Ode a um Deus Maneta?

Ode a um Deus Maneta?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:03
 

Ode a um Deus Maneta? Resposta à brabeza do Paulo Brabo

Alguém tinha que ripostar o Paulo Brabo em seu poste na Bacia sobre esquerdista.  Por enxerimento  me incumbi da tarefa.
 
Aqueles que se aborreceram já com o embate direita versus esquerda: pulem este poste. Infelizmente o assunto está sempre vindo à baila, difícil evitar.
 
Leiam para entender meus comentários aqui o poste de Paulo Brabo: A direita de Deus- e sua possível esquerda: http://www.baciadasalmas.com/2014/a-direita-de-deus-e-sua-possivel-esquerda/
 
O artigo de Brabo mais me parece, e aqui plageio um seguidor do twitter, a descrição da ideologia de um Deus maneta, que só tem a mão esquerda.
 
A definição de Brabo não podia ser mais errada: “De direita é quem de alguma forma sustenta que a desigualdade social é coisa necessária ou inevitável; de esquerda é quem sustenta que não.”
 
O coração das ideologias de governo e políticas econômicas que se chama de direita não é a desigualdade social, mas a liberdade.  A base geradora da economia e da sociedade americana por exemplo até hoje (infelizmente as coisas estão mudando por aqui) é a liberdade individual. Ao governo cabe guardar esta liberdade, cabe facilitar para que cada cidadão tenha o máximo de oportunidades,  gerada com a mínima interferência possível,  para estabelecer seu próprio estilo de vida, de construir seu próprio status econômico.
 
Logicamente, liberdade implica em desigualdade. Portanto desigualdades são inevitáveis. Constatar esta realidade não é fatalismo pessimista, mas uma aquiescência racional à condição humana.  Até o próprio Deus se limita ao lidar com esta condição. A não ser que você presuma uma teologia universalista onde todos se salvam independente de sua opção por Deus ou não, tem que admitir que até o  destino eterno é determinado por nossas escolhas, ou no caso dos calvinismo, uma aceitação da escolha de Deus. Se decidimos pelo mal Deus não interfere. Somos livres no reino de Deus até para escolher o mal. Aí a direita  “intercepta” sim a cosmovisão bíblica. Liberdade é essencial. Ser humano se define pela liberdade que tem. Pobres, ricos, gordos magros. Se somos gente, temos que ser livres para escolher nosso destino.  Daí o nome “liberalismo”. Direita é liberalismo, esquerda é “controlismo”. Porque? Porque não há como igualar, nivelar, achatar,  sem controlar…
 
Por isto Hayek chama a ideologia socialista de arrogância fatal. Ele tem que necessariamente elevar alguns poucos seres humanos, e aí note-se o “alguns poucos”,  à condição de deuses, onde eles passam a ter poder sobre o certo e o  errado, poder de determinar o que você pode ter ou ser e o que não pode. Bastiat, antes de Hayek, num ensaio de 1950 disse que os franceses socialistas brincavam de Deus, ao tentar  forçar conformidade social com a ajuda de um estado tirano, e com isto ele antecipou a história de todos os déspotas de esquerda que surgiram no mundo em nome da “justiça social”.  Bastiat percebeu a incoerência da morte da liberdade em nome de igualdade social, através de um controle excessivo da população pelo governo. Igualdade nunca é o resultado, mas tirania, a riqueza de uns poucos e a miséria de todos.
 
Ao contrário do que diz Brabo, cristãos de direita não se sentem “justificados” em seu enriquecimento, mas sim compelidos a compaixão e a generosidade. Qual é o país mais generoso do mundo? Que mais investe em causas humanitárias, que mais investe em missões, e intervém em catástrofes? As estatísticas mostram que pessoas por terem mais liberdade, mais oportunidades de gerar riquezas se tornam mais generosas e não o contrário. Não se pode ser generoso com o que não se tem. Só posso dar o que possuo. Se não possuo nada, tudo é do estado como vou ajudar meu próximo? A propriedade privada é o começo da possibilidade de se agir de forma generosa. Só posso dar o que é meu.
 
Debaixo de uma mentalidade socialista a responsabilidade pelo pobre é sempre do outro, do governo, ou do muito rico. Nunca do próprio pobre, e nunca minha.  A maior caridade que muitos esquerdistas praticam é ficar gritando contra os ricos. Com isto acham que estão praticando o bem. Terrível engano moral. Gritar a favor do pobre não te torna mais santo. Se você der ao pobre, trabalhar para empoderá-lo torna-lo parceiro seu na construção de uma vida melhor, aí sim você estará vivendo virtuosamente.  Cadê o seu trabalho? O pobre como conceito abstrato é muito “cool” muito chic.  Vai sujar sua camisa e feder seu corpo trabalhando com o pobre verdadeiro de carne e osso, assim estarás cumprindo a lei de Deus.
 
Brabo diz que desancar as instituições em nome da justiça é o verdadeiro trabalho cristão. Acho que ele não leu nem o Velho nem o Novo Testamento. Criou uma bíblia própria de um Deus Fidel e um Jesus Guevara.  O que uma leitura bíblica imparcial nos demonstra é que não pode haver justiça  na terra sem instituições. As instituições essenciais à sociedade são comandadas por Deus para refletir os valores divinos, para refletir o amor. O próprio Jesus diz que não veio para destruir a lei mas para cumpri-la. Ao cumpri-la ele não a desautorizou, mas a humanizou, a tornou amor.
 
Mas de que instituições estamos falando? A primeira e essencial: família. Uma das biografias de Mao Tse Tung, que começa com a frase: Mao matou 76 milhões de pessoas na China. O autor conta que a idéia da política de um filho na China que perdurou por muitas décadas e que também foi a causa direta de um gender-cídio de meninas, que pode ter exterminado mais de 100 milhões de meninas, nao foi de Mao mas de sua mulher. Ela tinha entendimento do que era necessário para estabelecer uma total tirania do estado: enfraquecer a família. Ela disse a Mao, famílias grandes são uma ameaça ao controle do estado sobre o indivíduo, temos que reduzi-las!
 
Brabo navegando na onda atual de achincalhamento à família, e ao conservadorismo como o grande defensor deste mal terrível, a família tradicional, diz que o cristianismo para se tornar um reversor da ordem injusta tem que ser posicionar contra as instituições.  É aí que Brabo uma espécie de Ana Paula Valadão da intelectualidade evangélica  navegando na onda da “musicalidade” intelectual fácil, ao invés de procurar melodias mais complexas.
 
Pense um pouco:
 
Existem sociedades sem instituições? Não. A única maneira que temos de coletivizar qualquer coisa, valores, idéias, religião, comportamento é criar estruturas sociais. Estas estruturas organizadas em papel ou não,  são necessárias, não há como se  existir em sociedade sem uma estrutura qualquer.  A família foi a primeira estrutura coletiva criada e foi criada diretamente por Deus, se é que nossa epistemologia permita que a Bíblia nos “dite” a verdade.
 
A família não ameaça liberdades individuais ou ajuda aos  ”idiotas” que a defendem a ignorar os desfavorecidos. A família é na verdade a última defesa do desfavorecido.  É impossível se reverter injustiças sem  instituições fortes. Jesus sabia disto. Em seu ministério ele afirmou o casamento, portanto a família, a igreja, e o governo, apesar de constantemente denunciar o coração humano.
 
Na distopia que muitos socialistas defendem a única instituição necessária é o governo. Este sim defendido a unhas e dentes. Bom, tem mais mas já está longo demais este poste. Vamos nos falando por aqui. 
 
Braulia Ribeiro

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