Ele chefiou a prisão de Juan Carlos Abadia - um dos maiores traficantes dos últimos anos - e foi nomeado pelo ex-prefeito Beto Richa, o secretário antidrogas de Curitiba. Além de Delegado da Polícia Federal, Fernando Francischini também ministra palestras para jovens e pais sobre o perigo que as drogas trazem para a sociedade e como pode-se evitar os estragos que elas causam.
Presença confirmada na ExpoCristo, o delegado falou em entrevista exclusiva ao Guia-me sobre a sua participação neste evento, que hoje se caracteriza a maior feira de artigos cristãos da região sul do Brasil e também abordou assuntos como as ações executadas no estado contra as drogas - inclusive o crack - e o que a prisão de Abadia significou para a luta contra o narcotráfico.
Confira abaixo, a entrevista na íntegra:
Guia-me: Você vai marcar a sua participação na ExpoCristo Curitiba 2010 com palestras sobre os males que o vício em drogas pode trazer. A razão disso seria pelo fato de as drogas assolarem atualmente também os lares cristãos ou esse tema precisa ser debatido por todos?
Fernando Francischini: Pelas duas razões. Infelizmente estamos vendo que as drogas estão disseminadas em toda a sociedade. A vizinhança e principalmente a escola já não são locais seguros, livre de influências indesejáveis. Por isso é preciso que pais, lideranças, professores, cristãos ou não, estejam cada vez mais atentos, porque temos visto adolescentes de boas famílias, sem maus exemplos na família, caírem nas garras das drogas.
Guia-me: A ExpoCristo reúne igrejas de diversas denominações e possibilita que os visitantes assistam a palestras não somente de temas como os abordados por você, mas também temas relacionados a espiritualidade e outros assuntos. Em sua opinião, qual o impacto social que isso pode gerar na cidade?
Fernando Francischini: Num mundo cada vez mais materialista como o nosso, toda e qualquer manifestação espiritual é um bálsamo. E quando falamos da ExpoCristo, os bons reflexos sempre são imensos e importantíssimos.
Guia-me: Por que, mesmo com tantas campanhas, palestras e exemplos destes males causados pelas drogas - até mesmo mostrados na mídia - as pessoas (principalmente jovens e adolescentes) ainda se viciam?
Fernando Francischini: Justamente pelo materialismo e consumismo do mundo atual. Todos os dias, vemos jovens de menor poder aquisitivo roubando, se prostituindo e, às vezes, até matando para conseguir dinheiro para comprar um tênis ou uma roupa de marca. O consumismo escraviza crianças e jovens.
Guia-me: Dizem que o crack é o vício mais difícil de ser tratado - chegando a ser tido até como impossível na opinião de muitos. Qual é o processo mais eficiente para reintegrar socialmente um viciado que chegou a esse estágio (vício em crack)?
Fernando Francischini: Primeiro, temos de lhe dar a oportunidade de recuperação da dependência. De fato, o crack é uma droga que vicia de imediato. É preciso fortalecer e aumentar o número de casas terapêuticas para tratar esses dependentes e dar-lhes novas oportunidades na vida, como capacitação profissional e oportunidades de emprego.
Guia-me: Em agosto de 2007, você e sua equipe comandaram a prisão do grande narcotraficante Juan Carlos Abadia. Você acredita que o caminho para o desmanche do narcotráfico seja desbancar primeiramente esses grandes nomes do crime ou existem outras estratégias que podem ser seguidas?
Fernando Francischini: É claro que precisamos desbaratar os grandes cartéis e quadrilhas de narcotraficantes. Não podemos lhes dar sossego. No entanto, o mais eficiente é atuar na ponta mais fraca, de que vínhamos falando: na prevenção ao uso de drogas e na recuperação de quem já sucumbiu e precisa de nosso apoio para trilhar novos caminhos.
Guia-me: Em 2010, o combate às drogas começou a ter a contribuição de comunidades terapêuticas também. Essa parceria já gerou resultados? Caso a resposta seja positiva, quais são os principais a serem citados?
Fernando Francischini: Existem comunidades terapêuticas há muito tempo e elas vêm obtendo bons resultados na recuperação de jovens dependentes químicos. Acontece que o número de vagas é muito pequeno diante da calamidade que se tornou a dependência química. É justamente este o caminho que começamos a traçar na Secretaria Municipal Antidrogas da prefeitura de Curitiba. Em dois anos de atuação, montamos uma grande estrutura para prevenir o uso de drogas, com uma série de programas que retiram crianças e adolescentes das ruas especialmente nos horários em que seriam presas fáceis dos traficantes. E deixamos R$ 1 milhão no orçamento para ser usado na recuperação dos que já são dependentes. Estamos ajudando as comunidades terapêuticas a se adequarem às normas do Ministério da Saúde, para que possam aumentar as vagas e receber recursos públicos para tratar dos dependentes. Só em 2010 teremos capacidade para manter 100 novas vagas por mês. Neste mesmo programa, trabalhamos em parcerias para oferecer cursos de capacitação para que os jovens tenham uma nova oportunidade na vida.
Por João Neto - www.guiame.com.br
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