Durante uma conversa com Douglas Gonçalves do JesusCopy, a pastora Helena Tannure falou sobre a questão da liderança feminina. Enquanto alguns defendem que nenhuma mulher deveria exercer liderança, outros acreditam que elas deveriam ocupar cargos pastorais.
Como a mulher pode exercer a liderança de maneira saudável? “Entendendo a maneira como ela foi criada”, respondeu ao mencionar a atual disputa de poder.
“O Reino de Deus não é sobre disputa de poder, mas é cada um servir com suas potencialidades. Eu acredito na visão complementarista, onde as mulheres são iguais aos homens, mas possuem diferentes funções”, disse ao citar Gálatas 3.28 — onde diz que “não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”.
Sobre o complementarismo
Complementarismo é o ensino de que masculinidade e feminilidade são ordenadas por Deus e que homens e mulheres são criados para complementar um ao outro.
Os complementaristas acreditam que os papéis de gênero encontrados na Bíblia são distinções intencionais e significativas que, quando aplicadas no lar e na igreja, promovem a saúde espiritual de homens e mulheres.
“Existe o complementarismo abrangente onde a mulher tem que se submeter a toda autoridade masculina, e o estreito, onde ela apenas se submete ao marido dentro do casamento”, explicou.
“E tem o igualitarismo, onde a ideia é que homens e mulheres não são distintos em nada e podem desempenhar as mesmas funções. Eu não sou adepta desta linha, pois acredito que há posições que é para o homem ocupar”, continuou.
Culturas diferentes
Segundo a pastora, na liderança um deve cooperar com o outro. Enquanto há um pastor tomando decisões, pode haver uma conselheira guiando o caminho. “Como Deus criou o homem como cabeça, há lugares na igreja que o homem deve ocupar”, disse ao equilibrar o lado mais firme dos homens com a sensibilidade e emoção das mulheres.
Porém, Helena lembrou de algumas mulheres que ela conhece, que são solteiras e foram para o campo missionário onde não havia homens para abrir uma igreja: “Elas fundaram a igreja e estão mantendo a igreja”.
A pastora também lembra que muitos apontam para a Bíblia como sendo machista ao apontar para o texto de 1 Timóteo 11.11-12, onde diz que a mulher “deve aprender em silêncio com toda sujeição” e que “não deve ensinar e nem ter autoridade sobre o homem”.
Sobre essa questão, a pastora lembra que naquele tempo e naquela cultura era até mesmo proibido à mulher aprender. Logo, o fato de Paulo incluir as mulheres no aprendizado já era um privilégio. O problema é ler o texto sem considerar o contexto.
‘A culpa não é da religião, é da filosofia’
Ao mencionar que as mulheres no Antigo Testamento eram grandes protagonistas, citando Ester como exemplo, Helena questiona: “O que aconteceu entre o Velho e o Novo Testamento que as mulheres foram encarceradas?”.
Ela lembra que no Novo Testamento as mulheres não podiam mais falar em público, não eram testemunhas confiáveis, não podiam se dirigir a outros homens que não fosse o marido e nem podiam mostrar o cabelo.
“O que aconteceu durante os 400 anos de silêncio? Foi a filosofia! Os filósofos gregos encerraram a mulher num cativeiro, Sócrates, Aristóteles e os demais pensavam na mulher como sendo um ser humano de segunda categoria”, explicou.
“As meninas gregas não podiam frequentar a escola e não tinham uma educação formal. Elas só aprendiam sobre como cuidar da casa e fazer sexo. As frases de Platão e Aristóteles são alarmantes”, continuou.
Mencionando também os costumes romanos machistas, Helena chegou à conclusão que os judeus assimilaram as culturas ao redor e passaram a tratar suas mulheres da mesma forma.
Ela concluiu dizendo: “Não foi a religião que encerrou as mulheres neste lugar, foi a filosofia”.
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