O pastor como Profeta, Sacerdote e Rei

O pastor como Profeta, Sacerdote e Rei

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:22

É manhã de segunda-feira (ou terça, se o seu pastor tem folga na segunda), e seu pastor está tentando decidir por onde começar. Há sermões para escrever, reuniões de comitês para planejar, visitas para fazer, e coisas que sobraram da lista de tarefas da semana passada que ele nunca conseguiu fazer. Ele pode já sentir-se sobrecarregado, e a semana mal começou.

Por onde ele deve começar? O que deveria estar fazendo? A maioria das igrejas presbiterianas ortodoxas não tem uma descrição de trabalho escrita para seu pastor. Nós esperamos que eles saibam o que fazer. Mas junto com a falta de uma descrição clara do que fazer vem o problema de nossas expectativas — escritas ou não, mas tão firmes como se gravadas na rocha — acerca  do que nosso pastor deveria fazer. Os pastores enfrentam os mesmos problemas: quais deveriam ser suas prioridades?

Neste artigo, eu quero sugerir que o trabalho do pastor pode ser melhor definido ao alinharmos este com a descrição do que faz Cristo como nosso mediador. O Breve Catecismo nos lembra que Cristo, como nosso mediador, executa os ofícios de profeta, sacerdote e rei (BC 23). Uma vez que os pastores são representantes de Cristo, servindo como subpastores do rebanho, é útil pensar em seu chamado em termos das mesmas três categorias. Descobri que não consigo ser um pastor fiel se não estiver ativamente envolvido em todas as três áreas.

O pastor como profeta

É provavelmente em seu papel como profeta que o pastor é mais valorizado e recebe maior reconhecimento no nosso meio. O chamado do profeta é o de falar a Palavra de Deus, assim como os profetas do Antigo Testamento falavam a Palavra de Deus para o seu povo. Paulo instruiu Timóteo acerca de o pastor pregar a Palavra (2 Tm 4.2). Esta tarefa profética é tão central ao trabalho do pastor que muitas denominações se referem a seu pastor como “ministro da palavra e dos sacramentos.”

A aparentemente simples tarefa de pregar requer enorme esforço para ser feita apropriadamente. Bons sermões não são preparados apenas em algumas poucas horas, mas são desenvolvidos em muitas horas de sério estudo e oração. Os sermões que você ouve de pastores fiéis não são o resultado apenas do estudo daquela semana, mas de anos de estudo. O pastor como profeta deve ser um estudioso: da Palavra, da cultura e dos tempos em que ministra, de teologia, e tanto da literatura clássica quanto moderna. Isto requer tempo, extensivo tempo, sozinho.

Os sermões que você ouve de pastores fiéis não são o resultado apenas do estudo daquela semana, mas de anos de estudo.

Além disso, a obra profética do pastor envolve a administração dos sacramentos. Nós corretamente entendemos que os sacramentos são parte do ministério da Palavra. Como parte de sua função, o pastor deveria gastar tempo com as famílias antes dos batismos para se assegurar que eles entenderam corretamente o significado do sacramento. Ele também precisa preparar-se para o culto de adoração, a fim de poder explicar aos presentes (muitas vezes membros da família que não são salvos) o evangelho e os sacramentos de maneira simples e clara.

O trabalho profético do pastor pode consumir muito tempo; há muito para ser feito. Alguns pastores sequer conseguem fazer muita coisa além disto. Mas este é apenas um terço do caminho do que Deus quer que os pastores façam.

O pastor como sacerdote

Assim como Jesus foi chamado não somente para ser profeta, mas também sacerdote, assim também os pastores têm tarefas sacedortais às quais se dedicar. Na antiga tradição inglesa, quando um pastor era enviado a uma paróquia, ele recebia uma “cura” (isto é, uma responsabilidade) para cuidar das almas daquela área. A cada pastor são confiadas almas pelo Senhor e é responsabilidade dele se assegurar de que elas sejam cuidadas. Isto é parte de seu papel sacerdotal.

Como sacerdote, o pastor é chamado por Deus a amar seu povo. O maior exemplo de pastor é visto em João 10, quando Jesus é descrito como o Bom Pastor. Há um amor e uma intimidade entre pastor e suas ovelhas. Ele conhece suas ovelhas e as chama pelo nome. As ovelhas respondem ao chamado de seu pastor e o seguem. O amor do pastor é exemplificado de maneira suprema pela sua disposição de dar a vida pelas suas ovelhas. Este é o tipo de amor que deve ser a fundação do ministério do pastor para sua congregação.

A cada pastor são confiadas almas pelo Senhor e é responsabilidade dele se assegurar de que elas sejam cuidadas.

É seu amor pelo rebanho que compele o pastor a cumprir o papel sacerdotal para sua congregação. Assim como os sacerdotes do Antigo Testamento levavam os nomes das tribos de Israel em suas vestes e compareciam perante o Senhor em prol do seu povo, assim o pastor dos dias modernos tem a responsabilidade de orar pelo povo que o Senhor lhe confiou. O pastor deve orar regular e sistematicamente pela sua “cura”. Além disto, o pastor como sacerdote deve gastar tempo com seu rebanho. Visitas e outras formas de gastar tempo com a congregação são essenciais para um pastor ser capaz de fazer seu trabalho efetivamente. Estas visitas e tempo gasto com o povo de Deus não apenas ajudam os membros da igreja, mas também ajudam o pastor a conhecer as necessidades de seu povo.

O papel sacerdotal de um pastor é muito importante. Muitos de vocês se lembram de algum pastor piedoso que verdadeiramente o pastoreou em tempo de necessidade. Através dele, você experimenta o amor e a graça de Cristo. Este tipo de ministério é vital para a obra do pastor. Mas ainda há mais.

O Pastor como Rei

O último ofício de Cristo que direciona o pastor em suas funções é o ofício de rei. Ao conversar com outras pessoas (inclusive pastores), percebo que eles geralmente gostam da analogia do pastor como profeta e sacerdote, mas se tornam visivelmente incomodados com a ideia do pastor funcionando como rei. Mas há ensinos claros no Novo Testamento acerca do papel real do pastor. Títulos para pastores como “supervisor” e “líder,”são usados para descrevê-lo.

As funções de rei do pastor envolvem diversas áreas de trabalho. Primeiramente, o pastor tem responsabilidades de liderança. Muitos pastores tremem ao ouvir isso, pois sentem que lhes faltam dons para liderança. Alguns membros da congregação podem até pensar (erroneamente) que liderança é algo não-Presbiteriano. Na maioria das situações, é o pastor que tem o tempo e a percepção para prover liderança para o conselho, a fim de ajudar os presbíteros a concordarem em direções e objetivos que eles crêem que Deus tem para seguirem. Isto requer tempo — extensivo tempo sozinho — para pensar, analisar, e orar. Por geralmente não ser algo urgente, isto requer a disciplina para separar tempo no meio de tudo mais que tem de ser feito.

Mas o papel de rei do pastor não apenas olha para o futuro (liderança), mas também se foca no presente (gerenciamento ou administração). Ao contrário do que muitos pensam, administração não é algo mal; ao contrário, é parte vital do ministério bíblico. “Administrar” é um antigo verbo inglês que se referia a todas as tarefas que contribuíam para ministrar. Preparar boletins, supervisionar a equipe e os voluntários, participar do comitê orçamentário; estas são funções espirituais do ministro que devem ser feitas para manter a obra de Cristo avançando. O ministério da igreja sofrerá grandemente se os papéis de rei e tempo ministerial dedicados a ele não forem levados a sério .

Há outras obrigações e serviços nas quais cada pastor deve estar envolvido. Eu listei apenas as categorias principais. Você percebe como pode ser exasperador o começo de uma semana de trabalho? Você entende como, quando um pastor enfrenta todas estas responsabilidade, ele pode ser tentado a se focar no papel ou papéis em que ele se sente particularmente dotado e confortável em detrimento dos outros? Não há pastor extremamente capaz em todas as três áreas. A maioria dos pastores tem seu ponto forte em uma ou talvez duas das três áreas. Mas se o pastor se focar apenas em uma ou duas destas, seu ministério sofrerá.

Quando pensamos nos ofícios de Cristo, reconhecemos que os três são distintos, mas nenhum ofício pode ser entendido à parte dos outros dois. Por exemplo, não podemos entender propriamente o ofício real de Cristo à parte de sua obra como profeta e sacerdote. Os ofícios de Cristo se intercalam e preenchem um ao outro.

De maneira semelhante, os papéis do pastor nunca podem ser divorciados um do outro. Um ministério efetivo requer que o pastor bíblico dedique tempo e atenção às três áreas. Eu não posso pregar bem se não conheço minha congregação e suas necessidades. Fora desse contexto, meus sermões se tornam palestras teológicas. Se os ministérios de minha igreja (rei) forem prosperar e ser efetivos, será porque estão atados ao ministério da palavra (profeta) e às necessidades de meu povo (sacerdote). De outro modo, a obra da igreja fica desconjuntada e desconectada das necessidades das pessoas. Quando os ofícios profético, sacerdotal e real trabalham juntos, o ministério é balanceado e bíblico.

O trabalho que o pastor faz geralmente lhe é satisfatório, e creio que a maioria de nossos ministros não consideraria fazer nada além de servirem com pastores. Mas o trabalho também pode ser exasperante. Nunca há uma semana em que a lista de afazeres do pastor seja completa. Ore por ele e encoraje seu pastor enquanto ele serve como o profeta, sacerdote e rei de sua igreja.     Por Jeffery A. Landis Via Iprodigo

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