Onde estavam os cristãos no Holocausto? Diretor de arte faz relação entre Igreja e judeus

“Guardado em Silêncio” é o terceiro espetáculo da CIA Alvo de Teatro, que assina a direção.

Fonte: GuiameAtualizado: sexta-feira, 5 de março de 2021 às 13:19
Fabiano Moreira, diretor da CIA Alvo de Teatro e presidente da ACRIART (Associação Cristã de Artistas). (Foto: Reprodução / YouTube)
Fabiano Moreira, diretor da CIA Alvo de Teatro e presidente da ACRIART (Associação Cristã de Artistas). (Foto: Reprodução / YouTube)

Com pesquisas baseadas em filmes e livros que tratam do tema Holocausto, “Guardado em Silêncio” é o terceiro espetáculo da CIA Alvo de Teatro, dirigida por Fabiano Moreira. Para falar sobre a peça, que estreou em 2018 e agora está sendo exibida online devido à pandemia, o diretor participou de uma live do Guiame.

Presidente da ACRIART (Associação Cristã de Artistas), Fabiano contou sobre a proposta do espetáculo, que parte do questionamento “Onde estavam os cristãos no Holocausto?”

“Guardado em Silêncio” aborda o papel da igreja no massacre dos judeus com reflexões segundo a ótica cristã. De acordo com Fabiano, que também dirige o espetáculo, a peça foi inspirada na carta aos Romanos.

“Nossa inquietude nos levou a desenvolver um espetáculo a partir da leitura de Romanos”, explica Fabiano, contando como aconteceu a inspiração para “Guardado em Silêncio”.

“Alguns textos saltaram aos nossos olhos, como o versículo 2 do capítulo 12 de Romanos que fala sobre não nos conformarmos com o mundo, mas transformar pela renovação da mente”, explica.

Diante dessa questão, colocada pelo apóstolo Paulo, o grupo começou a refletir sobre as atrocidades que existem no mundo, diz Fabiano: “Como um soldado, que matou tanta gente, poderia renovar seu entendimento?”

Reflexões

Segundo o diretor, o espetáculo começou a ser desenvolvido a partir de um bate-papo com a equipe de dramaturgia. A peça traz um alemão, pós-Holocausto, preso dentro de sua casa e de sua própria culpa, precisando de uma renovação da mente.

“Ele começa a dialogar com a sua memória e com a sua imaginação em busca da libertação dessa culpa que o estava assolando. A sua memória diz o que foi, e a sua imaginação, como teria sido”, explica.

Uma das grandes críticas do espetáculo diz respeito ao silêncio dos cristãos durante o Holocausto. A inquietude diante da questão trouxe o nascimento da Igreja Confessante, pelas mãos do pastor Dietrich Bonhoeffer, que se tornou membro da resistência alemã anti-nazista por não concordar com o que estava acontecendo.

“Fomos por aí, e não pelos que estavam coniventes”, conta Fabiano, apontando tanto católicos quanto protestantes que “lavaram as mãos” diante daqueles fatos.

O diretor diz que acredita que esse silêncio da igreja foi provocado pelo medo e por questões relacionadas ao ambiente político e decadência econômica do pós-guerra. “Dentro desse contexto de medo e pressão, tivemos muitos que se calaram nessa história”, diz.

Ele conta que, além dos judeus, alemães contrários ao regime de Hitler foram presos e alguns mortos, incluindo o Pr. Bonhoeffer. Para tentar manter a igreja viva, ele criou cultos subterrâneos.

Veja a live completa:

 

Os interessados em conhecer o trabalho da Associação Cristã de Artistas pode acessar o site www.acriart.org.br, onde constam todas as atividades do grupo, incluindo cursos.

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