Radicalidade ou Radicalismo?

Radicalidade ou Radicalismo?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:08

dúvidaUm ex-contrabandista de armas para a Chechênia , que conheci no Quirguistão - agora um cristão convicto e dedicado, missionário batista numa outra ex-república da antiga União soviética, onde testemunha aos seus antigos companheiros do Islã - me contou, num café da manhã em que quase não quis comer nada , que “existem cerca de uns 72 tipos de islamismos dentro do Islamismo”. Na Turquia, por exemplo, tomei conhecimento do sincretismo mulçumano. Presenciei, na rua mesmo, no entorno da Mesquita Azul, um ritual sufi - música explendorosa, com direito ao rodopio e transe de um dervixe turco. Isso sem falar no nazar boncuk, um amuleto contra o olho grande e inveja ( ! ) , quase onipresente, desde o aeroporto de Instambul até as milhares de lojas do Grand Bazar. Uma corrente superticiosa, cheia de fetiches que me lembraram muito o catolicismo popular do Padre Cícero.

E é claro que na ponta mais extremada está o pensamento fanático mais beligerante, capaz de morrer e matar em nome de Deus ( Allah ). Nada que os antigos Cruzados ditos cristãos não tenham feito, é claro. Amigos albaneses me narraram algo assustador : o ex-ditador iugoslavo Slobodan Milosevic, chamado de Carniceiro dos Bálcãs, dava ordens ao genocídio ético em nome…de Deus. A religião islâmica é grande e complexa. Ponto. E nós? Não temos setenta e duas denominações - temos uma 720, só no Brasil… contanto por baixo.
 
O ódio que tenho visto e ouvido na mídia por parte dos “evangélicos midiáticos” me dá náuseas. Se esse é o Deus que pregamos, que incita o ódio, o uso de toda e qualquer situação com fins eleitoreiros , ou seja, um projeto político do tipo ” poder a qualquer custo e preço ” , e que, se preciso for, usa e profana o nome de Deus - no que diferimos dos outros religiosos capazes de atos terroristas? A maior defesa não é o ataque , é o amor. O amor vence tudo. O único remédio contra o amor ao Poder é o poder do amor. Palavras de Jesus, de Paulo. Vividas e exemplificadas nas vidas de gente como Wesley, Bonhoeffer, Madre Teresa, Martin Luther King, alguns dos muitos “homens/mulheres de Deus, seguidores de Jesus de Nazaré, dos quais o mundo não foi digno ( Hebreus 11 ).
 
Jesus , por exemplo, não concordou de modo algum com a prostituição ( exploração degradante do corpo ) ou a corrupção dos publicanos ( excesso injusto de tributos, perpetuador da pobreza ). Mas deixou-se abraçar pela “pecadora” aos seus pés, chamou um “fiscal de rendas” de rendas para seguí-lo, jantou com outro . Será que eu seria capaz de atitudes assim? No entando, não vejo Cristo tendo a mesma atitude com os religiosos do maior radicalismo de então, os Fariseus. Com os tais, tolerância ZERO : ” Raça de víboras ! Sepulcros caiados ! “.
 
Percebem? Por que esses pregadores de vento ao invés de apenas condenar o homossexualismo ( e é óbvio que, do ponto de vista da fé Judaico-cristã, a família é heterossexual, assim como é obvio para o budismo, tomando outra fé religiosa como exemplo, a castidade, a mortificação do desejo ) não condenam também a vergonhosa e pecaminosa exploração da fé - e é igualmente óbvio que os profetas de Israel e Jesus de Nazaré fizeram isso ?
 
Nas minhas andanças pela Ásia de maioria mulçumana desobri que pior que o anticristianismo somente a islãfobia… tomem suas conclusões.
 
Querem mudar o mundo? Imitem a Jesus. Mas o façam na radicalidade do Evangelho, não no radicalismo da religiosidade. Ao invés de MATAR por Jesus, queria ver esses fanfarrões da fé dispondo-se, como meu amigo que agora distribui bíblias em vez de armas soviéticas, a MORRER por Jesus !
 
( Viva Joaquim Barbosa : ontem nos jornais, o presidente do Supremo, filho de um evangélica pentecostal afirmou , contundente : ” Trata-se da democracia. O relator foi eleito por seus pares pelas regras políticas e recebe a crítica pelas mesmas vias democráticas.” Lucidez. )
 
 
- Gerson Borges
via blog
 

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