Theodore Dalrymple é um dos meus escritores favoritos. Ele é um médico britânico aposentado que trabalhou bastante nos hospitais e prisões do interior. Nessa posição, ele viu e ouviu muitas coisas desagradáveis ao longo dos anos. Em um de seus trabalhos ele fala sobre como costumava acreditar que as pessoas eram basicamente boas (Dalrymple não é um cristão). Ele esteve em países aonde ditadores governaram e pessoas foram massacradas, mas pensava que o mal generalizado seria culpa dos ditadores, e sem eles, não existiria. Gradualmente ele mudou de ideia, depois de ouvir inúmeras histórias de coisas horríveis que seus pacientes haviam experimentado e feito. Talvez a característica mais alarmante desse corriqueiro, mas endêmico mal, aquele muito perto da concepção de pecado original, é que é espontâneo e não forçado. Ninguém exige que as pessoas o cometam.
Dalrymple diz que em uma ditadura você pode entender que as pessoas façam coisas más para se protegerem. Mas em um país livre como a Grã Bretanha, ninguém te obriga a ser mau. De fato, muitas vezes você será punido se fizer o mal. E ainda assim, frequentemente, as pessoas escolhem fazer o que é mau. Nunca mais ele escreve, serei tentado a acreditar na bondade fundamental do homem, ou que a maldade é algo excepcional ou estranho à natureza humana (Our Culture, Whats Left of It, 7-8).
O pecado está em todo coração humano. É o vilão de mil faces. É o homem que engravida uma mulher e foge para outra cidade. É também o respeitável homem de família que deprecia sua mulher e ignora seus filhos. É a mulher mesquinha que fala mal de todo mundo, mas é também a doce senhorita que nunca diz uma palavra indelicada, mas guarda todo tipo de ressentimento e amargura. É aquele rapaz que maldiz seus pais e ataca todos que tentam ajudar. É também a criança que sempre tira notas boas, dorme cedo, sorri para todos na igreja, mas é um enorme pacote de orgulho e auto-justiça.
Pecado é luxúria, cobiça, assassinato. Mas pecado é também impaciência, a teimosia, a necessidade de controlar tudo e todos. Pecado é se odiar porque, em seu orgulho, quer ser o mais bonito, o mais inteligente e o mais atlético. Pecado é ficar revoltado com todas as pessoas que julgam no mundo que você gosta de julgar. Pecado é a autossuficiência que sentimos em nossa intelectualidade esnobe para com aqueles que não são tão iluminados como nós somos, e em nossa estética esnobe para com aqueles que não apreciam as coisas finas que nós apreciamos.
Pecado é pregar e servir e ser um bom cristão porque os outros irão notar e pensar bem de nós. Pecado é falar mais sobre as falhas das outras pessoas do que orar por elas. Pecado é recusar-se a dar um centímetro de misericórdia para aqueles que nos magoam, mesmo quando nos foram dados quilômetros de misericórdia em Jesus. Pecado é amar as pessoas para que elas gostem de você também e ajudar as pessoas para ser aplaudido por eles. Pecado é a preguiça que chamamos de déficit de atenção, o temor ao homem que chamamos de ansiedade e o ignorar a Deus que chamamos de ocupação e falta de tempo.
Nós precisamos desesperadamente da palavra pecado em nosso vocabulário. Quando um famoso político ou atleta peca, a mea culpa é sempre na linguagem do me desculpem por ter desapontado tantas pessoas. Ou eu me arrependo do meu erro de julgamento. Ou, Eu admito que tem sido uma luta árdua para mim e eu estou buscando ajuda. Raramente se diz Eu pequei, me desculpem, por favor, me perdoem. Mesmo como cristãos nós buscamos maneiras de evitar a palavra pecado.
Nós vamos falar sobre nossas imperfeições, nossas falhas, nossas inadequações, nossas disfunções, nossas fraquezas, nossas inseguranças, nossos traumas de crescimento. Mas como se não chamamos o pecado de pecado?
Deus tratou como pecador aquele que não tinha pecado para que, por meio dele, pudéssemos ser justos diante de Deus
A Bíblia diz que o pecado é o problema no mundo. Nós somos rebeldes, traidores e desleais com nosso Rei. Nós somos criaturas ingratas que debocham do Criador. Somos tolos amantes que vão atrás de pessoas e coisas que não satisfazem.
Nós temos corações poluídos que gostam do que é mau e não gostam do que é bom, corações corrompidos que buscam glória para si mesmos em vez de Deus. O pecado é a causa do pecado em todos nós.
Exceto por Cristo, é claro. Deus tratou como pecador aquele que não tinha pecado para que, por meio dele, pudéssemos ser justos diante de Deus. O pecado pode ter mil faces, mas a salvação tem apenas uma. Por Kevin DeYoung Via Iprodigo
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