Kaká diz que firmou sua identidade na pior fase no futebol: ‘Entendi que era filho de Deus’

Kaká testemunhou como o poder da presença de Deus se manifestou em sua carreira no futebol durante pregação na Igreja Família, em Sorocaba (SP), na última sexta-feira (14).

O ex-jogador ministrou como convidado especial no Encontro de Homens e falou sobre a importância do cristão ter a presença do Senhor, baseado no texto bíblico de Mateus 28:20, onde Jesus disse: "Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos".

“A presença de Deus é o que realmente faz toda a diferença nas nossas vidas. Tão poderoso saber que Deus está com a gente, de que Cristo está com a gente, de que o Espírito Santo está com a gente todos os dias”, afirmou Kaká, lembrando que somos templo do Espírito Santo e Ele habita em nós.

Nascido em um lar cristão, ele recebeu o ensino da Palavra pelos pais e experimentou a presença de Deus desde o início de sua carreira esportiva.

Livramento de paralisia

Kaká contou uma experiência de livramento que teve aos 18 anos de idade, quando havia acabado de entrar nas categorias de base do São Paulo.

Durante um passeio em um parque aquático, ele bateu a cabeça no fundo de uma piscina após descer em um tobogã. 

“Tava sangrando, aí fui pro pronto-socorro, tomei uns pontos na cabeça e fiz uma radiografia, não deu nada. Isso era um domingo. Voltamos para São Paulo, treinei na segunda-feira, treinei na terça-feira. Na quarta-feira, com uma dor no pescoço muito forte, não consegui treinar direito, não consegui fazer nada. Aí fui até o departamento médico do clube, conversei com o médico, expliquei um pouco o que tinha acontecido”, contou.

O médico mandou o jogador para o hospital a fim de repetir os exames. Os resultados mostraram que ele havia sofrido uma grave fratura nas vértebras da cervical no pescoço.

“A minha primeira pergunta foi: ‘Doutor, mas quando é que eu posso voltar? Eu posso voltar a treinar amanhã, posso voltar a jogar?’. Aí ele falou assim: ‘Olha, você não está entendendo a gravidade do que aconteceu. Você teve uma fratura na cesta cervical, no processo espinhoso da cesta cervical. Hoje não é dia de questionar, é um dia de agradecer, porque na maioria desses casos, a pessoa não volta a andar’”, relatou Kaká.

 

 

 

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Carreira incerta

O jogador ficou três meses afastado dos treinos, usando colete cervical e fazendo tratamento para calcificar a lesão o mais rápido possível. Durante esse tempo, Kaká lutou contra a dúvida em relação ao seu futuro no futebol.

“Será que eu vou voltar a jogar? Em quais condições eu vou voltar a jogar? Será que eu vou conseguir ter o mesmo desempenho?”, questionava ele.

No período de incerteza, Kaká recebeu a paz que a presença de Deus proporciona. “Ao mesmo tempo que eu tinha toda essa ansiedade, essa dúvida de não saber o que ia acontecer, eu sentia uma paz muito grande. Mas [uma paz] não de que ia dar certo, não de que eu ia ser um jogador profissional, nada disso. Era uma paz que excede todo o entendimento, então não consigo explicar pra vocês”, testemunhou ele.

O jogador conseguiu se recuperar e, mais tarde, estreou como jogador profissional do São Paulo. 

Sobre o início de sua carreira, Kaká revelou: “Eu não sabia o que ia acontecer, não tive nenhuma profecia, nada. Só tinha essa paz no meu coração de que o Senhor estava comigo e a presença Dele era suficiente”.

“Essa é a paz que Deus nos dá. A paz que excede todo o entendimento, a paz que não significa ausência de guerras, conflitos, mas é uma paz diferente da que o mundo dá, é a paz da presença de Deus nas nossas vidas”, enfatizou.

Convocação para a Seleção

Na pregação, Kaká também afirmou que a presença de Deus abençoa, citando como exemplo sua trajetória no futebol.

Logo após iniciar no São Paulo, aos 20 anos, ele foi convocado para a Seleção Brasileira pela Copa do Mundo.

“Quando eu falo que a presença de Deus nos abençoa, ela, por si só, já é uma grande benção. A presença de Deus é a maior promessa que temos”, observou.

“Os presentes que Deus nos dá são indescritíveis. Eu sonhava em ser jogador profissional do São Paulo, eu sonhava em vestir a camisa da Seleção uma vez e tava ótimo. Eu nunca sonhei muito mais do que isso. E aí as coisas foram caminhando e acontecendo. Eu recebi do Senhor esse privilégio de poder jogar e ganhar uma Copa do Mundo”.

Kaká incentivou os homens cristãos a confiarem na imensa bondade de um Pai que faz além do que imaginamos.

“Ele sabe aquilo que a gente precisa e os presentes que Ele pode nos dar. Então, que vocês fiquem tranquilos que Deus está cuidando de vocês, a bondade dele é infinitamente maior do que a nossa”, pregou.

O maior propósito é glorificar a Deus

O ex-jogador ainda ensinou que a presença de Deus traz consolo e revela propósitos. Após conquistar reconhecimento, fama e prêmios, como Melhor Jogador do Mundo da FIFA, ele aprendeu que seu maior propósito era glorificar Jesus com toda a sua vida.

“O propósito não era me exaltar, mas o contrário. Tudo que eu estava fazendo era para a glória de Deus. Eu já vivi bastante ansioso com esse negócio de tentar entender qual era o meu propósito, até eu ter esse entendimento de que o propósito da minha vida era glorificar a Deus em todas as situações. Paulo fala: ‘Quer comais, quer bebais, faça tudo para glória de Deus’”, disse.

Dificuldades no Real Madrid

Segundo o cristão, a presença de Deus também afirma a verdadeira identidade do cristão. Ele lembrou do momento mais difícil que enfrentou em sua carreira ao ser vendido do Milan para o Real Madrid.

“Começa a primeira temporada, comecei jogando bem como titular, fazendo meus gols, fazendo as minhas jogadas. E do meio pro final da temporada, meu rendimento diminui um pouco e eu tenho uma lesão na coxa. Fico fora do final da temporada e a gente termina em segundo atrás do Barcelona”, comentou.

O atleta precisou passar por uma cirurgia e ficou seis meses longe do campo. Quando retornou após a recuperação, sentiu a pressão pelo desempenho.

“Comecei a travar uma batalha muito forte comigo. A expectativa era muito grande de todo mundo, a torcida, a imprensa. Eu tentando mostrar pro treinador que eu poderia ter mais oportunidades”, afirmou.

Crise de identidade

As dificuldades acabaram afetando a identidade do jogador cristão. “Foi um momento bem difícil porque eu tive uma crise de identidade muito grande. Eu saio de uma situação onde eu era o melhor jogador do mundo e me torno uma das piores contratações do Real Madrid”, confessou.

“Essas eram as capas dos jornais que saíam lá na Espanha: ‘Real Madrid deixa as coisas claras pro Kaká: Você é banco de reservas, procura um time’, ‘O Madrid fala pro Kaká: vai embora’. É muito difícil levantar de manhã e pegar um jornal e ver seu rosto estampado com essas notícias. Doía bastante. Hoje, eu entendo que esse período foi fundamental pra minha vida”.

Para o ex-atleta, Satanás tenta fazer o cristão duvidar de sua identidade em Deus, porque sabe que a identidade tem muito valor.

“Satanás, quando ele vai tentar Jesus, ele tenta em duas perguntas na identidade Dele: ‘Se você é o filho de Deus, mande que essas pedras se transformem em pães’”, mencionou. 

Nos seus quatro anos no Real Madrid, Kaká aprendeu a firmar sua identidade em Jesus e não em seu desempenho.

“Através da presença de Deus na minha vida, tive essa firme convicção de que eu não era nem o melhor do mundo e nem a pior contratação do Real. Eu era um filho de Deus. Eu era um filho de Deus que estava performando em algum momento no Real Madrid, em algum momento no Milan, depois performei de novo no São Paulo e no Orlando e assim por diante, mas a minha profissão não era a minha identidade. Ela era extensão da minha identidade”, declarou.

“Reconhecer quem nós somos em Jesus é muito importante, porque tudo aquilo que você vai fazer depois, é fruto da certeza dessa identidade”.

E Kaká finalizou: “O homem de Deus valoriza a presença de Deus em sua vida. O homem de Deus entende essa importância. Foi um privilégio o que eu vivi na minha vida profissional. Os clubes onde eu joguei, os jogadores com quem eu convivi, os treinadores que eu tive, os prêmios que eu ganhei, é muito legal. Mas, de verdade, gente, a presença de Deus na minha vida é muito mais legal”.