Sensibilidade para ela e para ele

Sensibilidade para ela e para ele

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:15

À primeira vista, parece uma obra escrita para mulheres, mas O resgate do feminino, de Isabelle Ludovico, também foi feito para os homens. O livro é um convite para se resgatar o princípio feminino, tanto em homens como em mulheres, com o objetivo de nos tornar pessoas mais inteiras, aprofundar nossa relação com Deus e construir um mundo mais fraterno e solidário.

Na entrevista a seguir, Isabelle detalha sua obra, fala de assuntos polêmicos relativos ao tema e explica porque essa é uma leitura para homens e mulheres.

O que é o princípio feminino, apresentado por você no livro?

O princípio feminino é o princípio da relação, do afeto, da intimidade, da intuição. É o lado tradicionalmente associado à mulher. E também à anima do homem, uma parte que a cultura o obrigou a reprimir.

Quais os principais traços do feminino que precisam ser resgatados?

A afetividade, a sensibilidade, a doçura, o discernimento, a compaixão, a simplicidade, a criatividade, a receptividade, a humildade, a hospitalidade. São características que incidem na qualidade dos vínculos.

Pela sua experiência, por que a sensibilidade para os homens é um

assunto difícil de ser tratado e praticado? Há alguma influência da cultura, especialmente a brasileira, para esse comportamento masculino?

Desde pequenos, os homens são criados para serem fortes, durões. O famoso "homem não chora" ilustra bem o que a sociedade espera dos homens. São resquícios de uma cultura machista que não permite que ele mostre a sua fragilidade e afetividade. O homem mais sensível é logo taxado de efeminado.

A mulher tem perdido sua feminilidade e a sensibilidade que lhe são características? Por quê?

Sim, a mulher inibiu sua feminilidade e sensibilidade para competir com o homem, principalmente no mercado de trabalho. Assim, muitas têm se tornado caricaturas do masculino. Estão conquistando muito espaço na vida pública, inclusive na política, mas as relações pessoais ficaram empobrecidas e fragilizadas.

Você enxerga alguma relação entre a perda da sensibilidade, tanto pela mulher como pelo homem, e o crescimento da homossexualidade?

Paul Tournier estima que foi na Renascença que os homens escolheram desenvolver a razão em detrimento do afeto. Com isto, construíram um mundo muito desenvolvido do ponto de vista tecnológico, mas onde as doenças da alma estão progredindo assustadoramente. A homossexualidade é o contraponto do machismo, frutos de relações distorcidas. De alguma forma, o homossexual expressa sua rejeição a um modelo masculino amputado da afetividade, mas também seu desconforto diante de uma mulher masculinizada.

É um grito de alerta para que tanto o homem quanto a mulher busquem integrar em si mesmo razão e emoção, sensação e intuição. Além das diferenças biológicas e de personalidade, temos um modelo comum que é o próprio Cristo - ele pegava crianças no colo, chorou a perda do amigo e deixou uma mulher enxugar-lhe os pés com seus cabelos.

Pode haver alguma resistência da parte dos homens em relação à essa proposta?

Sim. A palavra feminino pode gerar uma reação do tipo: "É um livro para mulher". Mas os homens que vencerem essa barreira inicial perceberão que têm muito a ganhar com essa proposta. Pois homens e mulheres foram amputados de uma parte essencial do seu ser, principalmente considerando que fomos criados à Imagem de Deus, que é amor. A mulher que era Amélia não tinha vida própria e era apenas sombra do marido, tornou-se a supermulher, poderosa, mas estressada com sua dupla jornada de trabalho e frustrada em sua vida amorosa. Ao resgatar o feminino, o homem e a mulher podem construir uma relação de companheirismo, de parceria frutífera, transformando a competição em cooperação e respeito mútuo.

Por: Isabella César

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