“Nossa oração vai além do ‘pão de cada dia’, oramos pela fé”, diz pastor perseguido

A situação para os cristãos que vivem em Burkina Faso não tem sido fácil. O país africano que já foi anexado pela França teve que recuperar sua independência da potência colonial europeia.

O nome da nação, adotado em 1984,  significa “terra das pessoas honestas”. Mas, nem todos podem ser chamados assim. Atualmente, Burkina Faso tem sido um dos lugares mais perigosos do mundo para quem quer seguir a Cristo.

Missionários do Global Christian Relief foram se encontrar com alguns burquinenses que têm enfrentado perseguição extrema nas mãos de jihadistas da região Norte do país.  

Cenário político de Burkina Faso

A organização lembra que, em janeiro, um golpe militar derrubou o presidente de Burkina Faso e a militância islâmica ganhou terreno.

O país está em convulsão e os cristãos muitas vezes são pegos no fogo cruzado sem segurança ou proteção contra grupos extremistas.   

“Nos últimos dois anos, os jihadistas aumentaram suas forças e a intensidade de seus ataques violentos, queimando igrejas, sequestrando mulheres e crianças cristãs, invadindo aldeias e atacando pastores”, explicam os missionários. 

“Muitos crentes perderam suas casas e pertences por causa da violência. “Apesar de deslocados, esses cristãos não perderam a esperança”, disseram ao explicar que mal conseguem sobreviver, mas que lutam por um abrigo, alimento para suas famílias, roupas e remédios. 

‘Eles perderam quase tudo’  

O pastor Aaron (nome fictício por razões de segurança) é um parceiro local e serve à igreja há décadas, conforme a organização explica.

“Ele viu a igreja em tempos de paz e testemunhou o impacto mais recente de ataques extremistas que destruíram a comunidade cristã, tirando suas liberdades e dispersando seu povo”, disseram os missionários.

“Nos sentamos juntos para um café à beira da estrada e conversamos sobre os desafios atuais para os cristãos que tiveram que correr para salvar suas vidas e deixar tudo para trás”, continuam. 

“A vida é muito difícil para os cristãos porque quando eles fugiram, eles não puderam levar nada, apenas as roupas do corpo e, no máximo, uma pequena bolsa. Todo o resto foi perdido, pertences, alimentos, animais”, detalhou o pastor.

Insegurança para a Igreja no país

Aaron conta que os cristãos deslocados só podem contar com a ajuda de Deus e com as orações da Igreja ao redor do mundo. 

Apesar de declarar que é um Estado laico, conforme a Constituição de 2012, Burkina Faso foi tomada por terroristas e a lei pouco importa para eles. “O que querem realmente é controlar o país e estabelecer sua interpretação do islã”, revelou o pastor.  

“Muitas igrejas enfrentam intimidação contínua, sabendo que correm o risco de serem atacadas ou fechadas. Enquanto isso, os crentes são forçados a se perguntar se devem deixar suas casas para buscar segurança em outro lugar para suas famílias”, continuou. 

‘A perseguição chegou repentinamente’

“Muitos de nossos familiares perseguidos estão sobrevivendo dia a dia com o que Deus provê por meio da igreja. E o pastor Aaron sempre ora pedindo além do pão de cada dia. Ele pede pela fé”, compartilhou um dos cristãos perseguidos. 

O pastor explica que ninguém imaginava que a perseguição chegaria tão repentinamente: “Mas ela chegou aqui. Agora só Deus é a nossa segurança. Devemos manter nossa fé em Deus para sobreviver. Estejam prontos para quando a perseguição chegar, pode ser rápido como aconteceu aqui. Preparem-se e sejam fortes”, disse. 

Segundo a organização, para continuar a enfrentar tantos problemas, os cristãos precisam permanecer firmes na fé. “Pedimos orações a todos os crentes pelos nossos irmãos em Burkina Faso, para que não enfraqueçam”.

“Não há nada mais importante do que a fé, pois quando se tem fé em Jesus Cristo, encontramos solução para tudo o que estamos vivendo. Orem para que eles permaneçam firmes”, concluiu.