Maurício Soares, da Sony, faz uma sincera análise sobre a ExpoCristã

Maurício Soares, da Sony, faz uma sincera análise sobre a ExpoCristã

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:25

Pronto! Finalizamos nossa décima participação na maior feira de negócios do mercado cristão da América Latina. Em 2011, a Expo Cristã comemorou seu décimo ano de realização e este blogueiro, extenuado após 7 dias intensos de muito trabalho, comemora igual número de participações.

Volto para casa certo de que fizemos o melhor possível nestes dias intensos!

Sem dúvida, o stand onde apresentamos as últimas novidades do mercado fonográfico para mídias, lojistas e o público em geral, foi um dos espaços mais concorridos da feira e também um dos mais receptivos e atenciosos também.

Antes de desenvolver meu primeiro tema sobre a Expo Cristã, não posso deixar de agradecer aos inúmeros leitores deste blog pela forma carinhosa com que me abordaram nestes últimos dias. Realmente percebo o quanto este espaço tem sido importante para a instrução, formação ou mesmo entretenimento de tantas e tantas pessoas dos mais variados rincões deste país. A quantidade de pessoas no stand ou mesmo nos corredores que simplesmente me procurou para dizer que liam o blog, foi algo muito surpreendente (Acho que temos mesmo um pouco mais do que 44 leitores) e às vezes até mesmo emocionante!

Agradeço a todos os leitores que me cumprimentaram, tiraram fotos ou simplesmente deram um rápido aceno. Acho que depois destes 6 dias, poderei ficar mais uns 6 meses sem precisar participar de alguma sessão de terapia. Muito obrigado pelo carinho de todos vocês!

Mas a Expo Cristã é um evento muito pitoresco! Vai das bizarrices mais esdrúxulas como alguns stands vendendo sapatinhos (de fogo) pentecostais bicolores a um homem de lata andando pelos corredores ou mesmo um gringo super simpático com uma cobra gigante enrolada no pescoço. No entanto neste espaço (sem ar condicionado) democrático convivem as mais diferentes vertentes do que denominamos meio evangélico brasileiro. E mesmo sendo aguardados alguns embates mais acalorados, no fim das contas tudo terminou relativamente bem, exceto pela quantidade enorme de furtos de computadores, telefones, Blackberries e carteiras, entre outros bens.

No primeiro post sobre a Expo Cristã (difícil escolher por onde começar!) vamos comentar as frases e assuntos mais comentados na semana, não necessariamente pela ordem de importância ou incidência.

99% versus 1% - a Expo começou quente com os comentários sobre a infeliz declaração do líder-mor da IURD de que 99% dos artistas evangélicos são endemoninhados! Não sei baseado em qual órgão de pesquisa o BM chegou a estes números, mas a realidade é que a sua declaração foi (nada mais natural!) extremamente mal recebida pela comunidade evangélica e em especial pelos artistas e gravadoras. Em conversas nos corredores, pude apurar que nem mesmo entre membros da própria IURD essa declaração teve aceitação plena.

Haja vista a quantidade de gente da Força Jovem correndo atrás de fotos e autógrafos dos artistas na Expo.

Silas versus Macedo - como uma levantada na rede magistralmente efetuada pelo Bruno da seleção brasileira de voleibol para uma cortada violentíssima do talentoso Giba completamente sem bloqueio. Assim podemos exemplificar de forma figurativa a declaração do BM para a reação do Pastor Silas. Muita gente acredita que o Pastor Silas é um polemista nato, alguém que gosta de manter-se indefinitivamente sob a luz dos holofotes, mas convenhamos que esta polêmica foi como "tirar doce da mão de uma criança". Então, nos primeiros dias, este foi o assunto que monopolizou grande parte das rodinhas de conversas na ExpoCristã.

A pergunta que não quer calar - ainda sobre o mesmo tema descrito acima, não custa nada perguntar e quem tiver a resposta, por favor, divida-a com todos nós. Se 99% dos artistas são endemoninhados, quem são os correspondentes ao 1% de santos?

Você vai ouvir com carinho? - conversando com o amigo Daian Alencar (também leitor do OBC, chique não?) comentei sobre esta que foi a frase mais ouvida por mim durante os 6 dias de Expo buscando uma explicação plausível. De cada 10, pelo menos 8 pessoas ao finalizar a conversa e me entregar o CD, diziam a indefectível frase: "Mas você vai ouvir com carinho?"

