A religião é como uma fábrica de brinquedos, onde os operários não sabem e não gostam de brincar. Então fala-se da vida, sem saber e sem gostar de vive-la com seus sabores e aromas. Muitas crianças passam a tentar brincar com esses brinquedos feitos por gente que não sabe brincar e a vida começa a perder a graça. É quando crianças se tornam adultos, passam a levar à sério o que deveria ser desfrutado com diversão e se tornam infantis no anonimato, porque no fundo ainda gostam de brincar, apenas estão condicionados a não mostrar suas brincadeiras à vista das pessoas que fazem brinquedos, mas que não sabem brincar.
Esse processo de levar à sério o que é brincadeira os distancia da vida real e os torna indesejados; e o processo de extravasar o desejo de brincar no anonimato, gera uma consciência culpada e a brincadeira vira tara, passa o limite do bom e do agradável e se torna vício na alma.
Até o dia em que meninos e meninas conhecem o Criador dos brinquedos, das brincadeiras e de si mesmos; e o ouvem dizer com olhar alegre e divertido que "O Reino de Deus é das crianças" e que na verdade os adultos que se tornam sérios é que estão errados, que deveriam voltar a ser criança para que possam ver o Reino.
O Evangelho é a boa notícia de que meninos e meninas podem brincar a vida toda, com toda criação, com seus corpos, com suas almas, um com o outro, na presença do Criador dos brinquedos, que gosta de brincar e ensina a brincar de verdade.
- Alexandre Robles