Em suas redes sociais, a pastora Daniela Linhares, da Igreja Batista Getsêmani, em Belo Horizonte (MG), se mostrou indignada por ter recebido uma intimação da Assembleia Legislativa do Estado por se posicionar contra o uso de ‘linguagem neutra’ nas escolas.
O projeto de lei que tenta obrigar o uso de certas palavras que “nunca existiram na Língua Portuguesa” — como ‘todes’ por exemplo — é uma iniciativa de ministros e representantes da nova gestão presidencial.
Por ir contra o projeto de lei, a pastora disse que agora está sendo perseguida. “Alguns estão usando a máquina pública para destilar ódio, machismo e preconceito religioso. Como cidadã, fui participar de uma audiência pública para defender uma melhor qualidade de ensino nas escolas”, explicou.
Em entrevista exclusiva ao Guiame, a filha do pastor Jorge Linhares contou que a audiência foi realizada para a aprovação de 3 projetos: ensino obrigatório de pronome neutro nas escolas de MG, escola sem partido e homeschooling (ensino domiciliar).
Uso de ‘pronome neutro’ nas escolas
De acordo com a pastora, o que mais a preocupou foi a aprovação do “ensino obrigatório de pronome neutro nas escolas”.
“O Colégio Batista Getsêmani se manifestou, vários pais e mães de outros movimentos também se manifestaram”, disse ao explicar que havia vários deputados e políticos presentes, deixando pais, pastores e educadores muito agitados.
“Estávamos lá para nos manifestar porque é uma pauta muito sensível. A sessão acabou e eles não conseguiram a aprovação”, contou.
De acordo com Daniela, uma das autoridades presentes se sentiu “agredida” com as manifestações e fez uma reclamação formal: “Ela está me acusando de xingamentos que não foram feitos por mim e nós temos imagens provando isso”.
“Foi perseguição religiosa, pois havia lá diretores de escolas, vários líderes de movimentos, mães de direita e eu fui a única pessoa a receber uma intimação, onde fica bem frisado que eu sou pastora”, disse.
Daniela Linhares. (Foto: Arquivo Pessoal)
“Estão tentando me calar, mas não vão conseguir”
Daniela deixa claro que seu empenho em participar da audiência pública se refere à luta por uma melhor qualidade de ensino nas escolas.
“Eu me recuso a acreditar que esse meu desejo de uma educação melhor seja motivo para uma intimação como essa”, disse ao destacar que escola é lugar de ensinar matemática, geografia, ciência, entre outras matérias.
Ela especificou que não quer, por exemplo, que as escolas sejam obrigadas a ensinar sobre o cristianismo, mas também não quer que sejam obrigadas a ensinar qualquer outra coisa que não esteja relacionada ao currículo escolar atual.
“Estão tentando me calar, me intimidar para não lutar por uma educação de qualidade, mas não vão conseguir”, garantiu.
‘Isso pode afetar as igrejas’
A pastora explicou que se a lei que obriga o uso de pronome neutro nas escolas for aprovada, isso poderá afetar as igrejas também.
“Sei que ‘disseram’ que não precisamos nos preocupar com isso e que não haverá perseguição às igrejas, mas não podemos confiar”, advertiu.
“Quem nos garante que teremos liberdade de ensinar a Bíblia nas escolas dominicais e cursos de teologia? Quem garante que eles não vão se levantar contra os professores, principalmente na hora de ensinar sobre Gênesis, que fala da Criação?”, questionou.
Daniela desconfia que, em breve, não será seguro ensinar sobre os dois sexos biológicos, homem e mulher: “A gente se preocupa com isso, por isso é uma luta de todos, não só da Igreja”, disse ao incluir pais, educadores, jovens e adolescentes conservadores.
Para Daniela “são essas pequenas leis que, ao serem aprovadas” vão tomando o espaço da Igreja na sociedade. “Que essa barbaridade com a Língua Portuguesa não aconteça”, concluiu.
Pastor Jorge Linhares em frente ao Ministério Público de Minas Gerais. (Foto: Reprodução/Vídeo/SBT)
Guerra de valores
Vale lembrar que seu pai, o pastor Jorge Linhares, foi intimado, em agosto de 2021, por dizer que “Deus criou homem e mulher”. Na ocasião, o pastor compartilhou um vídeo que afirmava o seguinte: “Deus não errou ao criar meninos e meninas”.
O pastor foi investigado por “crime de ódio” e depois foi inocentado após comprovações de que ele realmente não tinha a intenção de ofender ninguém. “Vivemos uma guerra de valores, onde está em jogo a desconstrução da família”, ele disse na época.
Houve várias manifestações em favor do pastor. O arqueólogo Rodrigo Silva fez uma reflexão sobre o ocorrido: “Dias piores virão em que o mundo estará cada vez mais dividido e politizado. Não se esqueçam, a famosa guerra da luz contra as trevas reverbera todos os dias na história humana. De que lado você estará?”.
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições