Lugares da Bíblia - Corinto

Lugares da Bíblia - Corinto

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:24

Antiga e poderosa cidade grega, Corinto chegou a rivalizar com as também poderosas Atenas e Esparta cultural, política, militar e economicamente. Na época das cidades-estado (cada uma era um reino autônomo), era importante polo econômico, situado na cabeceira do Istmo de Corinto, que liga a região do Peloponeso ao restante da Grécia, onde hoje fica um importante canal que encurta consideravelmente as viagens marítimas costeiras. Foi para o povo desta localidade que o apóstolo Paulo escreveu dois evangelhos importantes do Novo Testamento em forma de cartas (1ª e 2ª Coríntios), e onde morou por um tempo, fabricando e vendendo tendas para seu sustento e pregando aos locais.

Corinto, então soberana, foi uma das mais efervescentes cidades-estado da antiguidade clássica. A estratégica localização comercial possibilitava que recebesse influências de várias das mais importantes culturas da época, com fartos benefícios para as artes, além da farta possibilidade de acúmulo de riquezas pelos coríntios. Mas o enriquecimento também fez com que a cidade atraísse muita devassidão, sendo suas prostitutas – adeptas da deusa Afrodite – famosas em todo o mundo conhecido de então. Tanto, que a expressão “coríntio” ganhou um tom muito pejorativo por outros povos, que o usavam para falar de pessoas de comportamento imoral. “Mulher coríntia” tinha o significado claro e preconceituoso de prostituta, e a expressão era frequentemente usada como pesado insulto.

Ainda na antiguidade, foi dominada (como muitas cidades-estado gregas) por Alexandre, o Grande, perdendo sua autonomia, sujeitando-se ao domínio macedônio. Após Alexandre, Corinto foi dominada pelos romanos, em 146 a.C. (antes de Cristo), que invadiram a cidade, mataram todos os homens e venderam suas mulheres e crianças como escravos. Toda sua riqueza foi pilhada, e seus ricos edifícios destruídos. Com as constantes derrotas, os gregos se submeteram a Roma, e começou o período da Grécia Romana. Em 46 a.C., o imperador Júlio César resolveu reconstruir Corinto, tornando-a capital da província romana de Acaia.

Depois de Cristo, Corinto foi uma das muitas cidades visitadas pelo apóstolo Paulo, que se estabeleceu nela em sua segunda grande viagem missionária. No período em que lá morou, estabeleceu uma igreja e trabalhou em um mercado ao norte como fabricante e vendedor de tendas, atividade para seu sustento. No local de trabalho, aproveitava para falar de Cristo a seus clientes e outros comerciantes.

Foi no mercado que conheceu dois grandes companheiros de peregrinação, Priscila e Áquila, também fabricantes de tenda e ex-judeus como ele, expulsos de Roma. De lá, o casal seguiu com Paulo para Éfeso, onde se fixaram, estabelecendo mais uma igreja para falar da salvação por intermédio de Jesus ao povo local. Mais tarde, o apóstolo escritor enviou à igreja coríntia as cartas transformadas posteriormente em evangelhos, ensinando muito sobre a conduta cristã.

Com o intuito de encurtar viagens marítimas muito duradouras e cansativas para a época, já que as embarcações eram obrigadas a singrar 200 milhas marítimas ao redor do Peloponeso, o imperador romano Nero ordenou a construção de um canal no Istmo de Corinto, aproveitando a parte mais estreita da passagem natural que unia a parte insular à área continental da Grécia. No ano de 66, cerca de 6 mil jovens escravos judeus cavaram com ferramentas manuais o mármore bruto. No ano seguinte, o imperador morreu, e seu sucessor cancelou a obra, por considerá-la cara e longa demais. O trabalho só seria retomado em 1881, por uma empresa francesa, que terminou o canal em 1893. A ligação entre o Mar Hegeu e o Golfo de Corinto funciona até hoje, mas não permite a passagem de navios muito largos.

Corinto foi destruída por um grande terremoto em 375. Após saques pelos bárbaros (como eram chamados os povos não-romanos), que chegaram a capturar vários coríntios e vendê-los como escravos, foi construída uma extensa muralha, com cerca de 10 quilômetros, protegendo a cidade e o acesso à península do Peloponeso. Outro terremoto arrasou a cidade em 551. Em 856, um tremor mais forte ainda matou mais de 45 mil habitantes.

O Império Franco passou a dominar a área por volta do ano de 1200. Em 1388, o Império Bizantino tomou Corinto. Os otomanos a capturaram em 1395, mas a cidade foi retomada pelos bizantinos em 1403. Mas o Império Otomano tomou a região de novo por mais duas vezes, em conflitos com outros povos que ambicionavam pela área geograficamente privilegiada. A cidadela de Acrocorinto (com o prefixo grego  acros , “alto”), situada no topo de um monte com 550 metros ( foto ), era o refúgio e morada de governantes e sede de templos pagãos, alguns cujas ruínas ainda permanecem, recebendo turistas de todo o mundo.

Base de Paulo rumo ao oeste

Historicamente, a área foi disputada por vários reinos. Mas essa mistura culturalmente rica permitiu a Paulo de Tarso fazer da cidade um ponto estratégico para seu avanço missionário rumo ao oeste. Uma cidade cultural, financeira e artisticamente riquíssima, símbolo de sucesso financeiro, lembrava muito a Paulo sua Tarso natal, a despeito da intensa imoralidade local. Pregando em sinagogas, converteu muitos judeus, não sem conflitos. Com isso, ele adotou uma estratégia interessante: passou a se dedicar mais aos não-judeus, o que lhe conferiu muito êxito. Como a região era uma passagem muito utilizada, seus ensinamentos eram levados pelos novos convertidos a seus povos de origem.

Os judeus, incomodados, acusaram o apóstolo de heresia, pedindo às autoridades romanas que o prendessem. Gálio, procônsul romano, declarou o pedido de prisão improcedente, desconsiderando a atividade de Paulo como criminosa, mas apenas um assunto interno de interesse judeu. Foi pouco depois disso que Paulo saiu da cidade com Áquila e Priscila, deixando para os coríntios uma igreja cristã estabelecida, seguindo com seus companheiros para Éfeso.

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