Confesso que não sei o que significa "ouvir com carinho" (...) talvez seja ouvir acariciando o disco ou mesmo o encarte (...) Não! Isso eu me recuso a fazer! Como vou ficar  acariciando mais de 800 CDs? Poderei correr o risco até mesmo de perder minhas digitais de tanto ficar esfregando! O que deve ser isso então?!?

Como profissional tenho certa experiência de detectar o que deve ser ouvido com mais ou menos atenção. Mas efetivamente todos os produtos entregues são devidamente ouvidos, alguns por míseros 30 segundos, mas já o suficiente para que não tomem minha atenção por tempo desnecessário. Numa outra oportunidade voltarei a este tema.

Quebrado o recorde! - no ano passado regressei para o Rio de Janeiro com 268 CDs/DVDs/CDRs e afins. Neste ano, seguramente retorno à Cidade Maravilhosa com mais de 300 produtos! Entre tantos materiais recolhidos, me chamou atenção a pequena participação de compositores apresentando seus materiais (algo como 6 ou um pouco além disso) e a enorme quantidade de MCs, Rappers e coisas do gênero.

Como sempre, as capas, nomes e propostas são as mais variadas e porque não dizer, assustadoras! É um tal de nome de artista ou de banda sem qualquer significado inteligível que muitas das vezes pedi para o artista dizer o que estava escrito no CD. É uma profusão de letras, siglas, consoantes, coisas sem nada a ver que mais parece um estudo de numerologia. Sobre este assunto, também falarei mais à frente em outras oportunidades.

Anhembi versus Expo Center Norte - outro assunto que dominou boa parte das conversas, principalmente entre os expositores foi sobre a mudança do local de realização da ExpoCristã, estreando neste ano no tradicional Pavilhão do Anhembi. Confesso que pelo nome do local e toda sua tradição, esperava bem mais deste local e saio da Expo Cristã completamente frustrado pelas condições do Anhembi. Sem dúvida alguma, a mudança do Expo Center Norte para o Anhembi foi uma regressão absurda em termos de conforto, segurança, acessibilidade e economia.

A falta de um sistema de ar condicionado transformou os primeiros dias da ExpoCristã numa sauna onde só faltava a essência de eucalipto. Clientes suando em bicas querendo resolver o quanto antes suas compras acabaram prejudicando os expositores. Os custos de estacionamento e a ausência de uma política que beneficiasse os expositores também foi absurdamente tema de reclamações.

As montadoras dos stands tiveram trabalho dobrado para nivelar o piso de suas construções. Nos corredores era notório o desnível no piso provocando inclusive algumas quedas de pessoas desavisadas.

A ausência de latas de lixo, de segurança durante a feira nos corredores e a péssima qualidade do atendimento da equipe de bombeiros foi outro ponto negativo! Por falar em bombeiros, eles deram o ar da graça apenas no primeiro e último dia. No primeiro, para alugar extintores de incêndio. No último dia, para recolherem os extintores alugados. No stand da Bompastor, um pequeno princípio de incêndio foi resolvido pela própria equipe da Editora. Os bombeiros chamados ao local imediatamente, até o desmonte do stand, não apareceram por lá.

E os banheiros? Ah! Que maravilha! Onde já se viu fazer um evento sem que existam banheiros? A solução foi alugar estruturas de banheiros em caixotes gigantes como aqueles enviados em navios de carga. Como não tive a felicidade de usufruir dos serviços desta engenhoca, não posso dizer se serviam ou não, mas como disseram alguns "consumidores" o banheirão metálico" não era 5 estrelas ... "

O único benefício para a mudança de local foi a proximidade do Pavilhão para o hotel Holliday In, mas convenhamos que isso atendeu a poucos expositores, então nem pode ser levado em questão.

Cordão de Isolamento versus Pode Chegar - outro assunto bastante comentado, principalmente pelas mídias, foi o livre (ou não!) acesso aos artistas presentes durante a Expo. Entendo que a feira é a melhor oportunidade de aproximação entre a gravadora, artistas, produtos, lojistas, mídias e público em geral. Nos 6 dias de feira temos a oportunidade raríssima de reunir mídias de todo o país para contato direto com artistas que constantemente estão em deslocamento pelo país e mais raramente ainda, encontram-se todos reunidos num mesmo ambiente.

