Pr. Joel Engel: “O nosso evangelho está doente”

Pr. Joel Engel: “O nosso evangelho está doente”

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:05
Pr. Joel Engel: “O nosso evangelho está doente”A ascensão da teologia da prosperidade e a distorção dos valores antes respeitados na Igreja Primitiva. Estes são alguns dos fatores que têm preocupado o Pr. Joel Engel ultimamente. Segundo ele, muitos líderes da atualidade têm se preocupado muito em “receber ofertas” e se esquecido da importância “dar ofertas”. 
 
Em entrevista exclusiva, o presidente da UPECS ( União dos Pastores Evangélicos de Cachoeira do Sul ), falou a respeito  das consequências que esta distorção de valores pode trazer à Igreja e também sobre algumas de suas experiências com o ato de ofertar.
 
Confira a entrevista na íntegra, logo abaixo:
 
Portal Guiame: A associação entre pastores e o "enriquecimento através do dízimo" é cada vez mais presente na mídia e na opinião popular. Em sua opinião, quais as consequencias principais que isso pode gerar sobre a Igreja evangélica, de forma geral?
 
Pr. Joel Engel: Ultimamente temos visto muitos escândalos com pastores, envolvendo dinheiro e alguns pastores são vistos como milionários. Isso traz uma ideia de que todos os pastores são iguais. Muitas pessoas generalizam de tal forma que o povo começa a associar todos os pastores ao dinheiro. Com isso, o evangelho sofre, pois muitos não entrarão em uma igreja evangélica. A igreja evangélica perde, pois não poderá atingir ateus ou incrédulos. Pastores sérios e honestos sofrem: Quando sai um escândalo destes com algum pastor, nas cidades menores, vemos nos meios de comunicação, pessoas dizendo: são todos iguais. As crianças evangélicas sofrerão críticas nas escolas. Com essa fama, será cada vez mais difícil ganhar almas para Cristo. Milhões de almas estão prontas e querendo se salvar, mas isso é um impedimento. É PRECISO ESCOLHER: QUEREMOS GANHAR MILHÕES DE ALMAS OU GANHAR OS MILHÕES DAS ALMAS?
 
Guiame: Ultimamente o senhor tem compartilhado algo que Deus tem lhe falado a respeito da importância de, não somente a Igreja ofertar, mas os pastores (muitos deles já bem sucedidos em seus ministérios) também terem esta atitude. Quais consequências podem ser destacadas sobre os líderes que não atentam para este fato?
 
Joel Engel: O pastor deveria ser o primeiro a Ofertar. No Antigo Testamento, O SUMO SACERDOTE era o primeiro a entrar na presença de DEUS com sua Oferta e, depois o povo. Na Igreja primitiva os Apóstolos foram os primeiros a ofertar tudo para OBRA de Deus.  Se o povo vê os sómente pedindo mas nunca vê seus  lideres ofertando isso vai causando uma revolta e desânimo, murmurações, etc. Hoje o povo está cada vez mais Bereano, ou seja: Estudando a palavra. O povo de DEUS está percebendo este erro dos líderes e, com isso, está crescendo o número de pessoas  se revoltando  e fazendo criticas especialmente nas redes sociais.
 
Guiame: Quais seriam as causas desta atual displicência / desleixo de líderes (pastores) em relação à importância deles também ofertarem 
(seja para missões transcultrais, urbanas ou simplesmente pelo fato de que Deus tenha tocado os seus corações)?
 
Joel Engel: Creio que fomos “mal” ensinadados... entrou no Brasil o evangelho do Mamom, ou seja: Grandes lideres só ensinam á ganhar, ganhar. Milhares se tornam pastores para “ganhar” e não para “dar”. Nosso evangelho está doente... a igreja está doente...  Precisamos ser curados disso.  Ensinamentos errados, como a teologia da prosperidade faz com que as pessoas só pensem em “ser abençoadas”. Ter a recompensa na Terra se tornou mais importante que esperar a recompensa no céu. Por exemplo: “Ter um carrão é ser muito abençoado, mas ofertar para missões, não”. É Lamentável, mas o evangelho ensinado por JESUS está sendo substituido pelo evangelho de Mamom o qual faz as pessoas amarem mais o dinheiro e bens do que as almas. O amor ao material é maior do que o amor a DEUS. O amor esfriou, o egoísmo aumentou. Isso atingiu os líderes e, consequentemente o povo. É por isso que há tão pouco trabalho de evangélicos junto aos pobres. O amor ao dinheiro e o ensino errado sobre prosperidade afastou o foco de missões e o TER passou a simbolizar sinônimo de benção.
 
Guiame: A Bíblia fala que Deus ama a quem dá com alegria. Sabe-se que o Senhor tem experimentado esta promessa frequentemente em sua vida. Você consegue se lembrar do momento em que você conseguiu entender claramente esta passagem bíblica?
 
Joel Engel: Quando me converti, estava falido e com minha esposa enferma e desenganada pelos médicos. Jesus curou minha esposa e, por gratidão, decidi frequentar a Igreja pelo resto da vida. Depois pedi um “empréstimo” a DEUS para pagar minhas dívidas. Em 90 dias ELE me deu muito dinheiro, paguei tudo comprei muitos carros, comprei mais uma empresa, etc.  Porém não amei o dinheiro que ELE me deu, mas me 
apaixonei por JESUS: o Dono de tudo. Fiquei  admirado pelo cuidado que JESUS tem para conosco. Depois fui batizado pelo Espirito Santo e arrebatado. Esta experiência mudou minha vida, meu rumo e meus ideais. Decidi ir para favela onde abri a 1ª igreja. Ali eu ofertei todos os meus bens e sai da favela só com a roupa do corpo – a qual estava usando, quando fui pregar em outra cidade (Faxinal do Soturno). DAR E RECEBER: Este é o sistema de DEUS. Quanto mais eu ofertava, mais DEUS me dava de volta. Esta tem sido minha experiência. Escrevi um livro baseado no entendimento que tive a esse respeito.
 
Guiame: Em sua opinião, quando o ato de ofertar deixa de ser sincero e passa a ser "utilitarista"? Pode-se caracterizar isso ou não?
 
Joel Engel: Hoje há um ensinamento errôneo que o povo aprendeu e pratica: É O “DAR” PARA GANHAR CEM VEZES MAIS. É o plantar. Tudo bem que esta é uma lei que funciona tanto que o agricultor vive disso. Porém é egoísta. Isso transforma a Igreja em um negócio, uma empresa... O Ofertar, desde os tempos de Abraão era uma Adoração. Uma demonstração  de AMOR a DEUS. Pessoas como Abraão e Davi entendiam o OFERTAR COM ALEGRIA um ATO DE DEVOÇÃO Á DEUS. É completamente diferente de “dar um para ganhar cem”. Jesus elogia o Bom Samaritano por ter um gesto de amor incondicional enquanto os fariseus agiam como religiosos, esquecendo o amor ao próximo e a caridade. Hoje vejo a igreja assim, como os fariseus. Sabem muito bem as leis de DEUS, especialmente as que lhes beneficiam, mas esqueceram o Amor ao próximo e a caridade. O resultado é que somos uma igreja que não ajuda os pobres e não investe em missões.
 
Por João Neto - WWW.GUIAME.COM.BR 

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