Religiosidade com ou sem remelexo?

Religiosidade com ou sem remelexo?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:05

Investimos tempo, palavras, vestes e dinheiro no verniz das aparências. Este setor gera empregos, movimenta o comércio, alimenta o PIB, fornece enredo para a mídia, oferece enredo para as criações do mundo fashion e constrói ídolos. Adão nem percebeu o que poderia desencadear uma única folha de parreira insuficiente para encobrir seus dotes físicos.

"Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade " (Mateus 23.28).

Quem diria que a religiosidade "humana" seria uma das áreas mais afetadas por esta febre? Aqui, como em todo tipo de atividade, tem gente que sabe explorar as aparências, ao nível máximo. Em torno desta atividade já se gastou somas incríveis. Um inventário meticuloso revelaria quanto tijolo, cimento, pedra, farofa, vestimenta, vela, galinha preta, soldados, espadas e homens bombas foram empregados na construção deste patrimônio.

Precisamos reconhecer que tudo isto gerou mudanças no coração de muita gente. Gostaria, no entanto, de dizer que foi na mesma proporção dos gastos, mas tenho a impressão de que não é bem assim.

Na realidade a fábrica de aparências afetou o setor que mais deveria combatê-la. Jesus se rebelou contra isto, e foi morto por causa das articulações dos religiosos que se enriqueciam às custas deste comércio.

Aqui se acredita o seguinte:

1.Não é o que sai da boca que contamina o homem.

2.Não se preocupe com os mosquitos, mas sim com os camelos.

3.Sacrifício quero e não a misericórdia.

4.O homem foi feito para o sábado e não o sábado para o homem.

5.Ações benevolentes devem ser acompanhadas de toques de trombeta.

6.A mão direita precisa saber o que faz a mão esquerda.

7.O olho que faz tropeçar é que é bom, o outro precisa ser cortado.

8.A língua é fogo enriquecedor.

9.Intrigas são aceitáveis se forem motivadas por boas causas.

10.A aparência e o charme são ferramentas de conquista.

Quem é versado na arte da enganação faz urubú passar por colibrí, tamanduá virar elefante e dá nó em pingo dágua. Quem está à toa na vida, paga pra ver a banda passar, pois é pecado ir na balada, no Credicard Hall, na Mangueira e no Canecão. Sobra pra nós a "Madrugada Gospel". Eu estou tentando descobrir a diferença, você já descobriu? Então fala pra mim, vai!. Bom, ouvi dizer que se colocar o nome de Jesus na letra, o rítimo fica santificado.

O mercado apresenta muitas formas de religiosidade, você escolhe se quer com ou sem saculejo, sapateado, baba, suor e lenço.

Afinal, liturgia é só forma, seja histórica, contemporânea ou futurista. "Me engana que eu gosto!"

Ubirajara Crespo é pastor, escritor, conferencista, editor e diretor da Editora Naós.

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