, pois já estão quase totalmente em decomposição. Como será feito o resgate dos restos e a identificação? Difícil de saber.
Andando por um dos piores bairros em Teresópolis, o Campo Grande, onde 95% da população faleceu, encontrei o prefeito da cidade, Mário Jorge. Deu até dó de entrevistá-lo, pois o que dizer numa hora dessas? Desolado, ele respondeu prontamente que sabe da sua responsabilidade, e que está fazendo de tudo para resgatar os sobreviventes, retirar os corpos, permitir um enterro digno e reconstruir a cidade. Mas nem sempre é possível. Ao lado dele, um senhor já tinha desenterrado três da sua família e faltava mais um, que ainda estava lá, pois a chuva caía e a Defesa Civil interditava as buscas, para não colocarem os Bombeiros em risco.
Aliás, 3 deles faleceram enquanto faziam um resgate, em Nova Friburgo. Cena triste foi ver o carro ainda ali, embaixo dos escombros, de heróis dando o seu melhor. Mas ao mesmo tempo, é incrível ver como o sentimento de ajuda ao próximo tomou conta daquelas duas cidades. Mesmo quem perdeu tudo, já se mobiliza para conseguir doações para outros. É uma união tão grande, que a força só pode vir de Deus mesmo, porque mal dá para reagir frente a uma situação dessa.
Que Deus continue dando força pra esse povo e que eles se voltem para Deus, pois o que aconteceu nada mais é do que o cumprimento de profecias, sinais da Volta de Jesus. MARANATA !
Gabriela Frontini, jornalista da TV Novo Tempo- @gfrontini
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