O casamento é uma saga

O casamento é uma saga

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:28

Se perguntarmos a um platéia o porquê as pessoas se casam, certamente um rapaz ou uma garota, via de regra solteiros, erguerão os braços ansiosos por responder, e dirão que as pessoas se casam porque se amam.

Não acho que estão errados, mas não penso que este seja o própósito do casamento. Agora, à beira de um casamento, tenho buscado um casamento com um porquê, para que tenha uma direção. Acabei encontrando 3 tipos de casais muito comuns, com três razões de ser diferentes que descreverei brevemente. O último é aquele que creio melhor se encaixar na visão bíblica.

1) O casamento é fuga, ou aquele em que 1+1=-2.

Este casal é aquele que se une para atender as próprias necessidades pessoais. Normalmente, o homem quer poder fazer sexo sem ninguém pra encher o saco e sem enrolação, e normalmente a mulher que viver livre da "fantasmagórica floresta selvagem das mulheres solteiras" em que o ambiente é hostil e violento.

Em ambos os casos, os dois querem sair de um ambiente hostil e de tensão para um idealizado "relaxamento" no matrimônio. Acontece que, neste casamento, ambos querem satisfazer as próprias necessidades, mas o lençol é curta pra tanta frieza de coração, e aí um consome o outro, e em breve os dois estarão esgotados.

Outra característica deste casal é que, se antes eles tinham envolvimento com amigos e eram engajados na igreja e em um ministério, após o casamento nunca mais ninguém ouve falar deles.

2) O casamento é um conto de fadas, ou aquele em que 1+1=0

Este é um típico casal de hollywood, cujos Adam Sandlers e Hugh Grants se casam com as Drew Barrymore e René Zellwegger. Da mesma forma que o primeiro, ambos querem fugir de um estado de tensão para viver um estado de relaxamento. Diferente do primeiro, este não quer, necessariamente, satisfazer as próprias necessidades, mas colocam como o propósito do casamento "viver um romance". É a história do herói que luta contra o dragão, resgata a princesa e, juntos, vivem felizes para sempre.

Por favor, embora ache que os românticos (o do movimento literário e os de hoje) são mais egocêntricos que verdadeiramente apaixonados, não sou contra o romance de um casal! Claro que não! Aliás, o romane faz parte das delícias do casamento, e não do propósito último, e sobre as delícias prefiro falar depois da Lua de Mel com mais propriedade...

O problema deste casal de conto de fadas é que, primeiro, estão buscando a "felicidade eterna" na fonte errada, isto é, no romance e não em Cristo. E segundo, exatamente porque estão trilhando o caminho errado, os dragões nunca deixarão de existir, e o casal estará sempre em guerra com o mundo para proteger o "seu romance", a sua família, ou então, ficarão "para sempre" encastelados, vivendo a realidade do Adam Sandler e do Shrek em um sofá.

Este casal vive para si mesmo, seus relacionamentos com os outros devem satisfazer a família, e por isso são, tal qual ou pior que o outro, nulos na sociedade e na igreja. Se antes possuíam um grupo de amigos, agora somente ficarão com os amigos que afirmem a "felicidade eterna". Daí que são a dor de cabeça dos pastores, pois esta família se envolve na igreja por interesses, e não pensando em servir.

Esta ideia de família é tão contemporânea que certamente alguns dos leitores torceram o nariz com a crítica. Mas este ideal, embora parece bom por fortalecer a família, ele enfraque, por outro lado, a igreja de Cristo.

Ambos os casais buscam no casamento uma espécie de relaxamento, além de atender às próprias expectativas. Por trás das flores, dos rostos felizes e da música romântica está o coração em pecado e egoísta, além do dedo do inimigo buscando tirar jogadores do Reino de campo.

3) O casamento é uma saga, ou quando 1+1=1, 2 + as estrelas do céu.

Diferente do conto de fadas, a saga é a narrativa de um mito sobre um herói que luta pela libertação de um povo, sempre havendo renúncia e muitas vezes martírio. Olhando para Gênesis 2, quando Deus forma o homem, e a mulher, e a família, chego a conclusão que o casamento é uma saga.

Em Gn2, aprendemos que o homem foi criado com 1 propósito, cuidar do Jardim, e em Cristo Jesus, com uma missão, restaurar o Jardim. Ele se une à mulher não porque precisa de sexo, nem porque está tristinho precisando de doce em sua vida, ele se une à mulher porque não dá conta sozinho e cuidar do jardim, ele precisa de uma auxiliadora. Assim entendo também a missão da mulher, que não é a missão do lar, não é a missão de mãe, é a Missão de restaurar o jardim, que junto com o marido e a família, estará completa para realizá-la.

A vida é uma jornada traçada por Cristo Jesus, que é a nossa missão, e no meio deste caminho encontramos a parte que faltava, e ambos passam a trilhá-la juntos, quando se tornam uma só carne.

Desta forma, o casal não busca relaxamento, buscam serviço. No primeiro casal, ambos olham para os próprios umbigos. No segundo casal, olham-se um ao outro. No terceiro casal, admiram-se um ao outro como a si mesmos (o romance), observam em volta e miram em frente. Daí é o próprio Deus quem rega o amor deste casal.

É por isso que o casal é 1 em missão, 2 em identidade, 3 em espiritualidade, ligados a Cristo, e um trilhão de estrelas no céu em frutos para a Glória de Deus.

- Ó Pai celeste, livra-me de buscar os meus desejos no casamento, livra-me de gastar toda a minha energia em pequenezas do casamento e desviar das coisas do alto e leva-nos, Esposa e Marido, ao caminho que o Senhor traçou para nós, através de serviço, renúncia e humildade, mas coroado de Glória.

por André Felipe Noronha

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