Pastora fala sobre desafios do ensino bíblico para surdos: "Não há Bíblia clara em Libras"

Núbia Águila ressalta a importância de se investir em uma melhor interpretação das Escrituras para os surdos.

Fonte: Guiame, com informações da LagoinhaAtualizado: terça-feira, 14 de novembro de 2017 às 18:26
A forma de se comunicar desse público é diferente de quem não tem problema com audição. (Foto: Lagoinha).
A forma de se comunicar desse público é diferente de quem não tem problema com audição. (Foto: Lagoinha).

Segundos dados do IBGE, menos de 1% dos surdos brasileiros são cristãos. O número alarmante indica uma deficiência na evangelização e discipulado para com este grupo. A Língua brasileira de sinais (Libras) foi oficializada como a segunda língua do Brasil, em 2002. Mesmo assim, falta muito para se alinhar sobre os direitos educacionais dos surdos.

E nas igrejas? Será que as congregações estão equipadas para atender esse público? O ensino da Bíblia tem alcançado as pessoas com deficiência auditiva? Um dos ministérios que se preocupa com isso é o Ephatá. Criado em 1992 pela Igreja Batista da Lagoinha, o grupo visa conduzir os surdos ao conhecimento do Evangelho.

Núbia Águila é pastora e líder do Ministério Ephatá. Ela explica que ainda hoje, há barreiras enormes a serem quebradas para o cumprimento desse objetivo. A principal delas é a tradução da Bíblia. “Não existe uma Bíblia em Libras clara, que os surdos consigam entender exatamente o que o texto está dizendo”, declara.

Núbia ressalta uma fragilidade na interpretação em vigência, da Bíblia. Ela disse que os intérpretes que fizeram a tradução não conseguiram desenvolver um material capaz de atingir uma gama maior do público com deficiência auditiva. “Se eu fizer a interpretação na estrutura do português o entendimento não será completo para os surdos”, explicou.

A pastora esclarece que a forma de se comunicar desse público é diferente de quem não tem problema com audição. Por este motivo, muitas palavras em português não são conhecidas pelo grupo. Ela ainda reitera que não se pode apenas traduzir um texto, mas antes é preciso interpretá-lo conforme a maneira que os surdos se comunicam. “Conforme a maneira de enxergar o mundo que eles têm”, coloca.

Apesar do cenário desfavorável, existem mobilizações para mudar essa situação. De acordo com Núbia, há um grupo de pessoas que tem se levantado nas igrejas com a missão de publicar uma Bíblia em Libras com mais qualidade. Apesar disso, este plano ainda não saiu do papel.

“Há um grupo religioso [de fé diferente da fé cristã] que já fez a interpretação da Bíblia em Libras mais adequada; está na frente. Então, essa é uma demanda urgente”, destaca. A pastora ainda pontua que é bem difícil o acesso à Bíblia em Libras. “Existe Bíblia [em Libras] em outros estados ou se pode adquirir o DVD”, finalizou.

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