Então qual a explicação para que as gravadoras criem empecilhos para que as mídias se aproximem dos seus artistas para entrevistas? Sinceramente não consigo encontrar qualquer argumento justificável para tal atitude. É óbvio que devemos sempre manter a integridade física do artista e mesmo respeitar seu cansaço, mas daí a colocar o artista numa abóboda isolado do mundo, também já é outra história!

O público quer apenas tirar uma foto, demonstrar seu carinho com o artista. A mídia quer apenas entrevistar, gerar material de trabalho, que nada mais é do que a divulgação do próprio artista, produto e gravadora. Infelizmente tivemos casos absurdos de hordas de seguranças em volta do artista proibindo acesso do público e da mídia. Uma das cenas que mais me chocaram foi um séquito de 8 a 10 seguranças correndo pelos corredores com uma artista se esquivando do público. Chegaram até mesmo a atropelar uma inocente lata de lixo!

Detalhe: ninguém corria atrás da artista naquele instante, ou seja, eles imaginavam que haveria tumulto na saída do stand, mas o público simplesmente ignorou a artista e todo seu aparato de isolamento.

Em contrapartida, algumas gravadoras souberam aproveitar bem a oportunidade e deram total atenção ao público e mídias com relação à presença do seu cast na feira. Bons kits de imprensa, atenção, respeito, simpatia e locais adequados para a realização de entrevistas marcaram pontos a favor de algumas empresas.

Figuraças da Expo Cristã - não entendi o que fazia um senhor nos corredores do Anhembi andando com um equipamento de alpinismo e uma bandeira do Brasil e Israel. Tudo bem que o chão estava desnivelado, mas ali não tínhamos nenhum Pico da Neblina, Everest ou Kilimanjaro.

Já falei na introdução a respeito do Homem de Lata. Certamente aquele ser metálico deveria se referir a algum lançamento ou projeto, mas devia ser uma tortura caminhar pela Expo com aquela indumentária. Por falar em indumentária, a Expo foi um desfile democrático de moda com tendências do estilo Penteca Reteté Fashion ao Emo Gospel. Teve espaço para todas as manifestações fashionistas, cafonistas, streetwear, sertanejas e "mudernas".

Outra figuraça, ou melhor, figuraças, são aqueles "caçadores de celebridades" com suas máquinas digitais sempre à mão para tirar uma foto com alguém importante. Muitas das vezes eles nem sabem com quem estão tirando foto, o importante é clicar! Basta uma ou duas pessoas tirando um foto com alguém ao lado para esses figuraças entrarem na fila e também pediram para ser fotografados.

Aí vai uma dica: se você quer que um jovem e desconhecido artista receba a atenção das pessoas, basta posicioná-lo num lugar de destaque me frente ao stand, chame mais uma duas pessoas e comece a tirar fotos. Se em até 5 minutos não se formar uma pequena aglomeração, então desista! Esse artista tem tudo para manter-se no mais absoluto ostracismo!

Ainda sobre as fotos, eu mesmo sei que hoje deve ter muita gente revendo o arquivo de imagens e se perguntando: "Quem é esse carequinha risonho ao meu lado? Ah! Vou apagar! Delete"

Já chegando ao fim desse post quero destacar o stand do grupo teatral Jeová Nissi pela perfeita adequação entre funcionalidade e objetivo. Também o sempre funcional stand da Editora Mundo Cristão. Ainda, o stand da Salluz por sempre abrir espaço para a cena alternativa gospel com muito bom gosto na decoração. Outro stand que merece destaque pela beleza e grandiosidade foi o da IVC. Mesmo correndo o risco da auto-promoção, o stand da Sony Music seguramente destacou-se pela presença do público, conforto, atendimento às mídias e pela decoração com as guitarras Heavens, os chocolates Premium, o buffet e a máquina de café que atendeu muitas pessoas, inclusive expositores concorrentes.

Sobre as ausências de algumas empresas na Expo, o que posso dizer é que se não estiveram presentes é porque devem ter tido algum motivo significativo pela decisão. É o máximo que podemos dizer (…)

Mauricio Soares ou o que sobrou de mim após 7 dias de intenso trabalho, jornalista, publicitário e alguém que ouve com carinho os CDs. Agradeço ainda aos prêmios de CD Nacional + Vendido (Diamante/Damares) e CD Internacional + Vendido (Wonder/Michael W Smith) conferido pela Revista Consumidor Cristão e também o Prêmio Destaque Expo Cristã pelos 10 Anos de participação da Feira.

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