A manifestação ‘Chibé Cultural’, que se realizaria na última terça-feira (30) - liderarada pela classe artística - na capital amazonenese, foi cancelada ainda no início da noite de segunda-feira, após uma reunião a portas fechadas entre o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), e os artistas locais.
O grupo exige a retirada do artigo 64 da lei 1.750, que integra a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do município. A lei prevê a disponibilização de recursos para a realização de eventos evangélicos. O autor da proposta é o vereador Carlos Alberto (PRB).
Durante o encontro com os manifestantes, o prefeito teria assinado um documento, cancelando a realização do "Louvor na Praia" - realizado semanalmente no anfiteatro da Ponta Negra.
“Somente para esse evento o município destina cerca de R$ 25 mil. No encontro, o prefeito assinou um documento onde suspende a realização desse show. Com base nisso, decidimos não ir mais às ruas”, disse Alberto Jorge Silva, presidente do grupo artístico.
O representante também afirmou que se o evento voltar a ser divulgado / realizado o grupo irá se reunir para reivindicar novamente o cancelamento do show.
“Se a promessa feita ontem não for cumprida, vamos nos levantar novamente”, completa.
Mais um encontro entre o prefeito e os artistas locais foi marcado para o dia 5 de agosto.
Segundo Silva, a proposta fere a Constituição Federal e abre precedentes para um governo teocrático.
“O vereador não trata os eventos musicais gospel como algo cultural, mas como um meio de evangelização. O correto seria aprovar um projeto que fosse benéfico a todas as religiões e não somente aos evangélicos”, critica.
Bancada Evangélica
Ao saber do cancelamento do "Louvor na Praia", os vereadores evangélicos de Manaus decidiram, durante uma reunião feita na última terça-feira, procurar o prefeito da capital para pedir uma explicação oficial sobre o ocorrido.
Baseada no conceito de que a cultura deve ser plural, principalmente quando manifestada nos espaços públicos, a bancada evangélica pretende se reunir nesta quarta-feira (31), às 17h, com o prefeito para pedir o esclarecimento dos fatos.
Para o vereador Mitoso (PSD), o espaço onde seria realizado o evento é público e não se pode excluí-lo para qualquer manifestação.
“A Ponta Negra é um local que pode ser usado por todos, inclusive pelos evangélicos”, disse.
Estiveram presentes na reunião na Câmara Municipal de Manaus os vereadores: Walfran Torres (PTC), Marcel Alexandre (PMDB), Carlos Alberto (PRB), Gilmar Nascimento (PDT), Amauri Colares (PSC), Reizo Castelo Branco (PTB), Roberto Sabino (PRTB), Mitoso (PSD) e Professor Samuel (PPS).
Com informações de Amazonas em Tempo e da Câmara Municipal de Manaus (CMM).