Pra cima, Brasil!

Queria que nossos jogadores fossem além das dancinhas e companhia e usassem um pouco da imensa atenção de mídia que têm para se lembrar do que e de como vive o país.

Fonte: GuiameAtualizado: sexta-feira, 13 de junho de 2014 às 14:32
Pra cima, Brasil!
Pra cima, Brasil!

Pra cima, Brasil!Eu vou torcer pelo Brasil. Não consigo torcer contra a seleção do meu país; e, sendo sincero, não tentei. Gritar gol, dar uma de técnico, acabar com as unhas e virar as costas pra não ver a cobrança de um pênalti (sim, eu fico nervoso!) não me impedem de continuar protestando contra a exploração sexual infantil na Copa do Mundo ou contra a lambança nas contas – que somaram R$ 23 bilhões do nosso dinheiro. A causa que defendo não tem nada a ver com a minha torcida. Ou melhor... Até tem.

Tem porque eu não consigo separar da torcida pela amarelinha o desejo de que a seleção faça aumentar ainda mais o patriotismo que andava tão esquecido antes do chacoalhão das manifestações de junho de 2013. Não quero a derrota do Brasil, a vergonha de nosso time, a eliminação na primeira fase. Não. Eu queria ver uma outra Copa. Queria ver nossa rapaziada driblando, inovando e ganhando. E queria que fossem além...

Após o gol que fez contra a Sérvia, Fred disse algo inesperado. Dedicou-o a todos os brasileiros que queriam ir aos jogos, mas não tinham como pagar. E, em outra entrevista, falou que ganhar a Copa seria “um prêmio para todos que têm lutado por um país melhor”. E eu, que gosto de bola desde menino, ouvi suas palavras e imaginei que podia se levantar um Dr.Sócrates nesse time. E desejei isso menos pela visão de jogo que ele tinha e mais por sua visão de país.

Queria que nossos jogadores fossem além das dancinhas e companhia e usassem um pouco da imensa atenção de mídia que têm para se lembrar do que e de como vive o país. Dos nossos protestos, dos nossos sofrimentos. E que falassem em alta voz, que pedissem por mudança e que cobrassem governantes. Que se lembrassem daqueles para os quais o futebol é a única metáfora feliz numa vida em que a realidade é a miséria. E que representassem a esses num tempo de carência de representação.

Sim, eu vou torcer pelo Brasil. A raiz dessa torcida é a mesma que a de meus protestos. E o fruto que espero desses muitos que também pensam assim tem de ser um país melhor. Talvez seja pedir muito, eu sei... Mas, como dizia Quintana: “se as coisas são intangíveis, ora, não é motivo para não querê-las. Que tristes os caminhos não fora a presença distante das estrelas”.

Pra cima, Brasil

#vaiterCopa

Por Carlos Alberto Bezerra Jr.

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