Pensar positivo é suficiente para ser alegre?

Pensar positivo é suficiente para ser alegre?

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

Por Adriana Amorim - www.guiame.com.br

Alegria, contentamento, felicidade. Para você, estas palavras são sinônimos? Para Paulo Henrique O. Costa, autor de "Alegria - Restaurando o entusiasmo para viver", elas não são. No livro, Costa evidencia as características que diferenciam estes vocábulos e outros que expressam prazer, felicidade e alegria.

Costa aponta como as pessoas têm buscado a felicidade, segundo ele, procurando-a em um estado de paz, tratando-a como um sentimento a ser aflorado, como o resultado de conquistas pessoais e atitudes positivas do "eu interior", ou mesmo afastando pensamentos negativos. O que, na opinião dele, não é a melhor forma para se viver.

De maneira original, o propósito do livro não é dar dicas de autoajuda. Nas palavras do autor: "É realmente levar o leitor a viver com alegria, buscando-a diretamente da fonte [...] Então, uma palavra-chave aqui é entusiasmo, sinônimo de alegria, que na sua forma original (em grego) significa a experiência transcendente de encher-se da presença divina. Assim, acredito que a receita para esta verdadeira Alegria é encontrar o entusiasmo para viver!"

Confira a entrevista do Guia-me com o autor e descubra se você está feliz hoje ou vive a vida com alegria.

Guia-me: Como o senhor decidiu escrever sobre alegria?

Paulo Henrique Oliveira Costa: Existe muita confusão entre prazer, felicidade e alegria. Entretanto, uma investigação mais apurada, levando em consideração diversos aspectos (neurológicos, fisiológicos e etimológicos), verificará que expressam estados e sentimentos tecnicamente diferentes. Sendo que a única coisa em comum entre eles é que, quem já os experimentou alguma vez, sempre desejará tornar a vivê-los novamente. Recentemente deparei-me com esta realidade numa leitura de Surprised by Joy ("Surpreendido pela Alegria", de 1955) de C. S. Lewis. Foi aí que me apaixonei desesperadamente pelo tema!

Guia-me: Por que é importante compreender a definição da palavra alegria?

Paulo Henrique: Em decorrência da crescente correria do cotidiano, deixamos de concretizar e vivenciar as nossas próprias alegrias e nos contentamos com alguns poucos momentos de felicidade, que são transitórios e passageiros. O ambiente onde estamos inseridos para obtenção da subsistência individual e familiar não nos favorece a pensarmos seriamente em alguns assuntos que dizem respeito somente a nós mesmos. Por exemplo: compreender melhor os nossos medos, lidar com as frustrações da vida, entender as coisas que não podem ser mudadas e vivenciar com todo o potencial a nossa espiritualidade. Por outro lado, acredito que nem sempre todas estas respostas estão dentro de nós, à espera de serem autoevidenciadas. Existe sim uma sabedoria muito maior e infinita a espera de ser descoberta e internalizada. Vejo que, de uma forma ou de outra, as pessoas estão à procura de espiritualidade e de respostas para as suas diversas situações de vida. Acredito na alegria como uma oportunidade de restaurar o entusiasmo para viver!

Guia-me: O senhor destaca 12 vocábulos aparentemente semelhantes para o conceito de felicidade. Qual o objetivo do livro ao defini-los e evidenciar que não são sinônimos?

Paulo Henrique: Na primeira parte do livro, iniciamos a nossa argumentação pela definição de algumas palavras que estão no cotidiano de todas as pessoas, representando três grupos de sentimentos: Prazer (Bem-estar, Contentamento, Gozo e Satisfação), Felicidade (Prosperidade, Realização e Ventura) e Alegria (Júbilo e  Regozijo). Cada grupo está relacionado com uma área distinta do ser humano: fisiológica, psíquica e espiritual. Assim, como em uma brincadeira, no desenrolar da leitura vamos descobrindo os argumentos que justificam esta classificação. Por exemplo, vamos observar que Contentamento (no inglês: gladness) tem a ver com o estilo viking de aproveitar a vida, nos prazeres das comidas e bebidas. Vamos descobrir também que Felicidade e Prosperidade em diversas línguas e culturas (como a latina, a japonesa, a germânica e a nossa) sempre foram associadas à idéia de riqueza e fartura material. O objetivo disso é levar o leitor - seja ele ateu, agnóstico ou cristão - a considerar que existe um lado humano e espiritual que necessita também realizar-se plenamente, em Deus, para que a alegria aconteça!

Guia-me: É possível estar alegre e não ser feliz? É possível ser feliz e não estar alegre?

Paulo Henrique: Tecnicamente, sim! Principalmente se partirmos do princípio de que são sentimentos de origens distintas, e que gravitam em torno do ser humano nas diferentes áreas fisiológica (Prazer), psíquica (Felicidade) e espiritual (Alegria). Interessante notar que a medicina, a partir de 1978, tem detectado a necessidade da busca pelo indivíduo como um todo, incluindo condição física, nutrição, situação emocional, estado espiritual, valores de estilo de vida e ambiente. Entretanto, esta dimensão espiritual, como uma centelha divina no ser humano, permaneceu totalmente obscura para Freud (1856-1939), vindo a ser posteriormente considerada graças a Adler (1870–1937), Jung (1875–1961) e Frankl (1905-1997).

Guia-me: O propósito do livro é levar o leitor à compreensão do que é felicidade ou a viver com alegria?

Paulo Henrique: Acredito que felicidade seja um tema bastante explorado pelos livros de autoajuda. Tem a ver com sucesso, prosperidade e realização pessoal. Para isso as receitas são (mais ou menos) evidentes! O propósito do livro é realmente levar o leitor a viver com alegria, buscando-a diretamente da fonte. Para isto, na segunda metade do livro (a partir do capítulo 5), vamos tratar de aspectos estritamente espirituais para compreendermos a alegria de Deus. Então, uma palavra-chave aqui é entusiasmo, sinônimo de alegria, que na sua forma original (em grego) significa a experiência transcendente de encher-se da presença divina. Assim, acredito que a receita para esta verdadeira Alegria é encontrar o entusiasmo para viver!

Guia-me: O senhor aponta várias formas pelas quais as pessoas vêm buscando a felicidade, como procurando por um estado de paz; vendo-a como um sentimento que precisa de estímulo para aflorar; como resultado de conquista, de atitudes positivas, do “eu interior”, afastando pensamentos negativos etc. Quais são as consequências que esse tipo de pensamento pode levar?

Paulo Henrique: Na verdade as pessoas não se dão conta de que este vazio existencial tem causas mais profundas, e acabam procurando a resposta no lugar errado. Não pode ser solucionado apenas com prazer, sexo e drogas, ou com felicidade, muito dinheiro e status social. Alegria é uma reivindicação do espírito humano pelo Espírito Criador. Você não encontra alegria apenas se sair desesperadamente em busca dela. O caminho para encontrá-la está na disposição de atrairmos a presença de Deus para nós.

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