Lugares da Bíblia - Nazaré

Lugares da Bíblia - Nazaré

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:24

José e Maria moravam em Nazaré quando um anjo anunciou que Jesus viria, gerado pelo Espírito Santo. Devido a um recenseamento exigido na época, o casal se dirigiu a Belém (o censo devia ser respondido no local de nascimento do patriarca da família), onde Jesus acabou nascendo. Em seguida, os três voltaram para casa, onde o menino e futuro Messias cresceu. Hoje, é a capital econômica e administrativa do Distrito Norte de Israel. Além disso, é uma espécie de “capital árabe” israelense para os cidadãos dessa etnia, maioria da população. É um grande, bonito e bem urbanizado centro de peregrinação cristã, outrora insignificante, até os acontecimentos bíblicos que o tornaram famoso em todo o mundo.

A cidade fica entre os elevados montes do extremo sul da cadeia de montanhas que começa no Líbano. Fica a 25 quilômetros do Mar da Galileia e a 9 quilômetros do Monte Tabor.

Nazaré foi o primeiro chão em que o pequeno Jesus pisou, aprendendo a andar. Lá ele proferiu suas primeiras palavras, foi educado e começou a perceber os aspectos da vida em sociedade. Para lá seus pais voltaram novamente após a fuga para o Egito, quando Herodes ordenou que os primogênitos da região fossem mortos, já que as profecias diziam que ali seria o berço do novo Rei dos Reis (Mateus 2:13-23).

Segundo o conceituado arqueólogo norte-americano James Strange, Nazaré tinha, na época da infância de Jesus, algo em torno de 2 mil habitantes, não mais que isso, e era um lugar sem grande importância antes dos acontecimentos do Novo Testamento.

Se a infância e a juventude de Jesus foram pacíficas, já que não há registros que evidenciem alguma dificuldade, não se pode dizer o mesmo de quando ficou adulto, como ele mesmo atesta em alguns versículos. “... Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa.” Ao que se segue: “ E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.” (ambos de Mateus 13:57-58). O Messias era de tal forma rejeitado por seus concidadãos, que uma vez alguns o levaram à beira de um precipício, nas cercanias da cidade, para de lá o jogarem. Mas ele se livrou (Lucas 4:29).

Quando Jesus tornou-se adulto, perto dos 30 anos, mudou-se para Cafarnaum (também conhecida como “A Cidade de Jesus”), retornando a Nazaré para pregar algumas vezes (nas quais foi rejeitado, segundo o relato do Evangelho de Lucas, reforçado pelos de Marcos (6:4), Mateus (13:57), e João (4:44).

Soldados pela paz

O controle da cidade foi várias vezes conquistado em conflitos entre judeus, cristãos e muçulmanos, intercalando-se os domínios ao longo dos séculos e milênios. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) incluiu Nazaré no território destinado ao estado árabe, do que Israel discordou. Após conflitos armados considerados leves na  área metropolitana, árabes e judeus assinaram um acordo de paz que incluía garantias dos oficiais israelenses, entre eles o famoso comandante judeu canadense Ben Dunkelman (líder da operação e da 7ª Brigada Blindada, considerada a melhor de Israel na época), de que nenhum dano fosse causado aos civis locais.

  O ramatkal (comandante em chefe das Forças de Defesa de Israel) Haim Laskov ordenou, pouco depois, que os  civis árabes fossem expulsos. Dunkelman (foto) negou-se a obedecer, argumentando ao general Laskov que, horas antes, eles (incluindo o ramatkal) deram sua palavra, lavrada por escrito, de que não fariam mal a ninguém. Horas depois, Laskov destituiu Dunkelman do comando da operação, nomeando em seu lugar Avraham Yaffe, comandante do 13º Batalhão.

 O canadense obedeceu à ordem de se afastar da função, mas só depois de seu substituto, Yaffe, dar sua palavra de honra de que não hostilizaria a população nazarena. Diante da recusa da realização da evacuação forçada, Laskov apelou a instâncias políticas superiores para que a ordem fosse cumprida, mas o primeiro-ministro David Ben-Gurion, sabendo do caso, vetou-a em definitivo. Os árabes nazarenos não sofreram qualquer represália, ao contrário do que aconteceu em abundância em cidades vizinhas. O relato do episódio está no livro “Dual Allegiance” (em tradução livre, “Dupla Filiação”, termo legal que se refere a uma pessoa jurar lealdade a dois país  es – não confundir com dupla cidadania), escrito pelo jornalista israelense Peretz Kidron.

Atualmente

Hoje, Nazaré tem cerca de 65 mil habitantes, na maioria, árabes. Somados à população da região metropolitana, o número chega a 185 mil, sendo 145 mil deles árabes (31,3% cristãos e 68,7% muçulmanos, segundo o Escritório Central de Estatísticas de Israel). Na Alta Nazaré concentra-se a população judia. Os cidadãos cristãos, embora poucos se comparados aos muçulmanos, são bem representados, reforçados pelos milhões de turistas que seguem a mesma fé que visitam a cidade o ano inteiro. A estrutura turística é muito bem servida, com meios de hospedagem de qualidade e programação cultural de primeira linha, além de roteiros profissionais para quem quer seguir os passos da família mais tradicional do lugar: uma virgem serva de Deus, seu marido carpinteiro e o filho do casal, um polêmico jovem que viria a dar sua própria vida para salvar o mundo.

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